Por G1 CE


Edmilson Filho (à esquerda) e Halder Gomes (centro) no set de filmagens — Foto: Divulgação

O cineasta Halder Gomes, diretor de Cine Holliúdy, celebrou a lembrança do filme em uma redação nota máxima no Enem. O cearense Daniel Gomes, de 25 anos, citou a obra de Halder para retratar sobre a "Democratização do acesso ao cinema no Brasil", tema do exame em 2019.

"É uma alegria imensurável essa notícia de que o Cine Holliúdy foi citado em uma redação nota mil. Recebi muitas mensagens de que o filme havia sido citado, exatamente nesse referência da democratização do cinema, de um cara que tem um sonho, luta pelo seu cinema quando no interior do Ceará, em uma época – no Nordeste e até no Brasil inteiro –, tinha cinema nos interiores e hoje pouquíssimos têm", relata Halder Gomes.

Na redação, Daniel cita a transformação ocasionada pela chegada do cinema a uma cidade do Ceará. Ele aponta ainda a falta de políticas públicas para que as salas cheguem a mais municípios.

""O filme 'Cine Hollywood' narra a chegada da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade", diz um trecho da redação. Veja a íntegra do texto abaixo.

Personagem principal de 'Cine Holliúdy' tem o sonho de manter um cinema no interior do Ceará — Foto: Divulgação

"Trazer esse questionamento à tona é especial, principalmente porque o filme já tem seis anos desde que foi lançado e continua atemporal, provocando o imaginário. Não só pela sua qualidade artística, como também pelo que ele representa, o fenômeno de bilheteria que foi, mas também da transformação das pessoas de lembrarem dele num momento de falar sobre o assunto sério", diz Halder.

'Inconsistências' na correção

Governo reconhece falha no processo de correção das provas do Enem

Governo reconhece falha no processo de correção das provas do Enem

Na manhã de sábado (17), após a divulgação da nota das provas do Enem, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que foram encontradas "inconsistências na contabilização e correção da segunda prova do Enem do ano passado".

Segundo o ministro, o erro atingiu "alguma coisa como 0,1%" dos candidatos que prestaram o exame – o equivalente a 39 mil candidatos. Já Alexandre Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, afirma que a falha "não vai chegar nem a 9 mil pessoas”.

Até a noite de sábado, o MEC e o Inep ainda não tinham divulgado um balanço do número de candidatos afetados.

Veja íntegra da redação nota mil

Rascunho redação Enem 2019 — Foto: Arquivo Pessoal/Daniel Gomes

A pedido do G1, Daniel Gomes enviou a íntegra da redação avaliada com nota 1 mil no Enem 2019. Confira o texto abaixo:

"O filme 'Cine Hollywood' narra a chegada da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de parte das empresas que trabalham com a ‘’sétima arte’’ contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.

"Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura exerce na administração do país. Instituído para se rum órgão que promova a aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro.

"Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor – como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar esses espaços.

"É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em ‘’Cine Hollywood’’ poderá ser visualizada na realidade de mais brasileiros."

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