A economia da Argentina está em crise há muitos anos, mas agora nossos “hermanos” têm um motivo para se vangloriar em relação ao Brasil. A companhia portenha Mercado Libre (ou Mercado Livre, em português) superou a Vale e se tornou a empresa mais valiosa da América Latina.
Conforme levantamento da Economática, realizado a pedido do Valor, ontem o Mercado Livre atingiu um valor de mercado de US$ 60,644 bilhões, acima de Vale (US$ 59,363 bilhões) e Petrobras (US$ 57,537 bilhões). A lista das cinco maiores companhias latinas tem ainda Itaú (US$ 46,152 bilhões) e o Wal Mart do México (US$ 42,183 bilhões).
Para Luis Gustavo Pereira, estrategista-chefe da Guide Investimentos, o avanço das companhias de comércio eletrônica era uma tendência que já vinha ocorrendo, mas acelerou com as medidas de isolamento social trazidas pela pandemia de coronavírus. “Não me surpreende o fato de o Mercado Livre ter ultrapassado a Vale. Existe uma tendência global de empresas de tecnologia ganharem muito valor de mercado. Por muitos anos a Exxon Mobil foi a companhia mais valiosa dos EUA, mas hoje em dia é a Apple”, lembra.
O Mercado Livre foi fundado em 1999 por Marcos Galperin. Atualmente, a companhia opera em 19 países, sendo que os principais mercados são Brasil, Argentina e México. A companhia vai anunciar seus resultados do segundo trimestre na segunda-feira. Além do comércio eletrônico em si, a companhia também engloba a fintech Mercado Pago e a companhia de logística Mercado Envios.
No primeiro trimestre, o Mercado Livre teve prejuízo líquido de US$ 21,109 milhões, revertendo lucro de US$ 11,864 milhões em igual intervalo do ano anterior. A receita cresceu 70,5%, a US$ 652,1 milhões, desconsiderando os efeitos do câmbio. A título de comparação, a Vale teve receita operacional líquida de US$ 7,518 bilhões, com queda de 18,16%. O lucro líquido foi de US$ 995 milhões, revertendo prejuízo de US$ 133 milhões no segundo trimestre de 2019.
Em um relatório recente, os analistas do BTG haviam apontado que o Mercado Livre tinha ultrapassado o Itaú em valor de mercado. Eles apontam que, juntos, Mercado Livre, XP, Stone e PagSeguro valem mais do que a combinação de Itaú, Banco do Brasil e Santander. “O novo está se tornando mais relevante do que o velho. Então, o velho precisa mudar. Mas isso não é fácil e apenas poucos serão bem-sucedidos”, dizia o texto.
Pereira, da Guide, lembra que cada vez mais os investidores brasileiros estão sendo orientados a diversificar suas carteiras e apostar em ativos estrangeiros. Para quem ainda não quer correr todo o risco cambial, uma opção são os recibos de empresas internacionais negociados na bolsa brasileira, os chamados BDRs. Entre os BDRs mais negociados, estão os da Apple, Amazon e também Mercado Livre.