Por G1


Após meses de discussões, começa a valer nesta sexta-feira (5) a tarifa de 25% sobre diversos produtos da China importados pelos Estados Unidos. O total de bens atingidos por esta medida deve chegar a US$ 50 bilhões. O anúncio faz parte de uma série de políticas impostas pelos EUA aos produtos chineses, seguidas de anúncios de retaliações dos asiáticos, gerando temores de uma "guerra comercial".

A sobretaxa é uma resposta ao que o governo dos Estados Unidos considera um "roubo" de tecnologia norte-americana. Dos US$ 50 bilhões em produtos anunciados inicialmente para serem sobretaxados, a lista dos produtos que começam a sofrer a cobrança nesta sexta soma R$ 34 bilhões, com 818 produtos. Entre eles, estão:

  • Painéis de LED e LCD;
  • Telas sensíveis ao toque;
  • Sismógrafos;
  • Eletrocardiogramas;
  • Microscópios;
  • Satélites;
  • Aeronaves;
  • Helicópteros;
  • Motocicletas;
  • Cabos de fibra óptica;
  • Câmeras de TV;
  • Baterias de lítio.

Essa divisão aconteceu depois que as empresas americanas exigiram isenções para importações consideradas importantes, destaca a agência de notícias France Presse. Uma segunda parte dos bens, avaliada em US$ 16 bilhões, será analisada após um processo de revisão e observação do público, algo que poderia reduzir o volume total.

As taxas miram em produtos chineses que, para o governo de Donald Trump, são comercializados de forma injusta - como veículos de passageiros, transmissores de rádio, peças para aviões e discos rígidos para computadores.

Resposta da China

O presidente da China, Xi Jinping, em foto de 21 de junho de 2018, durante encontro com o primeiro-ministro de Papua Nova Guiné. — Foto: Fred Dufour/Reuters

O governo chinês, em retaliação à medida dos EUA, vai impor também a partir desta sexta tarifas que inicialmente afetarão o equivalente a US$ 30 bilhões em produtos americanos, destaca a agência de notícias France Presse.

Entre outros, veículos e alimentos e produtos agrícolas, como a soja, serão tributados, o que afetará duramente os agricultores americanos. Outros US$ 15 bilhões restantes corresponderiam a uma segunda fase, que incluiria petróleo, gás propano e produtos químicos.

"A China não cederá à ameaças ou à chantagem", disse o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, na quinta-feira (5), ainda de acordo com a France Presse.

"Os Estados Unidos iniciaram esta guerra comercial, não queremos, mas não temos outra opção a não ser lutar", acrescentou Gao Feng.

Ameaça econômica

Economistas alertam há meses sobre os possíveis danos que o protecionismo de Trump pode causar ao comércio e à economia global. No final de maio, o Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um alerta apontando que "todo mundo perde" em uma longa guerra comercial, e pediu que os Estados Unidos trabalhem de forma "construtiva" com seus aliados para resolver seus desacordos, em vez de impor tarifas.

E preocupação entre economistas é que esta política possa aumentar os preços e afetar as cadeias de distribuição internacionais. Entre os empresários dos Estados Unidos, também há temores sobre possíveis prejuízos.

A Câmara de Comércio dos EUA pediu que Trump reconsiderasse as medidas, apontando que as tarifas agora afetam as exportações equivalentes a US$ 75 bilhões e colocam em risco milhares de empregos.

Mesmo diante das preocupações inetrnas e internacionais, o governo dos Estados Unidos não cedeu em sua política externa. Segundo a France Presse, o secretário do Comércio, Wilbur Ross, disse que as advertências são "prematuras e provavelmente muito imprecisas".

Veja abaixo a cronologia da tensão comercial entre EUA e China:

2001: China entra oficialmente na OMC.

2006: Henry Paulson assume a secretária do Tesouro dos EUA com a missão de reduzir o déficit comercial do país com a China.

2007: Departamento de Comércio ameaçam sobretaxas sobre a importação de papel da China.

2012: Durante a campanha presidencial, Obama e Romney discutiram as práticas comerciais da China.

2016: Na eleição, Trump chega a ameaçar elevar para 30% a tarifa sobre todos os produtos chineses.

Dezembro de 2016: Ao fim dos 15 anos para fazer mudanças propostas pela OMC, China não altera nada e continua a ser encarada apenas como economia "semi-aberta" por EUA e UE.

8 de março de 2018: EUA impõem sobretaxas ao aço e alumínio importado de vários países.

22 de março de 2018: EUA anunciam tarifas de US$ 50 bilhões sobre 1,3 mil produtos chineses, alegando violação de propriedade intelectual.

Donald Trump durante assinatura de memorando contra a China — Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

2 de abril de 2018: em resposta a taxação, China impõe tarifas de 25% sobre 128 produtos dos EUA, como soja, carros, aviões, carne e produtos químicos.

5 de abril de 2018: China recorre à OMC contra tarifas dos EUA para o aço e alumínio.

5 de abril de 2018: Trump propõe sobretaxar mais US$ 100 bilhões em produtos chineses.

15 de junho de 2018: EUA começam a sobretaxar parte dos US$ 50 bilhões em produtos chineses. Outra parte é prevista para 6 de julho.

16 de junho de 2018: China faz ameaças de novas tarifas, desta vez sobre o petróleo bruto, gás natural e produtos de energia dos EUA.

19 de junho de 2018: Trump ameaça impor tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em bens chineses, em retaliação. Pequim criticou "chantagem" e alertou que irá retaliar, em um rápido agravamento do conflito comercial.

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