A oposição em Hong Kong montou cabines de votação em toda a cidade, governada pela China, neste sábado (11), para eleições primárias destinadas a selecionar candidatos que têm uma melhor chance de sucesso nas eleições do Conselho Legislativo em setembro.
As primárias acontecem menos de duas semanas depois que Pequim impôs uma ampla legislação de segurança nacional ao centro financeiro asiático, alimentando preocupações de que as amplas liberdades não vistas na China continental serão coibidas.
A lei pune o que a China descreve amplamente como secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras, com prisão perpétua e permite que agentes de segurança do continente operem oficialmente em Hong Kong pela primeira vez.
Na véspera das primárias, a polícia revistou o escritório do pesquisador independente Robert Chung, cujo Instituto de Pesquisa de Opinião Pública de Hong Kong (HKPORI) ajuda a organizar a eleição, levantando preocupações entre os ativistas de interferência na pesquisa.
"É a primeira vez que Pequim sabe que os habitantes de Hong Kong nunca se curvam à China", disse o ativista pró-democracia Joshua Wong, antes da abertura das urnas ao meio-dia (1h de Brasília). "Instamos o mundo a colocar Hong Kong sob os holofotes globais."
Embora as primárias sejam apenas para o campo da oposição, os observadores estão atentos, uma vez que ela diz que a participação nas eleições servirá como um teste decisivo da oposição mais ampla à lei de segurança nacional. A eleição busca aumentar a chance de os candidatos de oposição alcançarem uma maioria de mais de 35 das 70 cadeiras no legislativo, nas eleições de 6 de setembro, potencialmente dando-lhes poder para bloquear propostas do governo.
A oposição de Hong Kong garantiu uma vitória esmagadora nas eleições para o conselho distrital em novembro, apoiando-se em um movimento de protesto antigoverno, desencadeado por um projeto de lei, agora retirado, que permitiria que pessoas fossem enviadas à China continental para julgamento.
Os protestos que se intensificaram em junho do ano passado e se transformaram em apelos por uma maior democracia fracassaram desde que a polícia prendeu mais de 300 pessoas em 1º de julho, um dia depois que Pequim introduziu a lei de segurança nacional.