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Plano indica criação de ciclovias para dar fim aos engarrafamentos em Niterói

Rota casa-trabalho poderá ser reduzida em 15 minutos

Trabalhador usa a ciclofaixa da Avenida Amaral Peixoto, no Centro: plano da prefeitura é chegar a 120 quilômetros de rotas para ciclistas até o fim de 2021
Foto: Agência O Globo / Marcio Alves/11-12-2013
Trabalhador usa a ciclofaixa da Avenida Amaral Peixoto, no Centro: plano da prefeitura é chegar a 120 quilômetros de rotas para ciclistas até o fim de 2021 Foto: Agência O Globo / Marcio Alves/11-12-2013

NITERÓI — As metas para a área de mobilidade urbana previstas no Plano Plurianual (PPA) — lei que define as prioridades do município nos próximos quatro anos — são ambiciosas. Entre os objetivos estão a redução dos engarrafamentos em horários de rush em mais de 65% e de 15 minutos do tempo que os niteroienses levam no trânsito entre a casa e o trabalho. Para isso, o município estima investimentos de mais de R$ 106 milhões até 2021, aplicados na construção de corredores viários e malha cicloviária, entre outras obras. Especialistas ouvidos pelo GLOBO-Niterói dizem que integração dos modais e cooperação com os municípios vizinhos são essenciais para alcançar o que foi planejado.

Segundo o plano, aprovado há um mês na Câmara Municipal, a prefeitura adotará diversas medidas como resposta a sugestões da sociedade civil. Atualmente, há uma média anual de congestionamento nas horas de pico de 31,2 quilômetros, considerando os corredores viários de Niterói. A proposta é chegar a 2021 com média anual de 10,7 quilômetros, uma queda de 65,7%. No mesmo sentido, o tempo gasto pelos cidadãos no deslocamento entre casa e trabalho deve cair dos atuais 50 minutos para 35 minutos no mesmo período.

Do total de investimentos, R$ 61,9 milhões serão para a construção de corredores viários. A prefeitura não detalhou em que projetos esses recursos serão aplicados. Outros R$ 31,7 milhões devem ser aplicados no corredor BRT TransNiterói, que prevê uma ligação direta entre o Largo da Batalha e o Centro, passando por vias importantes, entre elas a Estrada Francisco da Cruz Nunes — para onde está prevista a construção de um terminal, num terreno atrás do Fórum de Pendotiba. A via foi uma das promessas feitas pelo prefeito Rodrigo Neves em 2012, após se eleger para o cargo pela primeira vez. No traçado da TransNiterói seriam construídos túneis e viadutos. A própria prefeitura já estimou, em 2013, o custo total do projeto em R$ 450 milhões.

EXPANSÃO DAS CICLOVIAS

Além dos recursos para facilitar o deslocamento do transporte público, o Plano Plurianual prevê verba para o estímulo do uso da bicicleta. Os diversos projetos listados na lei somam R$ 12,9 milhões. A maior parte dos R$ 6,96 milhões destinados ao setor deve ser investida na ampliação da malha cicloviária. Segundo o documento, a meta é que a cidade termine o próximo quadriênio com 120 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas. Serão R$ 5 milhões aplicados na construção de 60 quilômetros de ciclovias; outros R$ 540 mil destinados à elaboração de projetos de bicicletários e ciclovias; e R$ 400 mil para erguer os bicicletários.


Terreno à direta, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, no Largo da Batalha, pode abrigar estação de BRT
Foto: Agência O Globo / Brenno Carvalho
Terreno à direta, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, no Largo da Batalha, pode abrigar estação de BRT Foto: Agência O Globo / Brenno Carvalho

Para Romulo Orrico, professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, Niterói tem dificuldades específicas em sua mobilidade por ser o principal polo do Leste Fluminense. Por isso, segundo ele, as melhorias na mobilidade da cidade precisam de uma articulação com municípios vizinhos, como São Gonçalo. Em 2015, uma pesquisa do IBGE mostrou que as duas cidades têm, entre elas, o segundo maior fluxo de pessoas do país: diariamente, 120 mil cidadãos fazem esse deslocamento.

— Niterói é uma espécie de capital da região Leste. O transporte não tem um fim em si mesmo, as pessoas o utilizam para ir até uma atividade social, econômica ou de lazer. A articulação metropolitana e o fomento a atividades e serviços públicos em outras localidades são essenciais para melhorar a mobilidade — explica Orrico.

Já Eva Vider, especialista em trânsito e professora da Escola Politécnica da UFRJ, destaca a importância da integração de modais para atingir as metas.

— Elas são viáveis com investimento em transporte público. É preciso reforçar a integração física, com a criação de bons terminais, e também a operacional, evitando que o passageiro espere muito tempo pelas integrações. E, por fim, a tarifária — lista Eva.

Procurada para tratar das metas estabelecidas no Plano Plurianual e sobre os investimentos listados na lei aprovada pela Câmara, a prefeitura não se manifestou até o fechamento da edição.

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