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Por Nathalia Salvado


Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

Fani Pacheco já foi rotulada de diversas formas dentro dos padrões impostos pela sociedade atual: sex-symbol, musa fitness, plus size, depressiva, enfim, os rótulos são muitos. Após engordar 20 kg e pesar 85 kg, a modelo, que tem 1,66 m, se viu diante de uma nova situação: estava com 48% de gordura corporal, em um grau elevado e perigoso de obesidade e praticamente prestes a ficar diabética.

"Fani me procurou para realizar exames e ver como estava a saúde de um modo geral, pois queria retomar a prática de musculação. Realizamos uma avaliação de composição corporal e uma série de exames laboratoriais. Então, foi quando que ao chegar os resultados de alguns exames, ela se assustou, pois não esperava tantas alterações. Expliquei o que estava acontecendo com seu metabolismo e os riscos para sua saúde, e que era preciso intervir e iniciar um tratamento o mais rápido possível", explica a Dr. Petra Pillotto, nutróloga da ex-BBB.

A ex-BBB tem um quadro de síndrome metabólica, no caso dela, baseado principalmente em uma resistência à insulina adquirida após um excessivo aumento de peso.

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

Detectado o quadro, Fani precisou olhar com mais cuidado para sua saúde e, apesar de ter construído uma carreira como modelo plus size, era necessário que ela emagrecesse. "Estou fazendo dieta desde janeiro, 5 de janeiro, e voltei a treinar nessa época. Agora já está mais tranquilo, mas no início foi bem difícil voltar a rotina. Eu adoro malhar. Quando eu estou na academia, eu fico feliz, mas sair de casa é ruim. Ir, colocar a roupa, cansada depois de estudar o dia inteiro, mas eu superei isso", afirmou Fani em entrevista exclusiva para a Glamour.

A modelo adotou uma dieta low carb, com baixa quantidade de carboidratos, em que são permitidos carboidratos complexos (batata doce, arroz integral, aveia, grão de bico...), frutas, ovos, peixes, carnes magras e gorduras boas (azeite, oleaginosas), sendo todas as quantidades calculadas de acordo com sua taxa metabólica basal.

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

Além disso, Fani Pacheco precisou tomar uma medicação para auxiliar no emagrecimento e acelerar seu processo, que era grave. "O tratamento proposto para Fani foi retomar as atividades físicas que havia abandonado há um tempo e iniciar uma dieta alimentar. Em muitos casos, é o suficiente para regularizar a desordem, porém, no caso dela, também houve necessidade de medicações. Opto por não divulgar nomes por serem substâncias de fácil acesso, que não exigem receita controladas, evitando assim a auto-medicação e promoção das mesmas", explicou ainda a Dra. Petra.

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Ah, e para quem acha que tudo foi tranquilo, muito se engana! Fani fez várias barganhas com a médica e não abriu mão de tomar refrigerante zero açúcar e ter um dia de refeições à sua escolha. "Tinha algumas partes da dieta que ela passava algumas oleaginosas, negócio de castanha, pistache. Eu não gosto disso! Eu não queria saber desses negócios! Essa comida é ruim! Quero comer coisa boa", brincou Fani.

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

"A barganha é normal e importante para uma maior adesão. Adaptação e individualidade! Porém, no 1º planejamento proposto, em que a ideia era uma dieta desintoxicante, pedi para ela seguir à risca, sem furos. Não eram permitidos açúcares/farinhas/alimentos industrializados por 15 dias. Após esse período, passamos para a 2ª fase da dieta e já foram permitidos alguns alimentos solicitados por ela, como o refrigerante zero açúcar, por exemplo!", divertiu-se a médica.

Confira a entrevista completa com Fani Pacheco sobre a nova fase:

Você já contou pra gente sobre todo o seu processo de engordar, da depressão, etc. Agora, como está sendo fazer dieta, voltar a treinar?

Sou uma paciente difícil. A minha nutróloga sofre um pouco para adaptar a dieta a mim. Como tem coisas que eu não curto muito comer, ela calcula e adapta exatamente de acordo com o meu peso, quantidade de massa magra e tal. Cheguei a um nível de obsidade grau 3, com 47% de gordura! Metade do meu peso era só gordura. Eu fiquei muito chateada! Não sabia o que estava acontecendo comigo. Voltei a malhar, mas eu estou fraca. Quando eu ia viajar e ia pegar a mala. A mala tinha 5 kg! E eu não tinha força no braço para colocar a mala em cima! Isso nunca tinha acontecido comigo. Sempre fui forte, desde os 14 anos. O que estava acontecendo? Eu tinha que empurrar a mala com a cabeça. Tinha vontade de chorar. Sempre viajei com acompanhante. Isso foi um momento difícil, não ter força.

