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Economia

Reforma tributária: equipe de Paulo Guedes quer rever isenção fiscal de entidades filantrópicas

Equipe econômica quer corrigir o que considera uma distorção nos benefícios a instituições como universidades e hospitais
Entidades filantrópicas de saúde Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo
Entidades filantrópicas de saúde Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo

BRASÍLIA - O Ministério da Economia está de olho nos impostos sobre atividades de entidades com status de filantrópicas , como universidades e hospitais . Na proposta de reforma tributária em elaboração pela equipe de Paulo Guedes, a pasta trabalha para corrigir o que considera uma distorção.

Em função da imunidade tributária dessas entidades, o governo deixará de arrecadar R$ 14,16 bilhões em contribuições previdenciárias em 2020. A previsão representa alta de quase 7% em relação à perda de arrecadação de R$ 13,24 bilhões este ano, segundo dados da Receita Federal.

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Mudanças na tributação do setor fazem parte da proposta de Guedes, como parte do discurso sobre a necessidade de corrigir injustiças do sistema tributário. A ideia é ter argumentação parecida com a adotada na reforma da Previdência , quando o governo bateu na tecla de que é preciso acabar com privilégios nas aposentadorias, e não apenas conter o rombo previdenciário.

ARRECADAÇÃO PERDIDA
A desoneração da atividade de entidades filantrópicas fará falta ao Tesouro no ano que vem
TOTAL
6,94%
R$ 14,16
bilhões
R$ 13,24
bilhões
Isenções tributárias para filantrópicas
Por setor, previstas para 2020
Assistência social
Educação
Saúde
R$ 1,43 bilhão
R$ 3,77 bilhões
R$ 8,96 bilhões
2019
2020
Fonte: Receita Federal
ARRECADAÇÃO PERDIDA
A desoneração da atividade de entidades filantrópicas fará falta ao Tesouro no ano que vem
Isenções tributárias para filantrópicas
Por setor, previstas para 2020
Assistência social
Educação
Saúde
R$ 1,43 bilhão
R$ 3,77 bilhões
R$ 8,96 bilhões
TOTAL
6,94%
R$ 14,16
bilhões
R$ 13,24
bilhões
2019
2020
Fonte: Receita Federal

Foco na área de saúde

O relatório da reforma da Previdência no Senado, elaborado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), já prevê a cobrança da contribuição previdenciária patronal de entidades filantrópicas, com exceção das de assistência social e Santas Casas.

De acordo com o Demonstrativo de Gastos Tributários da Receita, as filantrópicas se dividem em três áreas: assistência social, educação e saúde. Para ter direito às isenções, precisam obter a Certificação das Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) em cada área de atuação.

No foco do ministério estão entidades de saúde, que vão deixar de recolher R$ 8,38 bilhões em contribuições previdenciárias em 2019 e R$ 8,96 bilhões em 2020.

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— Entre essas entidades estão hospitais conhecidos por atender pacientes famosos e de alto poder aquisitivo — disse uma fonte.

Filantrópicas de educação, como faculdades privadas, por exemplo, deixarão de contribuir com R$ 3,53 bilhões este ano e R$ 3,77 bilhões em 2020. Com relação às de assistência social, as desonerações alcançam R$ 1,34 bilhão em contribuições previdenciárias em 2019. Em 2020, o valor será R$ 1,43 bilhão.

Leia: Bolsonaro pediu para CPMF não entrar na reforma tributária, diz Guedes

As isenções das entidades filantrópicas são apenas parte do problema no caixa do governo com esse tipo de benefício. O total de desonerações em vigor no país atualmente deverá alcançar a cifra de R$ 331 bilhões no próximo ano, o equivalente a 4,35% do PIB.

Custódio Pereira, presidente do Fórum Nacional das Instituições Filantrópicas (Fonif), vê com preocupação a possibilidade do fim da imunidade fiscal do setor:

— São instituições centenárias que fazem a filantropia. Não têm lucro, o superávit é revertido na instituição. É um setor fiscalizado e de altíssima qualidade na área de saúde, educação e assistência social. As consequências serão muito ruins para o país. São milhares de pessoas que vão perder.