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Por Beth Koike — De Xangai (China)


Parente, da Yduqs: “Essa operação é transformacional para a companhia” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Parente, da Yduqs: “Essa operação é transformacional para a companhia” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Dois anos após quase ter sido vendida para a Kroton, a Yduqs (ex- Estácio) fechou a aquisição de 100% da Adtalem Brasil, grupo educacional americano que no país é dono de 12 instituições como Ibmec e Damásio, por R$ 1,9 bilhão. Trata-se de uma das maiores transações do setor e marca um salto para a companhia carioca que, na metade deste ano, criou uma holding para diversificar seu negócio.

Com a aquisição, a Yduqs passa a ter uma receita líquida combinada de R$ 4,5 bilhões e quase 700 mil alunos, o que representa um incremento de 102 mil matrículas de uma só vez num momento em que o crescimento orgânico na graduação presencial tem sido uma das principais dificuldades para o setor devido à crise econômica e redução do Fies, programa de financiamento estudantil do governo.

“Essa operação é transformacional para a companhia, não apenas pelo tamanho do negócio, mas também porque vamos trazer para dentro de casa pessoas muito focadas em alta qualidade de ensino e com mindset de inovação”, disse Eduardo Parente, presidente da Yduqs.

As marcas das instituições de ensino da Adtalem serão mantidas dentro da estratégia da Yduqs de atuar com novos públicos e de outras faixas de renda. A mensalidade média dos cursos das faculdades adquiridas é de R$ 1 mil, sendo que na Estácio é 30% menor. Já no Ibmec, o tíquete varia entre R$ 3,5 mil a R$ 4,5 mil.

A empresa vai criar nova divisão para abrigar o Ibmec e os cursos de medicina da Estácio. Essa área será administrada separadamente e liderada pelo atual presidente do Ibmec, Thiago Sayão, para evitar conflitos ou receios por parte de alunos e professores de que uma das faculdades mais tradicionais de negócios será massificada e perder o status premium. “Com a holding, há uma valorização das marcas. Isso é muito importante. O crescimento é exponencial porque juntamos a expertise da escola com a capacidade financeira de um grande grupo”, disse Sayão.

As negociações formais entre Yduqs e Adtalem duraram só um mês e meio e as primeiras conversas começaram quando a companhia carioca estava criando a holding. “Fomos procurá-los. Desde o começo já tínhamos em mente que esse era um ativo que fazia todo sentido na nossa holding”, disse Parente. O desejo coincidiu com a vontade dos americanos de se desfazer da operação brasileira para levantar recursos. A empresa americana foi obrigada a pagar uma indenização de US$ 100 milhões e vender a DeVry, principal instituição do grupo, de graça após acusações de fraudes com alunos.

Os recursos para pagamento da aquisição, que será feito à vista, virão do caixa da Yduqs que, atualmente, é de R$ 700 milhões, e de um financiamento na casa de R$ 1 bilhão. Com isso, o endividamento da companhia deve ser equivalente a uma vez o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) - patamar considerado baixo, entre os especialistas. O Ebitda ajustado combinado atinge R$ 1,34 bilhão, com margem de 30%, no acumulado dos últimos 12 meses, em encerrado no segundo semestre deste ano.

Com a aquisição, a Yduqs vai reforçar sua área de medicina, uma vez que a Adtalem tem 210 vagas nessa graduação e recebeu autorização para atuar na segunda fase do programa Mais Médicos. Essa área é uma das prioridades da empresa. A Yduqs tem cerca de 3,8 mil estudantes de medicina que geraram uma receita de R$ 174 milhões no primeiro semestre, o que representa 9,2% da receita líquida total da companhia. O valor médio da mensalidade dessa graduação é de R$ 8 mil, o equivalente a dez vezes o tíquete médio dos demais cursos presenciais do grupo carioca.

A companhia projeta chegar em 2024 com 10 mil alunos matriculados em cursos de medicina. Segundo a Hoper, consultoria especializada em educação, haverá demanda por cursos de medicina nos próximos dez anos, no mínimo. Atualmente, há 95 mil alunos cursando essa graduação, com valor mediano de R$ 7,8 mil de mensalidade. Essa modalidade de curso movimenta cerca de R$ 9 bilhões por ano. Não à toa, a Yduqs anunciou recentemente a construção de um novo campus de medicina na Barra da Tijuca, no Rio, com investimento de R$ 32 milhões.

A operação marca ainda a entrada da Yduqs no segmento de cursos preparatórios e o objetivo é buscar ainda sinergias entre os cursos preparatórios da Adtalem com as graduações de medicina e direito da Estácio que demandam esse tipo de preparação no último ano. A Adtalem tem cursos preparatórios para exames da OAB, por meio da Damásio, e para residência médica com a SJT Med, que juntos hoje tem 35 mil matriculados.

A empresa combinada terá ainda quase 1 mil polos de ensino a distância. “Nossos três pilares de crescimento são ensino a distância, medicina e aquisições. Estamos cumprindo nosso dever de casa. Além disso, as empresas de capital aberto divulgaram bons resultados de captação de alunos no segundo semestre, o que pode ser visto como um sinal positivo no setor”, disse Parente.

Com a crise econômica e redução do Fies, a demanda dos alunos está migrando para os cursos online, cuja mensalidade é menor. Entre 2017 e 2018, o volume de calouros, no mercado como um todo, caiu 5,6% em cursos presenciais contra uma alta de 33% na graduação a distância, segundo dados da consultoria Educa Insights.

A aquisição da Adtalem é a maior já fechada pela Yduqs, que passou por uma crise entre 2016 e 2017. Neste período, houve uma tentativa frustrada de fusão com a Kroton, a troca de quatro presidentes em poucos meses, mudança de acionistas que levaram muitos investidores a questionarem a capacidade da empresa de voltar a crescer. Parte da confiança voltou com a entrada da gestora de private equity Advent, que se tornou a maior acionista e em 2018 assumiu o conselho de administração. A Advent tem a credibilidade do mercado por ter sido uma das responsáveis pela expansão da Kroton, líder do setor.

A transação ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com expectativa das companhias de que a autarquia antitruste dê seu aval até meados de 2020.

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