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Por Rodrigo Carro — Do Rio


Desde o seu lançamento comercial em Estocolmo (Suécia) e Oslo (Noruega), em 2009, a tecnologia de telefonia móvel de quarta geração (4G) levou dois anos para chegar à América Latina. A geração seguinte, 5G, ficou disponível na região um mês depois de sua estreia global, graças à Antel, do Uruguai. No Brasil, a implantação de 5G está prevista para começar pelas capitais e pelo Distrito Federal. Os serviços deverão estar disponíveis nessas cidades até julho de 2022.

Para explicar qual a posição relativa do mercado brasileiro na corrida global rumo ao 5G e os benefícios que a tecnologia pode trazer para o consumidor e à indústria, o Valor preparou uma sequência de perguntas e respostas destinadas a esclarecer dúvidas básicas sobre 5G, com base em explicações de Cristiane Sanches, conselheira consultiva da Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint) e sócia do Catão & Tocantins Advogados; 5G Americas e Conexis Brasil Digital.

1 - Quais as principais diferenças entre 5G e 4G para o usuário final e as empresas?


O consumidor pode ter a impressão de que a velocidade de acesso à internet seja a característica mais importante a ser melhorada nas tecnologias futuras. Entretanto, 5G não é uma mera evolução de 4G, mas sim de inovação tecnológica capaz de reduzir significativamente a latência (tempo de resposta) das conexões e de permitir o surgimento de serviços que exigem aplicações em tempo real e de tempo de resposta quase imediato. É o caso de realidade virtual e presença virtual, que podem ser o próximo passo das redes sociais. De forma semelhante, espera-se uma revolução no uso dos smartphones no universo dos videogames. Para a indústria, as possibilidades de ganho de escala e competitividade são ilimitadas, especialmente aplicações que exijam a chamada “comunicação de baixa latência ultraconfiável” (URLLC, na sigla em inglês), como automações fabris, direção autônoma de veículos e medicina aplicada. A tecnologia será importante também em mMTC (“comunicação do tipo máquina massiva”), com grande número de dispositivos conectados, extensas áreas de cobertura e dispositivos de baixo custo com bateria de vida útil muito longa.

2 - O 5G significará, na prática, o fim do 4G?


Não se espera que o 5G substitua as tecnologias anteriores, mas sim que trabalhem em conjunto, de forma a contribuir para que os serviços operem da maneira mais eficiente possível.

3 - Para quando está marcado o leilão de frequências a serem utilizadas no 5G?


A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) está realizando os últimos ajustes no edital, aprovado pelo seu conselho diretor em 25 de fevereiro. Depois disso, fará o envio do texto final para o Tribunal de Contas da União (TCU). Caso a expectativa de análise rápida (60 dias) pelo TCU se confirme e não haja qualquer atraso na publicação ou na precificação, o leilão deverá ser realizado em 150 dias da liberação do edital pela Anatel, ou seja, em agosto de 2021.

4 - O modelo escolhido no Brasil foi o de um leilão não arrecadatório. O que isso significa na prática?

Toda vez que um leilão privilegia o estabelecimento de obrigações de investimento das empresas em vez do simples levantamento de recursos em favor do Tesouro Nacional, estamos falando de um leilão não arrecadatório. Assim, o valor a ser investido pela operadora para cumprir os compromissos de investimento será deduzido do valor bruto de cada faixa de frequência leiloada. Projeção preliminar da Anatel indica um custo entre R$ 33 bilhões e R$ 35 bilhões para as faixas de frequência a serem leiloadas. Relatório do banco Credit Suisse divulgado em 1º de março estima em R$ 23 bilhões o investimento necessário para as operadoras vencedoras cumprirem as contrapartidas previstas no edital do leilão, o que resultaria - se as estimativas da Anatel e do Credit Suisse se confirmarem - numa arrecadação de até R$ 12 bilhões para o governo federal.

5 - Quais frequências serão leiloadas? Por que estão sendo oferecidas várias frequências, e não apenas uma?


Serão leiloadas as faixas de 700 megahertz (MHz), 2,3 gigahertz (GHz), 3,5 GHz e 26 GHz. Esse conjunto de faixas de frequência, internacionalmente identificadas para 5G, inclui uma mistura de bandas de frequência baixas (no caso brasileiro, as sobras de outro leilão na faixa de 700 MHz), bandas médias (2,3 GHz e 3,5 GHz) e bandas altas, acima de 6 GHz (incluindo as ondas milimétricas de 26 GHz). Essa gama ampla de espectro permite às redes 5G funcionarem com melhor capacidade e eficiência. Possibilitam a oferta de aplicações e serviços específicos que exigem muita velocidade e baixíssima latência.

6 - Por que os valores envolvidos no leilão são tão elevados, na casa de bilhões de reais?


