Por Jornal Nacional


Declaração de Mourão, candidato a vice de Bolsonaro, causa protestos

Declaração de Mourão, candidato a vice de Bolsonaro, causa protestos

Uma declaração do candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, do PSL, provocou protestos. O general da reserva Hamilton Mourão falou na segunda-feira (6) num evento no Rio Grande do Sul.

“Ainda existe o complexo de vira-lata aqui dentro do nosso país, infelizmente, e nós temos que superar isso. E está aí essa crise política, econômica e psicossocial. Nós temos uma herança cultural, uma herança que tem muita gente que gosta do privilégio. Então essa herança do privilégio é uma herança ibérica, temos uma certa herança da indolência que vem da cultura indígena - eu sou indígena, presidente, meu pai era amazonense. E a malandragem, Edson Rosa, nada contra, mas a malandragem é oriunda do africano. Então esse é o nosso cadinho cultural. Infelizmente gostamos de mártires, líderes populistas e dos macunaímas”, disse Mourão.

Diante da polêmica, o Jornal Nacional, procurou o general Hamilton Mourão. Ele afirmou que foi mal-entendido.

“Ficou uma interpretação um tanto quanto distinta da ideia que quero passar quando eu toco nesse assunto. Eu lembro sempre nós, brasileiros, somos frutos da amálgama de três grupos: o branco europeu, o indígena que já havia aqui na nossa América e mais dos negros que vieram da África na tristeza que foi a escravidão. Ainda existe uma questão de muita gente que gosta de privilégios, aliás, privilégio só não gosta quem não tem. Essa questão da malandragem muitas vezes se fala que determinados habitantes de alguns estados do país são malandros. E a questão do cara que gosta de chegar mais tarde, gosta de chegar atrasado. Então é um cadinho da nossa cultura. Em nenhum momento eu quis estigmatizar qualquer um dos grupos até porque somos um amálgama de raças. Não tenho nenhum traço, vamos dizer assim, de branco europeu para querer para estigmatizar alguém”.

O JN procurou o candidato Jair Bolsonaro e o PSL para comentarem as declarações do general Mourão, mas não teve resposta nem da assessoria de Bolsonaro nem do Partido.

O PRTB, partido de Mourão, não quis se manifestar.

A presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, Carmen Dora de Freitas, disse que a fala de Mourão caracteriza apologia ao racismo e às descriminações.

O Conselho Indigenista Missionário repudiou com veemência as declarações do general e afirmou que elas alimentam o racismo.

A ONG Educafro considerou a fala é ofensiva à comunidade negra e afirmou que está preocupada com a visão equivocada da participação do negro na construção do Brasil.

A organização de direitos humanos Justiça Global disse que as declarações do general Mourão mostram um pensamento colonizador, racista e escravocrata e que comportamentos e falas como estas devem ser denunciados.

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