Paulo Guedes defende prioridade para a previdência independência do BC

Paulo Guedes defende prioridade para a previdência independência do BC

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, disse, nesta terça-feira (30), que cortar gastos vai ser a prioridade do novo governo e que a reforma da Previdência é urgente. Mas afirmou que o momento de votar o assunto vai ser uma decisão política.

Paulo Guedes comentou a transformação do ministério da Indústria e Comércio numa secretaria do futuro Ministério da Economia. Ele respondeu às críticas da Confederação Nacional da Indústria sobre a proposta de fusão: “Está havendo uma desindustrialização há mais de 30 anos. Nós vamos salvar a indústria brasileira, apesar dos industriais brasileiros. O Ministério da Indústria e Comércio acabou se transformando numa trincheira da Primeira Guerra Mundial. Eles estão lá com arame farpado, lama na trincheira, buraco, defendendo às vezes protecionismo, defendendo subsídios, desonerações setoriais, coisas que prejudicam a indústria brasileira. Em vez de lutar para a redução de impostos, simplificação de impostos e uma integração competitiva na economia internacional”.

Paulo Guedes defendeu a independência do Banco Central com mandatos de quatro anos para o presidente da instituição, que não coincidam com o mandato do presidente da República. Ele disse que o atual presidente do BC, Ilan Goldfajn, pode ficar no cargo. Mas que ainda não houve convite: “Eu defendo há 30 anos um Banco Central independente. O Ilan tem uma proposta de Banco Central independente. Agora, isso aí tem que combinar com os russos, né? Isso tem que combinar com a nossa equipe aqui dentro, tem que combinar com o Ilan, tem que combinar com todo mundo”.

O futuro ministro afirmou que não pretende vender US$ 100 bilhões das reservas internacionais do país. Ele disse que essa alternativa chegou a ser mencionada numa reunião durante a campanha, mas hoje é apenas uma hipótese em caso de uma crise especulativa do câmbio. O dinheiro seria usado para abater a dívida pública: “O dólar agora está R$ 3,60, para que eu vou vender dólar? Para derrubar a exportação? Para empurrar pra baixo? Isso é num cenário de crise. O que eu estou dizendo é o seguinte: se houver uma crise especulativa, nós não temos medo nenhum. Pode vir, pode especular contra, não tem problema nenhum”.

Ele também defendeu as privatizações para aumentar a eficiência da economia e reduzir os gastos públicos. Paulo Guedes disse que a prioridade do governo será o corte de gastos e que o mais urgente é aprovar a reforma da Previdência. O futuro ministro da Economia falou que concorda que a proposta apresentada pelo governo do presidente Michel Temer seja votada ainda em 2018. Mas disse que o novo governo vai apresentar uma proposta mais abrangente depois.

A previdência no Brasil, hoje, funciona no modelo de repartição. Os trabalhadores em atividade contribuem para o pagamento dos aposentados. O dinheiro é administrado pelo governo, que cobre o déficit. Paulo Guedes defende a introdução gradual de um novo modelo, de capitalização, em que cada trabalhador contribui para pagar a própria aposentadoria no futuro.

“Eu passei dois anos dizendo: aprovem a reforma da Previdência, aprovem a reforma da Previdência. Então, é evidente que eu não posso, só agora, que eu passei para o governo, botei um chapéu, vou falar: ‘não aprovem a reforma da Previdência’. Eu tenho que dizer: ‘aprovem a reforma da Previdência’. Nós vamos criar uma nova previdência, com o regime de capitalização. Mas existe uma previdência antiga que está aí. Então, além de um novo regime trabalhista previdenciário, que nós deveremos criar para as futuras gerações, nós temos que consertar essa que está aí”, declarou.

Depois da reunião com Jair Bolsonaro, ao lado do futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Paulo Guedes disse que o momento de votar a reforma vai ser avaliado politicamente: “Eu acho, na parte econômica, que nós devíamos avançar o mais rápido possível. Agora, existe um cálculo político. O nosso Onyx, corretamente, não quer que, de repente, uma vitória nas urnas se transforme numa confusão no Congresso. Se o Congresso não tiver condições de aprovar, nós não submetemos”.

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