Por Cristina Boeckel, G1 Rio


Comerciantes de várias partes do Rio se reunirão na segunda edição da Feira Nacional do Podrão, que acontecerá no sábado (11) e no domingo (12) no Terreirão do Samba, no Centro do Rio. A entrada custará R$ 5 e um quilo de alimento não perecível. O evento acontece das 12h às 20h e vai reunir grandes nomes da gastronomia popular da cidade.

Por trás das mais diferentes iguarias servidas em grandes porções, há histórias de comerciantes que deram a volta por cima e fizeram de seus negócios enormes sucessos. O G1 conversou com três deles, que contaram como reinventaram iguarias e caíram no gosto popular.

Para participar da Feira do Podrão, a regra é clara: o lanche não pode custar mais de R$ 40. Mais de 30 expositores participarão do evento, que contará com atrações musicais como o Grupo Revelação.

Todos os participantes receberam treinamento da Vigilância Sanitária sobre noções de higiene e manipulação de alimentos e dicas de conservação e armazenamento, além de regras de asseio, higiene pessoal, lavagem, desinfecção e de controle de pragas

Crianças de até cinco anos não pagam ingresso. Menores de idade só podem entrar acompanhados pelos pais.

A Delicoxinha vai oferecer porções variadas da iguaria na Feira Nacional do Podrão, no Rio — Foto: Divulgação/ Delicoxinha

Realeza das coxinhas

Trabalhando com salgados há 25 anos, a empresária Andréa Queiroz ficou famosa pela capacidade de reinventar uma paixão nacional: as coxinhas.

“Meus filhos eram pequenos e comecei a vender para ajudar nas despesas de casa. Para complementar a renda do meu marido”, destacou.

Com a ajuda da filha, Roana, ela ganhou o mundo: dos buffets e festas na região da Tijuca e Cachambi, ela passou a sonhar alto e começou a vender seus produtos em eventos de comida de rua. Assim, nasceu a Delicoxinha.

O sucesso foi tanto que ela ganhou dos consumidores de “rainha das coxinhas” e partiu para um passo mais ousado: promover um festival da iguaria, que virou realidade em fevereiro do ano passado. Em apenas quatro horas foram vendidas dez mil coxinhas.

“Eu sempre trabalhei com salgado mas nunca imaginei que as pessoas fossem tão apaixonadas por coxinhas”, contou Andréa.

Andréa Queiroz, fundadora da Delicoxinha, estará na segunda edição da Feira Nacional do Podrão — Foto: Divulgação/ Delicoxinha

Entre as novidades no cardápio de coxinhas estão a vegetariana, com massa de milho e muçarela, a coxinha com massa de aipim e recheio de carne seca e catupiry, a coxinha com recheio de calabresa e cebola caramelada. Para quem gosta de doces, há a opção recheada com creme de avelã e a Cochurros, a coxinha de churros recheada com doce de leite.

E as coxinhas levaram Andréa a uma estrutura profissional: a ajudaram a comprar o primeiro carro zero quilômetro e a cursar faculdade. Ela estudou Administração de Empresas para cuidar melhor do próprio negócio. Já Roana, que podemos considerar aqui como a princesa das coxinhas, cuida das estratégias de comunicação e marketing.

Na Feira Nacional do Podrão, ela fará ao vivo uma coxinha de um quilo. Para quem ousar comer a delícia em tamanho gigante, Andréa fará questão de confeccionar e pesar a “coxona” na frente do cliente.

Andréa confeccionará uma 'coxona' na frente dos consumidores na Feira Nacional do Podrão — Foto: Divulgação/ Delicoxinha

O Açaí Tumucumaque levará para a Feira Nacional do Podrão as porções servidas em copo de liquidificador — Foto: Divulgação/ Açaí Tumucumaque

Fartura de açaí

Se o Cachambi tem a rainha das coxinhas, Cavalcanti tem o rei do açaí. Em um período de dois anos, Rodrigo Rafael da Silva deixou uma banca de camelô onde vendia doces para fundar uma bem sucedida loja de açaí. Atualmente, mais que um sucesso comercial, o açaí Tumucumaque – a loja tem o nome da rua onde fica o comércio – é um hit da internet. A loja tem mais de 120 mil seguidores somente no Facebook.

“Aqui tem fama de nada dar certo. Eu quis fazer uma coisa boa para o bairro. O pessoal gosta de qualidade, de fartura e preço bom”, destacou Rodrigo.

E bota fartura nisso. Ele começou a oferecer aos clientes porções de açaí de 2 litros. Depois de um tempo, os clientes começaram a reclamar que estavam achando pouco.

