Por Tatiana Santiago, G1 SP


Homem trabalha em empresa de celulose — Foto: Estadão Conteúdo

Pesquisa da Rede Nossa São Paulo divulgada na manhã desta terça-feira (13) mostra que 70% dos paulistanos avaliam que o preconceito e a discriminação contra a população negra se mantiveram igual ou aumentaram nos últimos 10 anos na cidade de São Paulo.

A percepção de que a discriminação aumentou é maior entre os entrevistados pretos e pardos. Segundo a população negra, o racismo aumentou para 39% dos ouvidos. Já para 38% dos não negros, o racismo se manteve no mesmo patamar e para outros 19% diminuiu.

“Isso mostra que, de alguma forma, o paulistano em geral percebe a presença do preconceito e do racismo na cidade de São Paulo. É notório que a população negra é a que mais sente, por isso tem uma percepção maior”, afirmou Américo Sampaio, gestor de projetos da Rede Nossa SP.

Perfil dos entrevistados que avaliam a discriminação contra a população negra na cidade de SP — Foto: Rede Nossa SP

Os paulistanos das regiões Central e Sul são os que mais consideram que o preconceito contra a população negra se manteve, 45% dos entrevistados, enquanto para os da Zona Oeste, que diminuiu (35%).

O perfil dos entrevistados que acham que o racismo aumentou é formado por jovens de 16 a 24 anos (42%), mulheres (37%), mais pobres (37%) e da classe C (35%). Para Sampaio, o perfil mostra justamente a população mais vulnerável. “A pesquisa revela que é o perfil é muito estereotipado e são os segmentos que mais percebem o racismo”, declarou.

A diferença no tratamento de pessoas é mais acentuada entre os que se autodeclaram pretos ou pardos, principalmente nem locais relacionados ao comércio e prestação de serviços, como lojas, restaurantes, bares, cinemas, supermercados e farmácias.

“O preconceito sempre acaba sendo do outro, o paulistano acaba tendo esse perfil dúbio”, disse Américo Sampaio.

Percepção de racismo contra população negra dos paulistanos — Foto: Rede Nossa SP

Mercado de Trabalho

Para 2/3 dos entrevistados, as pessoas negras têm menos oportunidades no mercado de trabalho ou no próprio ambiente de trabalho do que as pessoas brancas. Entre os negros e pardos, 73% acreditam que existe discriminação nas oportunidades. Já entre os brancos, 60% acreditam que há preconceito na hora de contratar uma pessoa com pele escura.

Moradores das regiões Oeste (71%) e Sul (70%) são os que mais afirmam que pessoas negras têm menos oportunidades no mercado de trabalho do que pessoas brancas.

Dois terços dos paulistanos acreditam que população negra tem menos oportunidades no trabalho — Foto: Rede Nossa SP

Políticas Públicas

Pouco mais de ¾ da população paulistana avalia que a administração municipal tem feito pouco ou nada para combater o preconceito e a discriminação em São Paulo.

“Esse dado revela que a discriminação é muito alta na cidade de São Paulo. Você não tem um foco específico para a população negra, não há políticas públicas, que é um erro”, afirmou Sampaio.

Para 27% dos entrevistados, a administração municipal não tem feito nada para combater o preconceito e discriminação em São Paulo.

Para 50% dos paulistanos, a administração municipal tem feito pouco para combater o preconceito e a discriminação na cidade. Outros 10% dizem que a Prefeitura de São Paulo tem feito muito pouco e outros 13% não sabem ou não responderam.

Em nota, a Prefeitura de São Paulo, disse que "a Coordenação de Promoção de Igualdade Racial, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, vem trabalhando constantemente para promover a inclusão e ampliar as oportunidades para a população negra em todo o município, apoiando e fazendo parte de iniciativas diversas neste sentido".

Administração municipal tem feito pouco ou nada para combater o preconceito para 3/4 dos paulistanos — Foto: Rede Nossa SP

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