Com uma reportagem analítica intitulada “Reformas no Brasil: Jair Bolsonaro perdeu o momento?”, o periódico de economia britânico Financial Times (FT) avalia que os planos do governo brasileiro de dar um pontapé na recuperação da economia estão sendo ofuscados pela manifestações populares no Chile e por turbulências políticas em casa.
Segundo a publicação, agora, quando a janela para aprovar leis importantes antes das eleições municipais de 2020 começa a se fechar, os observadores do Brasil estão perguntando se o governo Bolsonaro pode cumprir o restante de seu programa de reformas ou se o país “sucumbirá novamente ao seu hábito perpétuo de desapontar os investidores”.
Para muitas pessoas em todo o mundo, segundo o FT, a “nova política” do Brasil está associada aos ataques declarados de Bolsonaro à conservação da Amazônia e aos direitos dos gays, ou à sua defesa de Deus e armas como soluções para os problemas sociais crônicos do Brasil.
A reportagem cita o otimismo que tem predominado no mercado financeiro em relação à economia brasileira, com recordes sucessivos do Ibovespa e taxa básica de juros em seu piso histórico.
Segundo o FT, Guedes continua determinado a promover seu “Plano Mais Brasil”. “Nada o impedirá de cortar o estado, ‘privatizando tudo’ e desregulamentando”, diz a reportagem, mencionando as referências do ministro a Margaret Thatcher, Ronald Reagan e à “maravilhosa transformação” que os “meninos de Chicago” de Milton Friedman realizaram no Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet nas décadas de 1970 e 1980.
Com a reforma administrativa em segundo plano, a atenção agora estaria focada na legislação restante, segundo a reportagem. “Isso inclui uma simplificação abrangente do sistema tributário bizantino do país, uma demanda fundamental dos negócios”, diz o FT.
Segundo a reportagem, espera-se que pouco aconteça antes do recesso legislativo do Natal, que dura até o início de fevereiro, mas o texto cita uma fonte próxima ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segundo a qual o deputado ainda estaria otimista de que a reforma administrativa proporta pelo governo possa ser aprovado no ano que vem, antes das eleições municipais.
Apesar dos aplausos do mercado financeiro, a reportagem menciona o “mau julgamento político” depois de sugerir aos repórteres em Washington na semana passada que ninguém deveria se surpreender se eventos como os do Chile levassem um líder brasileiro a introduzir um novo AI-5, decreto da ditadura militar brasileira que deu aos generais a poder para fechar o Congresso e suprimir a oposição.