Por Guilherme Mazui , G1 — Brasília


Bolsonaro diz que 'não é o momento' para ampliar despesas

Bolsonaro diz que 'não é o momento' para ampliar despesas

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira (7) que vê "com preocupação" o aumento de gastos que pode ser provocado caso o Congresso Nacional aprove a proposta de reajuste dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do procurador-geral da República.

O Senado decidiu nesta terça-feira (6) incluir na pauta de votação a análise de dois projetos que preveem reajuste para ministros do STF e para o procurador-geral da República. Na prática, com a decisão, o reajuste já pode ser votado no plenário a partir desta quarta.

Após café da manhã com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, Bolsonaro foi questionado por jornalistas como avaliava a tentativa do Senado de votar a proposta de reajuste. Para Bolsonaro, não é o momento do país ampliar despesas, já que as contas públicas registram déficits nos últimos anos.

"Acho que estamos numa que fase todo mundo tem ou ninguém tem. Sabemos que o Judiciário é o mais bem aquinhoado entre os poderes, a gente vê com preocupação... Obviamente que não é o momento (de aumentar gastos)", disse o presidente eleito.

Senadores reunidos em plenário durante a sessão desta terça-feira (6) — Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Após participar de um café da manhã com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, e outros oficiais-generais da instituição, Bolsonaro seguiu para um encontro com o presidente do STF, Dias Toffoli.

Os projetos que tratam dos reajustes, apresentados pelo STF e pela PGR, entraram na pauta de votações do Senado. Os textos, já aprovados na Câmara, preveem que, a partir de junho de 2016, os salários de ministros do STF e do procurador-geral passariam de R$ 33,7 mil para R$ 36,7 mil e, a partir de janeiro de 2017, R$ 39,2 mil.

O salário dos ministros do STF é o teto do salário do servidor público e serve como base para os salários de todos os magistrados do país.

Bolsonaro afirmou que após o café na Aeronáutica que já conversou com Toffoli, na terça-feira (6) durante solenidade no Congresso, sobre a necessidade de defender o futuro do país, com a responsabilidade dividida entre os poderes.

"Todos têm que colaborar para que o Brasil saia dessa crise. E o poder Judiciário, no meu entender, num gesto de grandeza com toda certeza não fará tanta pressão assim por esse aumento de despesa", afirmou o presidente eleito.

Jair Bolsonaro durante entrevista para jornalistas depois de encontro com comandante da Aeronáutica

Jair Bolsonaro durante entrevista para jornalistas depois de encontro com comandante da Aeronáutica

Reforma da Previdência

O presidente eleito informou que conversará entre esta quarta e quinta-feira com parlamentares que acompanham a proposta de reforma da Previdência enviada pelo presidente Michel Temer ao Congresso Nacional – o texto aguarda para ser votado na Câmara e, caso seja aprovado, irá ao Senado.

Segundo o presidente, os parlamentares lhe disseram que seria possível promover mudanças previdenciárias por meio de projetos de lei, porém ele não deu detalhes sobre o que seria modificado.

"Alguns deles me disseram é que tem propostas via lei ordinária ou lei complementar que dá para um avança. O que nós queremos é votar alguma coisa no corrente ano", ressaltou Bolsonaro.

O presidente reafirmou que se empenhará para aprovar a reforma e informou que ficará em Brasília na manhã de quinta-feira para discutir propostas. Ele ainda afirmou que deverá voltar na próxima semana a Brasília para continuar as conversas sobre o tema.

Sobre a afirmação do futuro chefe da equipe econômica, Paulo Guedes, da necessidade de dar uma "prensa" no Congresso para aprovar a reforma, Bolsonaro disse que a palavra correta é "convencimento".

Moro e CGU

O presidente eleito informou que terá nesta quarta-feira reuniões com o governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), e com o futuro ministro da Justiça de seu governo, o juiz federal Sérgio Moro.

Bolsonaro disse que deve receber Doria no centro de transição, montado em Brasília, após sua reunião com o presidente Michel Temer. O local do encontro com Moro não foi informado.

Bolsonaro ainda afirmou que a Controladoria-Geral da União (CGU) poderá manter o status de ministério em seu governo. Assim, seu governo poderá ter até 18 pastas - atualmente são 29 no governo federal.

"Talvez seja mantido status de ministério, vai aumentar um ministério", declarou.

A CGU é um órgão de controle interno do governo federal, responsável por ações de defesa do patrimônio público por meio de auditorias e ações de prevenção e combate à corrupção.

Base de Alcântara

Bolsonaro relatou que um dos assuntos do encontro com o Comando da Aeronáutica foi o projeto para utilizar de forma comercial o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) para o lançamento de satélites. O presidente eleito disse que é favorável ao projeto.

"Da minha parte sim, vai avançar... Temos interesse de botar a base para funcionar de fato", declarou.

O governo já apresentou o projeto para o uso comercial do centro localizado no Maranhão. O país negocia, inclusive, com o governo norte-americano para a utilização da base de Alcântara pelos Estados Unidos.

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