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Nova graphic novel de Danilo Beyruth tem projeto de adaptação para o cinema

'Samurai Shirô' será dirigida por Vicente Amorim, em coprodução Brasil-Japão
O quadrinista Danilo Beyruth, autor de 'Samurai Shirô' Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
O quadrinista Danilo Beyruth, autor de 'Samurai Shirô' Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Lançada recentemente pela Darkside, a graphic novel “Samurai Shirô”, de Danilo Beyruth, nasceu atrelada a um projeto de adaptação para o cinema. O filme, cujo roteiro foi elaborado paralelamente à execução dos quadrinhos, vai se chamar “Princesa da Yakuza”, será dirigido por Vicente Amorim e terá coprodução brasileira e japonesa.

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Com pequenas diferenças entre a HQ e o longa, a história se divide entre São Paulo, no bairro da Liberdade, e o Japão, berço da temida Yakuza, a máfia local. Os personagens principais da trama são Akemi, uma adolescente de origem japonesa que sofre com a perda recente do avô, e um homem sem memória, o Shirô do título, encontrado carregando consigo apenas uma katana, a lendária espada samurai. Em paralelo, um grupo de yakuzas vêm do oriente para promover um antigo acerto de contas.

— A cultura japonesa me interessa muito. O projeto dos quadrinhos ficou cozinhando na minha cabeça durante muito tempo. Há quase dez anos vinha pensando nisso. Só que algumas versões de roteiro não funcionavam bem. Quando encontrei a solução, no entanto, foi rápido. Levou de seis a sete meses para desenhar — diz ele, que gosta de diversificar os temas abordados em suas obras autorais, que vão do terror (“Necronauta — O almanaque dos mortos”) ao cangaço (“Bando de dois”), passando pela religião e espiritualidade (“São Jorge”).

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No papel, “Samurai Shirô” tem todos os elementos estéticos do mangá clássico: desenhos em preto-e-branco, uso de retícula para as sombras e uma narrativa visual bem ágil. Embora reconheça a influência dos quadrinhos japoneses, Beyruth rejeita a sugestão de que seu trabalho seja uma versão ocidentalizada deles.

— Foi uma opção mercadológica, já que imprimir um gibi de 180 páginas coloridas tem um custo muito alto no Brasil. Optamos por uma solução parecida com a japonesa, imprimir em preto-e-branco para baratear, menos o acabamento com papel de baixa qualidade — diz o artista, que atualmente desenha para a Marvel uma história única do supervilão Carnificina, inimigo do Homem-Aranha e de Venom.

Beyruth e Vicente Amorim se conheceram durante a produção de “Motorrad”, mais recente longa do cineasta carioca, lançado em março. O quadrinista assinou a criação dos personagens do filme, jovens motociclistas perseguidos por um misterioso grupo de assassinos. Foi o produtor L.G. Tubaldini Jr. que reuniu os dois artistas, no fim das filmagens, para fazer a proposta de trabalharem juntos na adaptação de “Samurai Shirô” para o cinema.

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Amorim, que já havia trabalhado em coprodução com o Japão em “Corações sujos” — adaptação de 2012 para o romance homônimo de Fernando Morais se prepara para filmar nos dois países: deve ir ao Japão dentro de algumas semanas para definir o elenco estrangeiro.

— Não vai ser uma adaptação quadro a quadro, como em “Tungstênio”, que o Heitor Dhalia fez a partir do álbum do Marcello Quintanilha — diz o diretor, que atualmente está finalizando o seu próximo longa, “A divisão”, suspense policial sobre a equipe que acabou com os crimes de sequestro no Rio nos anos 1990. — Quero criar um ambiente futurista, para criar uma estranheza. A ideia é fugir do naturalismo.