28/10/2013 08h17 - Atualizado em 28/10/2013 19h29

Mãe de jovem morto em SP diz que ele perguntou por que PM atirou

PM, que foi preso, diz que disparo foi acidental.
Ação da polícia provocou protesto na Zona Norte da capital paulista.

Do G1 São Paulo

O estudante baleado por um policial militar na Vila Medeiros, na Zona Norte de São Paulo, chegou a perguntar qual o motivo de ter sido atingido, segundo relato de Rossana de Souza, mãe da vítima. “Por que o senhor atirou em mim?”, perguntou o adolescente ao policial, de acordo com a mãe. O estudante Douglas Rodrigues, de 17 anos, foi morto na tarde de domingo (27). 

A Polícia Militar afirma que o disparo feito pelo soldado Luciano Pinheiro, de 31 anos, foi acidental. Ele foi preso administrativamente e o caso será investigado. Revoltados com a atuação da polícia, moradores protestaram durante a noite: três ônibus foram queimados e bancos depredados.

De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais averiguavam uma denúncia de "pertubação de sossego" porque o som de um carro tocava funk em um volume muito alto na Rua Bacurizinho, esquina com a Avenida Mendes da Rocha.

O estudante passava com o irmão de 13 anos em frente a um bar quando houve a aproximação dos policiais. Foi nesse momento que o disparo ocorreu. “Nem ele sabe por que tomou um tiro”, disse Rossana de Souza ao Bom Dia São Paulo, nesta segunda-feira (28).

Rua Bacurizinho, local do protesto

Douglas, que foi atingido no peito, foi levado a um hospital da região, mas não resistiu. “Ele deu o tiro dentro do carro. Não falou nada, não teve nem reação”, disse uma testemunha.

Autuado em flagrante
O soldado Pinheiro afirmou que o tiro foi acidental. Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo, quando não há intenção de matar, e permanecia preso na tarde desta segunda-feira, no presídio militar Romão Gomes, na Zona Norte da capital.

Em protesto pelo assassinato, moradores colocaram fogo em ônibus e em lixeiras e agências bancárias foram danificadas. A Tropa de Choque interveio para conter os manifestantes.

Segundo a família, o estudante trabalhava em uma lanchonete. “Ele não tinha preguiça de trabalhar. Ele estudava. Estava no 3º ano”, disse a mãe.

Indenização
O pai do adolescente afirmou que pretende processar o estado e buscar uma indenização pelo ocorrido. Segundo o motorista José Rodrigues, de 44 anos, o filho havia saído de casa a pé, acompanhado do irmão, para procurar um chaveiro. O carro dele, um Gol ano 93 que ainda estava sendo pago, apresentava problemas na maçaneta da porta. "Ele tinha tirado o dia pra cuidar do carro. Lavou, encerou e tava procurando um chaveiro pra arrumar a porta", disse o pai.

O pai contou que o homícidio aconteceu cerca de 20 minutos depois dos filhos deixarem a residência. De acordo com ele, Douglas parou com o irmão por alguns minutos para falar com uns colegas em frente a um bar, onde moradores da região se reuniam para ouvir música e conversar.

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