• Marcelo Moura
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Paulo Palaia, diretor de tecnologia da GOL (Foto: Divulgação)

Paulo Palaia, diretor de tecnologia da GOL (Foto: Divulgação)

Tem algo diferente na sede da Gol Linhas Aéreas, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O prédio 19 ganhou luminárias de loja de decoração e paredes pintadas de preto, escritas com giz, diferentes do ambiente de escritório dos prédios vizinhos. “Não tenham medo de ousar”, pede um dos rabiscos. É a sede do Gol Labs, divisão da Gol com ares de startup, inaugurada na última segunda-feira. Nela trabalham nove pessoas: cinco transferidas da empresa-mãe e quatro – em especial, programadores –, contratados no mercado. O orçamento prevê mais dez funcionários até o fim do ano. Eles estão divididos em duas equipes, uma dedicada a melhorar a venda de passagens e outra, a vida do passageiro no aeroporto. Há quatro projetos em andamento, mais 26 na fila e a promessa de apresentar resultado nas próximas semanas. É novamente um cenário diferente do restante do prédio vizinho, onde projetos levam ao menos um semestre para ficar prontos. “Com a Labs, podemos desenvolver rápido e testar rápido”, diz Paulo Palaia, CIO da Gol que passa a acumular a chefia da Gol Labs.

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Por que uma empresa que se diz inovadora desde a fundação, como a Gol, precisa de uma startup?
A gente percebeu que as sugestões de melhoria surgiam em velocidade superior à nossa capacidade de entrega.

No que o ambiente da Gol dificulta a produção de soluções?
A Gol tem capital aberto, com ações em bolsa no Brasil e nos Estados Unidos. Por questões de governança corporativa, é obrigada a seguir certos procedimentos e passar por auditorias. Isso obriga a empresa a trabalhar num modelo de desenvolvimento de soluções chamado waterfall, com grandes entregas num longo espaço de tempo. Um projeto leva entre seis meses e um ano para ficar pronto. Com a Gol Labs, podemos desenvolver rápido e testar rápido. Apenas o que der certo será passado para a TI da Gol e, aí sim, seguir o rito de validações da empresa. Um projeto que levaria de seis meses a um ano, eu consigo abreviar para entregas mensais.

No que a Gol Labs não é a Gol?
É uma empresa ligada à Gol, mas não tem e não precisa ter o mesmo modelo de governança. É uma startup. Tem sua receita, tem sua despesa, tem suas metas. A rede de computação da Gol Labs não se conecta à rede da Gol. Precisamos ter uma série de cuidados na Gol, contra cyber ataques e contra manipulações de números que poderiam afetar nossas demonstrações financeiras. Uma startup não precisa dessas preocupações.

Por que a empresa criou uma Gol Labs, para buscar soluções, e não uma Gol Ventures, para investir nas startups que encontraram?
Temos na Gol Labs duas vertentes: a inovação interna, com colaboradores e time multidisciplinar, e, sim, a inovação externa. Há uma pessoa na Labs atenta ao mercado. A Gol Labs não é uma aceleradora, mas ficamos olhando o que as startups desenvolvem. Se resolverem algum problema, nós buscaremos parceria. Foi o que fizemos com o reconhecimento facial: pegamos o algoritmo de uma startup e acoplamos ao nosso aplicativo.

Como são formadas as equipes de trabalho?
O dono do projeto dá a cadência. Normalmente é um ex-funcionário da área de negócios que migrou para a Labs. O crew máster é um resolvedor de problemas. Desenvolvedores podem ser um ou dois, conforme o projeto. No caso de canais digitais, há um especialista em experiência do usuário. Temos equipes de três até seis pessoas. Vamos dosando a equipe conforme a necessidade. Concluído o projeto, a gente redistribui as pessoas para outros projetos.

Como incentivar a equipe a ousar?
A gente cria um modelo mínimo para aquela solução funcionar, e então testa. Se testou e não funcionou, joga fora imediatamente, perdendo menos dinheiro. As pessoas estão tranquilas. Sabem que podem testar e podem errar, porque estão errando no ambiente deles. Não está errando no ambiente da Gol e tirando o sistema da empresa do ar. De dez tiros que eles derem, se acertar dois está ótimo.

Gol Labs, braço de inovação da Gol Linhas Aéreas (Foto: Divulgação)

Gol Labs, braço de inovação da Gol Linhas Aéreas (Foto: Divulgação)

Gol Labs, braço de inovação da Gol Linhas Aéreas (Foto: Divulgação)

Gol Labs, braço de inovação da Gol Linhas Aéreas (Foto: Divulgação)

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