Economia

ONU divulga dados mundiais de pobreza sem informações sobre Brasil

Organismo diz que houve erro nos dados do país; no mundo, há 1,3 bilhão de pobres

Moradores na favela do Pavão Pavãozinho, no bairro de Copacabana, no Rio
Foto: Domingos Peixoto
Moradores na favela do Pavão Pavãozinho, no bairro de Copacabana, no Rio Foto: Domingos Peixoto

BRASÍLIA — Sem informar dados do Brasil, e a 17 dias do primeiro turno das eleições, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( Pnud ) divulgou nesta quinta-feira o Índice de Pobreza Multidimensional. O levantamento calcula quantas pessoas vivem em situação de pobreza no mundo. O Pnud informou que houve um erro nas informações do Brasil, identificado na véspera do lançamento dos números globais, e por isso os dados sobre o país só serão divulgados posteriormente. A agência ligada à ONU negou que o atraso tenha relação com o período eleitoral.

O Pnud calculou que cerca de 1,3 bilhão de pessoas vivem em pobreza no mundo, quase um quarto da população dos 104 países para os quais Índice de Pobreza Multidimensional é calculado. O número representa uma leve melhora ao divulgado em 2017. Naquele ano, 1,324 bilhão de pessoas viviam na pobreza.

O levantamento do Pnud revela que metade das pessoas pores tem menos de 18 anos. Metade dessas pessoas tem menos de 18 anos. Os novos números mostram que em 104 países de renda média e baixa, 662 milhões de pessoas com menos de 18 anos são consideradas multidimensionalmente pobres.

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O Índice de Pobreza Multidimensional classifica como pobre qualquer indivíduo privado de pelo menos três de um total de 10 indicadores considerados importantes para se ter qualidade de vida: nutrição, baixa mortalidade infantil, anos de escolaridade, crianças matriculadas em escolas, energia para cozinhar, saneamento, água, eletricidade, moradia digna e renda. quanto maior o número de indicadores, mais grave é a situação.

Deste 1,3 bilhão, 46% estão vivendo em extrema pobreza e são privados de pelo menos metade das dimensões cobertas pelo Índice. Apesar dos números, o Pnud avalia que há sinais promissores de que tal pobreza pode ser combatida. Na Índia, por exemplo, 271 milhões de pessoas saíram da pobreza entre 2005/06 e 2015/16. A taxa de pobreza caiu quase de 55% para 28% no período de dez anos.

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A pobreza multidimensional é encontrada em todas as regiões em desenvolvimento do mundo, mas é maior na África Subsaariana e no Sul da Ásia. Na África Subsaariana, por exemplo, cerca de 560 milhões de pessoas (58% da população) estão vivendo em pobreza multidimensional. Enquanto no sul da Ásia, 546 milhões de pessoas (31% população) são multidimensionalmente pobres.

Os dados também revelam que a grande maioria, 1,1 bilhão, dos pobres multidimensionais vive em áreas rurais em todo o mundo, onde as taxas de pobreza, em 36%, são quatro vezes maiores do que aquelas que vivem em áreas urbanas.

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Os dados mostram que, além dos 1,3 bilhão classificados como pobres, outros 879 milhões correm o risco de cair na pobreza multidimensional, o que poderia acontecer rapidamente se sofrerem com conflitos, doença, seca, desemprego e muito mais.