Por Jornal Nacional


Flávio Bolsonaro diz que não há ilegalidade no caso da ex-assessora

Flávio Bolsonaro diz que não há ilegalidade no caso da ex-assessora

Uma ex- assessoria do gabinete do presidente eleito, Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, em Brasília, trabalhava como personal trainer no Rio de Janeiro na mesma época. Nathalia Melo de Queiroz aparece no relatório do Coaf, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, que identificou movimentações atípicas na conta do pai dela. A reportagem é de Marcelo Parreira e Andréia Sadi.

Nathalia é filha de Fabrício de Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, deputado estadual e senador eleito. Ela trabalhou como assessora de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e também como secretária parlamentar na Câmara dos Deputados, no gabinete do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

Os secretários parlamentares são funcionários escolhidos pelos deputados, sem concurso. Eles trabalham em atividades como a elaboração de discursos, pesquisas e recepção de pessoas. O registro de frequência dos secretários é feito pelos próprios gabinetes e encaminhado à Câmara.

Nesta sexta-feira (14), uma reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” revelou que Nathalia trabalhava como personal trainer nesta mesma época. A informação também foi dada pelo site O Antagonista.

Segundo a “Folha de S.Paulo”, “em 2007, aos 18 anos, Nathalia começou a atuar na vice-liderança do PP, então sigla de Flávio, onde ficou até fevereiro de 2011. De agosto do mesmo ano até dezembro de 2016, esteve lotada no gabinete do deputado estadual Flávio Bolsonaro”.

Ainda segundo a “Folha de S.Paulo”, “em sua descrição numa rede social, Nathalia identificava-se como educadora física e certificada em eletroestimulação”.

A TV Globo confirmou as informações e obteve outros detalhes. Nathalia também trabalhou como recepcionista numa academia que fica em um e shopping do Rio de Janeiro, entre 2011 e 2012, época em que era servidora da Assembleia do estado.

Em dezembro de 2016, Nathalia foi nomeada na Câmara dos Deputados como secretária parlamentar e lotada no gabinete de Jair Bolsonaro. Mudou de cargo duas vezes. Nos últimos meses, recebeu um salário bruto de R$ 10.088,42.

Pessoas que contrataram Nathalia como personal trainer confirmaram, por exemplo, que ela trabalhava inclusive em dias de semana, em horário comercial. Uma cliente disse que era atendida rotineiramente por Nathalia em dias úteis, entre 8h e 10h. O cargo dela na Câmara dos Deputados prevê 40 horas semanais no gabinete.

Nathalia apagou os perfis em redes sociais, mas o JN teve acesso a fotos dela publicadas anteriormente. Em uma delas, ela aparece como personal trainer em um evento no dia 20 de abril de 2018, uma sexta-feira, à tarde. Os empregadores de Nathalia para o evento explicaram que não sabiam da função dela no gabinete parlamentar.

No início da semana, o presidente eleito foi questionado sobre a funcionária do gabinete dele, Nathalia. Respondeu: “Ah, pelo amor de Deus, pergunta para o chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários comigo”.

Nesta sexta-feira (14), o JN procurou o chefe de gabinete de Bolsonaro, Pedro Cesar Nunes Ferreira Marques de Sousa. No gabinete da Câmara, informaram que ele está trabalhando na sede do governo de transição, no CCBB. Lá, também não foi encontrado. Disseram que ele só aparece quando Bolsonaro tem agenda no local.

No relatório do Coaf, o nome de Nathalia está associado a uma transferência de R$ 84 mil para a conta do pai dela, Fabrício de Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, ao longo de 13 meses, incluindo o período em que ela já era assessora no gabinete de Jair Bolsonaro. O conselho aponta que a movimentação financeira para Fabrício era suspeita.

Na quinta-feira (13), numa rede social, Flávio Bolsonaro disse que não fez nada de errado, que é o maior interessado em que tudo se esclareça, mas que não pode se pronunciar sobre algo que não sabe o que é, envolvendo um ex-assessor.

Fabrício Queiroz foi convocado pelo Ministério Público para prestar depoimento semana que vem.

A assessoria do deputado Flávio Bolsonaro disse que não há qualquer ilegalidade ou irregularidade na atuação de Nathalia Queiroz e que a descentralização de gabinetes e funcionários é permitida por ato da mesa diretora da Alerj.

A assessoria do presidente eleito, Jair Bolsonaro, não retornou as ligações da equipe do Jornal Nacional.

Também não tivemos retorno de Nathalia Queiroz e não conseguimos contato com Fabrício Queiroz.

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