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

Como é a sua dieta? Pode comer de tudo? Alguma coisa não pode de jeito nenhum?

Tinha algumas partes da dieta que ela passava algumas oleaginosas, negócio de castanha, pistache. Eu não gosto disso! Eu não queria saber desses negócios! Essa comida é ruim! Quero comer coisa boa. Aí eu tenho uma bolacha na minha dieta de flocos de arroz com pasta de nuts. Essa pasta pode ser de cacau, amendoim. Eu perguntava: e minha coisa doce? Não vou comer nada doce? Foi uma adptação para o lanche da tarde.

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Você disse que fez algumas trocas e barganhas na sua dieta? Como foi isso?

Às vezes, eu queria tomar um chopp e ela tentava adaptar. Por que você não toma um vinho branco? Era difícil. Na minha cabeça, botei o seguinte: a minha motivação de fazer dieta era a diabetes. Só que para eu não ter diabetes, tinha que emagrecer. Só que pra isso eu tinha que deixar de comer várias coisas. Eu queria focar no que tinha caloria e gordura. O que era diet, não. Eu queria que me deixassem comer o que era diet. Tivemos conflito no início. Sou a favor de comer saudável, mas eu tenho limites. Tenho meus prazeres que eu não quero abrir mão e nunca vou abrir.

Você está tomando medicação, né? Como é tudo isso para você?

Entrei em uma medicação séria para eu poder sofrer o menos possível. Então, a nutróloga me passou uma medicação em que eu conseguia fazer a dieta sem sofrer. Sem passar fome, sem ficar olhando que nem cachorro olhando o frango assado na padaria, sabe? Pelo contrário, se eu fosse em aniversário de criança, eu avisava e falava que não sabia se ia me controlar. Ela falava: "Tá, Fani!". Mas ela sabia que eu ia comer dois brigadeiros e ficar cheia.

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

Fico com medo de comer e passar mal. Outro dia estava com desejo de comer arroz à piamontese, com muito queijo. Medalhão cheio de bacon, batata frita. Era o meu dia livre! Mas fazia muito tempo que eu não comia nada disso! Aí, comi para cacete, comi muito. Cheguei passando, mal mesmo. Meu estômago tava menor, não estava mais acostumada. Olho grande eu sempre tive, sempre comi de passar mal, mas sempre malhei. Fiquei dois dias sem sair de casa, mas a dor na barriga não passava!

Quais as situações mais engraçadas que você já passou agora nessa época de dieta, medicação, emagrecimento?

Teve a briga do refrigerante zero. Eu briguei, disse que ia tomar. Ela disse: Mas não deve! Eu disse que ia mentir e ia tomar. Carnaval eu ia comer e beber. Ela pedia pra eu não tomar cerveja, trocar por um vinho branco. Mas a medicação que eu estava tomando, me deixava enjoada. Então, assim, uma coisa acabava ajudando a outra. Tem que ter força de vontade, não adianta tomar remédio e só comer besteira. Mas o que eu percebi? Quando eu como besteira no final de semana, eu não engordo, mas também não emagreço. Se eu passo um final de semana fazendo dieta, eu emagreço. Então, assim, a medicação não faz milagre, tem que fazer a dieta junto.

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

Você acabando virando referência dentro do universo plus size. As pessoas te julgam de alguma forma por você estar perdendo peso? Como é a sua relação com isso?

Demorei para falar sobre isso, justamente por medo desse julgamento. Porque, pô, por mais que seja real, as pessoas tem suas frustrações, a internet é complexa, então, eu estava preparada para a pedreira. Acho que foi um meio termo. Tenho mais comentários positivos do que negativos. Muita gente compreendeu que é o meu direito. Primeiro, que eu tenho direito de emagrecer se eu quiser, mesmo sendo plus size. Segundo, eu tenho direito de não querer ficar diabética. Se meu emocional está preparado para isso, por que não fazer? Então, eu luto por isso. Pode ser que as pessoas fiquem revoltadas, parem de me seguir. Até porque eu não tô magra. Não tô nem magra e nem gorda. Estou com 70 kg. Não sei como vai ser daqui pra frente. Mas recebo muitas mensagens e carinho. Não me sinto culpada, levantei a bandeira porque eu vi que tinha preconceito. Passei esse preconceito. Vi os comentários das pessoas que passavam por gordofobia, anorexia e outros distúrbios alimentares. Vou seguir falando. É um problema social, de saúde pública.

