Edição do dia 21/07/2017

21/07/2017 21h20 - Atualizado em 21/07/2017 21h23

Tomógrafo de alta definição analisa múmia do Museu Nacional, no Rio

Pesquisadores começam a desvendar segredos de mais de dois mil anos.
Paleopatologista acredita que a múmia seja de uma menina de 12 anos.

Pesquisadores do Museu Nacional, no Rio, estão investigando uma múmia de mais de dois mil anos trazida do Egito por Dom Pedro I.

Quem ao olhar para uma múmia nunca pensou: como ela deve estar por dentro? Para os pesquisadores do Museu Nacional, no Rio, ter essa resposta é mais do que uma simples curiosidade.

“A gente saber o estado que ela está para ver se tem algum risco de conservação, se tem insetos. Tem toda a parte ligada aos estudos biológicos e médicos”, explicou Antonio Brancaglion, egiptólogo do Museu Nacional da UFRJ.

Um exame de tomografia vai ajudar a desvendar o mistério. A múmia estava há décadas guardada no acervo reserva do museu. Os pesquisadores sabem apenas que era uma criança.

“Ela foi comprada por dom Pedro I já aqui no Rio de Janeiro”, explica Antonio.

O Museu Nacional do Rio tem a coleção egípcia mais antiga das Américas, e a maior da América Latina, com cerca de 700 peças.

Pelas características, os pesquisadores acreditam que a múmia tenha entre 2.100 e 2.600 anos. Isso por causa da cor da bandagem. Um tomógrafo de alta definição, a tecnologia mais moderna disponível hoje no país, mostra em detalhes o que há dentro dela.

“O esqueleto está praticamente completo, com poucas modificações. Os ossos na posição anatômica e, com isso, a gente vai ter uma boa peça para estudo”, disse Sheila Mendonça de Souza, paleopatologista da Fiocruz.

Durante a mumificação, os órgãos eram retirados, e o corpo passava por um processo de secagem com um tipo de sal natural.

Nessa múmia, o corpo foi preenchido com panos. O coração merecia um cuidado especial.

“As mumificações procuravam preservar o coração, porque o coração precisava ser pesado na balança do juízo final”, explica Sheila.

Pela arcada dentária e os ossos, a paleopatologista acredita que a múmia seja de uma menina de 12 anos.

As imagens já serviram para o primeiro teste de impressão 3d, feito pela PUC-Rio e pelo Instituto Nacional de Tecnologia: uma réplica, em miniatura.

A próxima já deve ser em tamanho natural: um metro e 14 centímetros.

“Para os pesquisadores é incrível, é uma técnica não invasiva. Não precisa destruir o material para acessar a estrutura interna. Então se pode materializar fisicamente o que só se consegue ver no computador”, explica o pesquisador da PUC-Rio, Jorge Lopes.