Rodrigo não pensou duas vezes: anunciou uma promoção em que faria uma porção de açaí do tamanho de uma caixa d’água de 500 litros. A foto ganhou as redes e foi vista por mais de 15 milhões de pessoas.

Promoção do açaí na caixa d'água fez a fama do estabelecimento crescer — Foto: Divulgação/ Açaí Tumucumaque

Mas a loja só fabricou o açaí do tamanho de uma caixa d’água duas vezes. Nas duas, toda a iguaria foi distribuída para estudantes. “Quem passasse de ano e levasse o boletim na loja ia ganhar açaí grátis”, explicou.

No dia seguinte, ao chegar na loja, Rodrigo encontrou mais de 150 crianças de escolas das redondezas com o boletim na mão e gritando pelo nome dele. “Mas não fiz na caixa d’agua, entreguei no pote”, fez questão de destacar para assegurar a higiene do processo.

Entre as opções que o Açaí Tumucumaque levará para a Feira Nacional do Podrão estão a melancia recheada com açaí e o copo de liquidificador também cheio do produto para o evento. Cada uma custará R$ 35 e contará com recheio de frutas, de uma barra de chocolate, e coberturas de chantilly e leite condensado.

E o Açaí Tumucumaque já pensa em uma maneira de superar o atual sucesso do açaí no copo do liquidificador: é o açaí no balde de champanhe, que tem capacidade para quatro litros do produto. Rodrigo faz questão de assegurar que, mesmo em grandes quantidades, o produto oferecido aos consumidores tem que ter boa qualidade.

“Há dois anos atrás eu era um camelo. Hoje tenho uma loja em que atendo 120 pessoas sentadas e tenho seis funcionários com carteira assinada”, revelou Rodrigo, fazendo questão de dar a dica para quem sonha em ter o próprio negócio.

Fazendo referência à história do Brasil, Rodrigo prevê que o produto que comercializa ainda terá papel preponderante na economia do país.

“O açaí vai passar o café no mundo. É uma questão de tempo para ser tão importante”, opinou.

Rodrigo Rafael da Silva com porção de açaí em balde de champanhe — Foto: Divulgação/ Açaí Tumucumaque

O cachorro-quente do Gaúcho é uma das atrações da segunda edição da Feira Nacional do Podrão — Foto: Divulgação/ Cachorro-quente do Gaúcho

Cachorro-quente profissional

No Méier, é bem raro quem não conheça o cachorro-quente do Gaúcho. O negócio começou instalado em uma Kombi, na Rua Dias da Cruz, há 35 anos. Com parte do lucro obtido com a venda dos sanduíches, João Carlos Pereira Allendorf, o Gaúcho, passou a juntar dinheiro para melhorar as condições do negócio.

Ele instalou um quiosque, para aperfeiçoar o atendimento. Elaine, esposa de Allendorf e com quem ele teve três filhos, trabalhava com ele, mas nunca tinha tomado a frente do negócio.

Em 2015, uma tragédia mudou os rumos do negócio: o Gaúcho foi assassinado na porta de casa. O filho mais novo foi o primeiro a encontrar o corpo.

Desolada, Elaine não sabia o que fazer e chegou a deixar o quiosque fundado pelo marido de lado. Mas uma conversa com a contadora mudou tudo. “Ela a chamou e disse que ela tinha que acordar, porque o negócio estava ruindo. Aí, ela teve que tirar forças para se reerguer”, destacou Eduardo Souza, sobrinho que trabalha com Elaine.

Elaine e João Carlos Pereira Allendorf, o Gaúcho, fundador do famoso cahorro-quente do Méier — Foto: Divulgação/ Cachorro-quente do Gaúcho

Na administração da esposa de Gaúcho, o negócio se profissionalizou. Ganhou atendimento em domicílio e pagamento em cartões. Atualmente, o cahorro-quente do Gaúcho também tem filiais. Além do quiosque original, no Méier, a marca está próxima ao Engenhão e vai abrir outra unidade na Gávea.

O cachorro-quente do Gaúcho contará com a sua versão tradicional e a de 90 centímetros na Feira Nacional do Podrão.

Para quem tem fome moderada, os sanduíches geralmente têm 30 centímetros, recheio de salsicha ou linguiça, tomate, cebola e pimentão picados e comprados no dia – eles não trabalham com embutidos – maionese especial com receita própria, queijo ralado e batata palha pelo preço de R$ 12.

Cachorro-quente de 90 centímetros, que será levado para a Feira Nacional do Podrão, no Rio — Foto: Divulgação/ Cachorro-quente do Gaúcho

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