O que você pensa sobre o body neutrality, o movimento que propõe um olhar neutro sobre o físico?

Sou a favor do beauty beyond size, a beleza independente do peso. Como estudante de medicina, vejo que a maioria das doenças, existe a parte genética e a parte da alimentação. As gorduras vão se acumulando nas suas veias, artérias. Isso vai dar problema uma hora. Uma trombose, um aneurisma, um problema cardiovascular. Não sou só a favor da beleza além do peso. É ok, mas primeiro é a saúde mental. Eu fui magra, fui obesa. Estava com todos os riscos de um obeso de 130 kg, mesmo com estando com 85 kg. Eu acho que a saúde mental é mais importante. É o autoconhecimento. Amor próprio é você se enxergar e ter noção do seu valor perante o mundo, perante a sociedade. Você se valorizar, se sentir útil para o mundo. Se sentir importante, não de ego, nada a ver com mídia ou famoso. Se sentir legítimo.

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

Eu fui gorda e feliz, sim! Achei meu valor! Achei meu propósito de vida ali. Minhas estrias, minhas celulites, minhas gorduras não me incomodavam. A minha pessoa era muito f***. Então, você saber que a sua pessoa é linda, você ter essa consciência, é lindo. Eu sou a favor da saúde mental, além do tamanho. Se eu fosse criar a hashtag seria #MentalHealthBeyondSize. Não sou a favor do body positivity, que prega o amor próprio, mas não ensina! Amor próprio ok, cade o passo a passo? Amor próprio é autoconhecimento.

Como está a sua relação com seu corpo agora? Você já passou por altos e baixos em relação a isso, né?

Estou em um momento de descoberta. Estou em um momento de, como eu vou dizer, de susto. Porque de repente uma roupa que eu estava usando na semana passada, essa semana já não cabe mais em mim. Então, eu estou em um momento de redescoberta. Não consegui parar para entender essa Fani ainda porque essa Fani ainda não parou de mudar. Essa Fani está com objetivos muito saudáveis, com uma garra para poder ser livre de novo em relação a comida. Eu tive a falsa ilusão de que poderia ser uma gordinha saudável. Eu levantei essa bandeira porque eu conheço várias gordinhas saudáveis. Mas não! Eu tenho uma genética que não é boa. Então, assim, eu caí do cavalo. Eu tenho predisposição, minha mãe era diabetica. Então, um ano, 20 kg acima do peso. Eu fique obesa e prestes a ficar diabética. Estou vivendo um dia de cada vez. Positivo, mas aaaah. Sabe?

Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco (Foto: Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

E o mais importante, você está feliz com essa sua nova fase?

Estou feliz, porque estou fazendo algo por mim que eu acredito que vai ser bom, né? E tá sendo bom já, porque não estou mais com medo de ficar diabética. Tô fazendo tudo para caminhar para isso. Mesmo minhas escapadas são comunicadas para minha nutróloga, então, está tudo no controle. Eu acho que isso serve como exemplo, até para a minha própria nutróloga, que o ser humano não fica saudável da noite por dia e pronto. E não é qualquer ser humano que vai conseguir ficar 100% saudável. Eu sei que eu nunca vou ser vegana. Eu quero comer carne vermelha. É ruim por causa da indústria, é egoísmo. Mas tem certos tipo de coisa que eu não consigo. Refrigerante, é difícil. Panela de alumínio faz mal ao corpo, maionese também, gás carbônico do carro faz, quanta coisa faz e a gente sobrevive. Certos prazeres da vida eu não vou abrir mão. Ela não vai me mudar da água para o vinho. A minha nutróloga me respeita e isso me deixa a vontade.

Fani Pacheco antes e depois (Foto: Instagram/Reprodução e Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour
Fani Pacheco antes e depois (Foto: Instagram/Reprodução e Gustavo Azeredo/Divulgação) — Foto: Glamour

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