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Economia

Para analistas, medidas chinesas podem beneficiar o Brasil

Com economia fortalecida, país asiático pode comprar mais produtos brasileiros

Porto na China carrega soja: fortalecimento da economia local pode aumentar demanda por matéria-prima
Foto: - / AFP
Porto na China carrega soja: fortalecimento da economia local pode aumentar demanda por matéria-prima Foto: - / AFP

RIO - As medidas anunciadas pela China para mitigar os efeitos da guerra comercial podem beneficiar a economia brasileira, segundo analistas. O principal argumento é que, ao evitar uma desaceleração econômica mais forte, o gigante asiático conseguirá manter a demanda por produtos como a soja, o que beneficia as exportações do Brasil.

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O economista da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda explica que a expectativa já era de que a guerra comercial criasse oportunidades para exportadores brasileiros, que ganhariam competitividade em relação aos americanos — agora sujeitos a mais tarifas. A desaceleração da economia chinesa, no entanto, é o principal risco, que, com o anúncio de hoje, pode ser minimizado.

— Havendo um incremento da economia interna chinesa, isso favorece o Brasil, que é um grande fornecedor de matéria prima. Mas isso não é permanente, porque as condições podem mudar. É uma guerra dinâmica — afirma o economista.

Lacerda acrescenta ainda que a chance de que as medidas sejam bem-sucedidas é grande, considerando o histórico de aplicação dessas ações na China.

— A China já demonstrou muita competência em políticas anticíclicas (que tentam evitar efeitos negativos sobre a economia), como em 2008. Isso ocorre por causa de vários motivos, entre eles o fato de ter controle da economia.

Já Fábio Silveira, sócio-diretor da Macrosector, projeta um efeito sobre os preços da soja, mas destaca que esse impacto será limitado. No entanto, a expectativa ainda é de alguma retração nas cotações.

— É uma política para a economia chinesa, não para o mundo. Mas vai evitar que a queda do preço seja mais acentuado — afirma.