• Vitória Batistoti
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Startup Insolar (Foto: Divulgação)

O administrador e fundador da startup Henrique (dir.) ao lado da recursos humanos e o engenheiro Lucas (centro), certificando o morador Elias como capacitado para trabalhar na instalação dos painéis fotovoltaicos da Insolar (Foto: Divulgação)

Em 2011, o administrador carioca Henrique Drumond, 34, decidiu tirar um ano sabático e fazer um trabalho voluntário em Moçambique, na África. Essa experiência lhe trouxe a oportunidade de entrar em contato com novas realidades e foi aí que ele percebeu como pequenas tecnologias podem gerar impacto na vida de muitas pessoas. Foi com esse pensamento que Henrique voltou ao Brasil, conheceu o economista carioca Michel Baitelli, colega com quem desenvolveu a startup Insolar, em 2014.

A Insolar é um negócio social que promove democratizar o acesso à energia solar no Brasil. Por isso, seu objetivo é expandir esse modelo energético às comunidades de baixa renda. Para fazer isso, o lucro que a startup ganha com instalação de painéis solares em projetos particulares é revertido para iniciativas sociais.

“Desenvolvemos um modelo de negócio visando um objetivo humanitário. Queremos usar a tecnologia para transformar comunidades ‘carentes’ em comunidades potentes”, afirma Henrique.

E a alternativa que os cariocas escolheram para alcançar esse objetivo foi explorar o alcance da energia solar. “Meu pai, engenheiro, sempre comentava que esse modelo energético deveria ser aproveitado no Brasil, pois aqui temos uma incidência solar frequente quase o ano inteiro”, diz Henrique.

A dupla também estudou como o gasto com energia afeta o orçamento familiar, principalmente em lares de baixa renda. Após esses raciocínios, não foi difícil definir qual e como seria o trabalho da Insolar.

Startup Insolar (Foto: Divulgação)

Instalação dos painéis solares na comunidade Santa Marta (Foto: Divulgação)

O projeto piloto da startup, que hoje tem na equipe o engenheiro Lucas Lima, 25, e a recursos humanos Ana Temperini, 37, foi instalar 10 painéis fotovoltaicos em uma creche da comunidade Santa Marta, na zona sul do Rio de Janeiro, em 2015.

“Em 2 meses, a creche teve a conta de luz zerada e durante os 25 anos seguintes, período em que os equipamentos duram, terá uma conta de luz 50% mais barata a cada mês”, diz Henrique. Para a implementação desse projeto, a Insolar recebeu um financiamento da Shell, da Sitawi Finanças do Bem, patrocínios de distribuidoras de energia e apoio da organização Rio+Social.

Em 2016, a startup continuou na comunidade e recebeu outro financiamento da Shell para realizar 33 projetos de instalações de painéis em outras creches, igrejas, quadra de samba, centro esportivo, associação de moradores e outras áreas comuns da Santa Marta. “Como esses equipamentos têm 25 anos de durabilidade, esse projeto oferece 185 mil dias de luz a mais para esses moradores.”

Startup Insolar (Foto: Divulgação)

Os moradores da comunidade recebem cursos de capacitação para aprender as tecnologias da energia solar (Foto: Divulgação)

A Insolar também realiza instalações em residências dos moradores, mas neste caso cobrando o menor preço possível. “Não objetivamos ter lucro nos projetos nas comunidades. Para isso, atuamos com clientes comerciais fora dali”, diz o administrador.

E nessas instalações comerciais, a startup mostra sua outra característica de capacitação profissional, já que a mão de obra que eles usam durante esses projetos são moradores da comunidade Santa Marta. “Ou seja, um cliente comercial, ao contratar a Insolar, além de gerar energia renovável, estará gerando renda para moradores de comunidades de baixa renda”, afirma Henrique.

Os moradores são capacitados tanto para integrar o mercado de trabalho quanto para eles próprios realizarem a manutenção necessárias nos equipamentos instalados pela comunidade.

Até o final desse ano, o objetivo da startup é chegar a outros comunidades pacificadas do Rio de Janeiro e migrar do modelo patrocinado para o financiado. “Nossa próxima etapa é instalar energia solar para empreendedoras das comunidades com recursos de instituições financeiras. Queremos oferecer oportunidades para que as comunidades consigam encontrar o próprio caminho para o progresso”, afirma Henrique.