Política

Em ato pró-governo, professora faz 'protesto solitário' contra corte na educação

Valéria Mattos diz que votou em Bolsonaro, mas discorda de corte de verbas para universidades
Professor protesta contra corte de verbas para universidades em Copacabana em ato pró-governo Foto: Renan Rodrigues/Agência O Globo
Professor protesta contra corte de verbas para universidades em Copacabana em ato pró-governo Foto: Renan Rodrigues/Agência O Globo

RIO — A professora municipal Valéria Mattos, de 60 anos, decidiu enfrentar o olhar de reprovação e aproveitar o ato pró-governo Jair Bolsonaro para protestar contra os cortes feitos nas universidades. Sozinha, ela pede mais investimos na área.

— Votei no Bolsonaro porque queria uma mudança radical, mas sou contra essa medida. Precisamos de mais livros e menos armas. O povo está com fome, está desempregado — diz Valéria Mattos.

A professora decidiu enfrentar as caretas de reprovação da multidão para demonstrar a insatisfação contra o corte na educação, que, para ela, precisa de mais investimentos:

— Muita gente passa e faz careta para mim. Estou sozinha. Jamais podia esperar que ele (Bolsonaro) fizesse um corte na educação, na pesquisa. O Brasil é referência em pesquisa.

No Rio, o ato começou às 9h na Orla de Copacabana . Um boneco de 3,5 metros de altura em alusão ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi levado elos manifestantes. O boneco tinha uma camisa em que, na parte de trás, vinha escrito "Judas".

As manifestações contra cortes de recursos para universidades aconteceram após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ter anunciado, inicialmente, um contingenciamento a três instituições: a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", ele falou que instituições que promovessem "balbúrdia" teriam recursos contingenciados. Depois os cortes foram estendidos a todas as universidades.

'Recados' contra 'velhas práticas'

Em vista a Igreja Batista Atitude da Barra, na Zona Oeste do Rio, o presidente afirmou que o povo está indo às ruas neste domingo nos atos pró-governo para "defender o futuro da nação" e dar um recado para "aqueles que teimam, com velhas práticas, não deixar que esse povo se liberte".

— Hoje é dia que o povo está indo às ruas para defender o futuro dessa nação. Com firme propósito de dar recado para aqueles que teimam, com velhas práticas, não deixar que esse povo se liberte. Agradeço mais uma vez a consideração e a simpatia de todos — afirmou o presidente.

Os atos em favor do governo foram registrados em ao menos 11 estados e o Distrito Federal. Os manifestantes defendem projetos da gestão do presidente, como a Reforma da Previdência e o pacote anticrime e anticorrupção, apresentado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro. Há ainda cartazes contra o "centrão" e o Supremo Tribunal Federal ( STF ).

O presidente está no Rio, onde participou do casamento do filho , o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), mas não vai participar dos atos. Ele foi à igreja frequentada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro . Pelo Twitter, Bolsonaro apoiou o comparecimento nos atos .