Bolsonaro diz que 'implodiu' o Inmetro e mandou 'todo mundo embora'

Presidente se irritou com decisão do órgão de determinar troca de equipamento usado por caminhoneiros
O presidente Jair Bolsonaro durante entrevista no Palácio do Alvorada Foto: Marcos Corrêa/PR

GUARUJÁ E RIO — O presidente Jair Bolsonaro revelou neste sábado que deu uma ordem para "implodir" o Instituto Nacional de Metrologia , Qualidade e Tecnologia (Inmetro) por causa da exigência do órgão de que tacógrafos (equipamento usado para controlar a velocidade de caminhões) e taxímetros fossem trocados, como adiantou o colunista do GLOBO Lauro Jardim.

A presidente do Inmetro, Angela Flores Furtado, foi exonerada na última segunda-feira, e substituída por um militar. 

Segundo o órgão, não houve ainda mudanças na diretoria, ocupada por funcionários de carreira. O Inmetro é uma autarquia federal vinculada ao Minsitério da Economia que tem entre suas funções verificar e fiscalizar a observância das normas técnicas e legais relativas a unidades de medidas.

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— Implodi o Inmetro. Mandei todo mundo embora — afirmou Bolsonaro, após visitar um supermercado no Guarujá, onde passa o Carnaval.

O presidente alegou que o Inmetro havia publicado uma portaria determinando a troca de todos os tacógrafos do país por digitais e reduzido o tempo de verificação desse tipo de equipamento de dois para um ano. De acordo com Bolsonaro, cada equipamento custa R$ 1.900. A portaria afetaria os caminhoneiros.

— Mandei acabar com isso aí - disse Bolsonaro, confirmando que passou por cima do secretário especial de Produtividade e Emprego, Carlos da Costa, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, que eram os superiores hierárquicos de Angela

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Com relação aos taxímetros, a mudança havia começado a ser implantada no Rio.

— Não temos que atrapalhar a vida dos outros - afirmou Bolsonaro. — Tem que implodir. Cortar a cabeça de todo mundo para sentir que mudou o governo. Não tem mais espaço para jeitinho.

Bolsonaro ainda criticou um plano do órgão para determinar a instalação de chips em todas as bombas de combustíveis no país para coibir fraudes. Lembrou também da adoação no passado da tomada de três pinos por determinação do órgão.

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A presidente do Inmetro, Angela Flores Furtado, foi exonerada foi substituída pelo coronel do Exército Marcos Heleno Guerson de Oliveira Júnior, com atuação em vários projetos de engenharia ligados às Forças Armadas. Entre janeiro e outubro de 2019, ele ocupou o cargo de Diretor de Política Regulatória na Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação (MEC).  Até este mês, ele respondia pela diretoria do Departamento de Determinantes Ambientais na Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde.

Segundo Bolsonaro, além de Angela, saíram também "meia dúzia da direitoria". O Inmetro, porém, informa que “portarias recentes estão em avaliação pela presidência, assim como a composição da diretoria para a nova gestão”.