Os custos relacionados à instalação da infraestrutura de 5G englobam tanto os investimentos em equipamentos, rede óptica de transmissão, núcleo (core) de rede e infraestrutura de suporte, quanto o próprio preço do espectro eletromagnético, um recurso limitado. Nos Estados Unidos, por exemplo, o leilão de espectro para redes 5G realizado em janeiro arrecadou US$ 80,9 bilhões.

7 - Onde e quando começará a cobertura 5G no país? Vai ser feita de forma gradual?


O edital fixou prazos diferentes conforme o perfil das cidades. Os detalhes na arte acima.

8 - Por que o processo será tão demorado?


Além do custo alto envolvido na implantação das redes e no cumprimento dos compromissos de investimentos fixados pelo edital, o prazo considera a necessidade de desocupação da faixa de frequência de 3.625 MHz a 3.700 MHz (conhecida como “banda C estendida”). Utilizada por operadoras de satélite, essa faixa será redirecionada a 5G. Além disso, o edital prevê a migração da banda C para a banda Ku, para permitir a convivência de 5G com TV aberta via satélite, disponível gratuitamente no país para via antena parabólica. As operadoras vitoriosas na licitação de 3,5 GHz deverão custear a distribuição de kits para a população afetada, pois a mudança implica na instalação de uma nova antena parabólica, receptores e cabo coaxial.

9 - A tecnologia 5G vai exigir que as operadoras comecem “do zero” seus investimentos?


Na verdade, o que estabelece a obrigação das operadoras de “investir do zero” é a opção da Anatel, via edital, pelo padrão de redes do tipo “standalone”. As especificações técnicas do padrão foram definidas pelo projeto 3GPP, que reúne organizações de desenvolvimento de padrões de telecomunicações. O “standalone” pressupõe a instalação de uma rede dedicada a 5G, independente da infraestrutura 3G e 4G em operação. Um dos argumentos pró “standalone” é que o padrão permitirá desenvolver todo o potencial do 5G.

10 - Será necessário instalar mais antenas para que o 5G funcione? Por que?


Sim. A tecnologia 5G demanda cinco vezes mais antenas do que 4G. Isso porque, quanto mais alta uma frequência, menor é o seu alcance. Será necessário, portanto, aumentar o número de antenas para garantir mobilidade e cobertura ampla, especialmente em áreas mais adensadas.

11- Como algumas teles já oferecem o serviço 5G antes mesmo do leilão de frequências?


Algumas operadoras oferecem serviços por meio da tecnologia de compartilhamento dinâmico do espectro (DSS, na sigla em inglês), que permite agrupar virtualmente suas frequências e usar alternadamente as que são menos usadas. Os recursos de rede são distribuídos automaticamente para atender aos smartphones atuais - conectados à rede 4G, por exemplo - e aos novos compatíveis com 5G. Embora seja tecnicamente uma rede 5G, não tem espectro dedicado para funcionar, compartilhando a atual capacidade de 4G, 3G e/ou 2G. Nesse modelo, o 5G DSS não entrega todo o potencial de uma rede tradicional 5G.

12 - O Brasil está atrasado em relação a outros países no 5G?


A resposta depende de com quais países comparamos o Brasil. O 5G estreou comercialmente em 2019. Os lançamentos comerciais do 5G foram liderados pelos EUA e pela Coreia do Sul, seguidos pelo Reino Unido, pela Espanha, Alemanha e China, nessa ordem. A associação setorial 5G Americas previa 162 redes 5G ativas no mundo até o fim de fevereiro. Do total, 12 estavam na América Latina, 79 na Europa e 32 na Ásia. Na América Latina, o Brasil é o país com maior número de redes: três, pois a entidade inclui na conta as redes 5G DSS. Na comparação com outras tecnologias, o 5G chegou muito mais rápido à região. O 3G levou cinco anos desde a sua estreia mundial para chegar à América Latina. O 4G, dois anos. O 5G estava disponível no Uruguai um mês depois do lançamento mundial, mas só para banda larga fixa sem fio, e não para telefonia móvel.

13 - Será necessário ter um novo aparelho para usar 5G ou posso continuar com o meu celular 4G?


Sim, para utilizar o 5G, será necessário ter um novo aparelho compatível com os requisitos dessa tecnologia. Embora existam modelos em comercialização que garantem o funcionamento na banda de 3,5 GHz, nem todos eles suportam ondas milimétricas.

14 - Já existe um padrão 6G?


Ainda não existe a padronização técnica do 6G. A expectativa da UIT (União Internacional das Telecomunicações) é concluir os padrões do 6G no fim de 2030. Já para o 3GPP, espera-se que o 6G seja tratado no conjunto de especificações técnicas a ser divulgado também em 2030.

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