Empreenda

Por Weruska Goeking, Valor Investe — São Paulo

A crise do coronavírus e seus impactos no mercado de trabalho devem trazer algumas mudanças que vão perdurar. Uma delas é o "home office", o popular trabalho em casa, que deve saltar 30% após o período de distanciamento social.

É o que aponta um estudo do coordenador do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Miceli.

Para enfrentar esse novo cenário que se desenha rapidamente, líderes de negócios precisam pensar, testar e compreender que a tecnologia é, cada vez mais, um ativo humano, aponta o professor.

O especialista cita como exemplos setores como as vendas on-line e o ensino à distância, que devem crescer 30% e 100%, respectivamente, na fase pós coronavírus. Mas o "home office" deve se espalhar por diversos setores.

Miceli ressalta que a adoção emergencial do trabalho remoto foi a principal mudança nas relações de trabalho devido a pandemia e, com isso, as culturas organizacionais e estruturais tendem a mudar. Para ele, a modalidade é um caminho sem volta.

Para funcionar, o professor da FGV afirma que as empresas precisarão repensar seus processos internos, quem fica responsável pelo o que e como otimizar as relações internas.

E a produtividade? O professor acredita que essa não deve ser uma preocupação de gestores de equipe, uma vez que esse modelo de trabalho promove um aumento de 15% a 30% na produtividade do funcionário.

"O 'home office' já se mostrou efetivo. Aliado a isso, você tira carros da rua, você desafoga o transporte público, você mobiliza a economia de outra forma. E você faz com que as pessoas tenham mais tempo para cuidar da saúde delas e que elas possam usufruir de coisas que lhe dão prazer. Sem que você tenha uma redução das entregas e do faturamento", ressalta o professor da FGV.

Dados da consultoria Hays apontam que o número de trabalhadores em "home office" já havia crescido 51% entre 2017 e 2018.

"Muitos negócios já preferem adotar práticas que estimulem o bem-estar e a autonomia do funcionário, em detrimento de um regime mais fechado", diz o professor.

André Miceli ressalta que em um momento de instabilidade como o atual, é preciso ser flexível com estruturas e modelos corporativos para prosperar.

Portanto, a comunicação, de acordo com ele, deve ser centralizada em canais específicos para que instruções claras sobre procedimentos continuem na rotina dos clientes, consumidores e colaboradores.

"A adoção de metodologias ágeis também permite uma resposta mais rápida aos novos desafios do dia a dia. O processo de análise, reorganização e tomada de decisão precisa acompanhar o ritmo das mudanças", afirma Miceli.

Outra tendência do mercado de trabalho apontada pelo professor é a flexibilização dos cargos dentro das companhias.

A figura de liderança não mais fica restrita a uma única pessoa, podendo ser estendida a outros membros da equipe dependendo do momento do projeto, afirma Miceli.

"Esta mudança, na realidade, é algo que ocorrerá gradualmente, ao mesmo tempo em que os resultados destas novas práticas são analisados", explica o professor em seu estudo.

A privacidade de dados é mais uma questão importante quando se trata de trabalho remoto. Segundo pesquisa da Cyber Security Insights, cerca de US$ 6 trilhões serão investidos até 2021 na área de segurança de dados para evitar o vazamento de informações sensíveis e invasões a sistemas e redes.

No Brasil, cerca de 53% das empresas ainda precisarão treinar funcionários em políticas e práticas de privacidade, embora 56% delas já tenham uma estratégia geral de segurança de informação.

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