Por Caio Fulgêncio e Quésia Melo, G1 AC — Rio Branco


Festival reúne 11 caminhões de comida, um de chopp e um de cinema — Foto: Divulgação

Após passar por mais de 80 municípios, o ‘Food Truck Festival’ chegou em Rio Branco com 11 caminhões de comida, um de chopp e um de cinema. O evento começa nesta quinta-feira (17), às 18h, e segue até 21 de agosto na Arena da Floresta. Ao G1, a organizadora do festival, Michele Velho, de 31 anos, diz que o evento reúne comidas gourmet como churros, hambúrgueres, sorvetes e nachos.

“São 11 receitas, uma em cada caminhão, todas bem variadas. Um dos exemplos é o ‘hot dog’ americano, o ‘black box’, que não leva salsicha, mas uma linguiça Blumenau, defumada, acompanhado de cebola crispy com queijo parmesão em um pão verde. Também temos o ‘El Loco’ que trabalha com comida estilo californiana. Então, a variedade é grande”, destaca.

Michele conta que o festival é realizado todo final de semana em uma cidade diferente do país. A ideia, segundo ela, surgiu em setembro de 2015 na cidade de Concórdia (SC), onde mora. A mulher sempre trabalhou na organização de eventos. Foi nessas atividades que sentiu a necessidade de uma comida de qualidade.

“A minha maior reclamação nos eventos era a qualidade da gastronomia. Então, eu precisava de algo diferente e minha irmã comentou sobre os food trucks que haviam surgido em Florianópolis. Convidei alguns para participar, mas naquele final de semana, de quinta a domingo, choveu 80 mm e isso quase alagou a minha cidade. Mesmo assim, 16 mil pessoas foram ao local, em uma cidade de 80 mil habitantes”, lembra.

Festival já passou por mais de 80 municípios, segundo organização — Foto: Divulgação

Após o primeiro evento, Michele entendeu que o que realmente atraiu o público foi o diferencial no atendimento, qualidade da alimentação, o ambiente cativante e nada convencional. A partir daí começaram as primeiras viagens pelo Brasil, ainda em fevereiro de 2016.

Com o tempo, o festival despertou a curiosidade de prefeituras e também de outras pessoas, que passaram a pedir a realização em diferentes cidades. Michele e os food trucks começaram por Santa Catarina e seguiram para Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rondônia e agora o Acre.

“O festival passa na cidade automaticamente uma vez a cada ano. A gente faz todo um estudo econômico através da internet para ver se existem food trucks na cidade, se possui pesquisas com interesse sobre isso e também a renda financeira. Tudo para ver se vale a pena”, explica.

Festival reúne opções gastronômicas gourmet como como churros, hambúrgueres, sorvetes e nachos — Foto: Divulgação

Após Rio Branco, Michele diz que eles têm interesse em seguir para Cruzeiro do Sul, distante 648 km da capital acreana, mas temem problemas na BR-364 e ainda devem definir se vão passar pelo município. Em seguida, o festival deve seguir para Humaitá e Manaus, cidades no Amazonas.

Para a empresária, as viagens são importantes para desmistificar estereótipos sobre cidades que não são da Região Sul. Ela destaca ainda o desenvolvimento encontrado em estados como Mato Grosso, Rondônia e Acre e o potencial econômico e social de cada um deles.

“Sabe aquela brincadeirinha de vamos separar o Sul do resto do Brasil? As pessoas não têm noção do que tem aqui em cima, acredito que até um pouco por causa da mídia, que acaba não mostrando tudo que se tem de bom, mas tem um baita potencial. Até brinquei dizendo que queria ser organizadora de eventos aqui no Acre”, brinca.

Sorvete da Sorte

O catarinense Luiz Carlos Morfim, de 25 anos, é dono do food truck “Sorvete da Sorte” que é baseado em sorvetes americanos com casquinha colorida e coberto de Nutella e Kit Kat. Antes de dirigir o caminhão, Morfim trabalhou no ramo de publicidade, mas sempre foi envolvido com gastronomia, em um restaurante da família.

Luiz Morfim diz que festival é sucesso devido ao fator novidade — Foto: Divulgação

O proprietário do food truck conta que o surgimento da gastronomia neste formato é muito interessante, mas o grande desafio é conseguir manter o caminhão. Ele lembra que a inauguração do Sorvete da Sorte foi muito boa, mas em seguida chegou a época de frio e chuva na região onde mora.

“Conhecemos a Michele, começamos a fazer os eventos e a seguir viagem. A partir de então, não paramos mais. Começamos participando uma vez por mês, depois uma vez a cada 15 dias, toda semana e agora estamos nessa loucura de viajar o Brasil inteiro. Já passamos por boa parte do Brasil levando a gastronomia do Sul para todo o país”, destaca.

Morfim fala que o sucesso do festival é causado pelo “fator novidade”. Para ele, esse é o segredo, pois toda vez que o grupo chega a uma cidade, o público acaba sendo atraído. Além disso, em cada local, eles encontram muita diversidade cultural e adquirem várias experiências.

“Temos uma visão muito diferente antes de sair da nossa realidade em Florianópolis, as cidades são parecidas, próximas uma da outra. Aqui, temos que andar até 500 km para chegar em outra cidade, é outra realidade. No Acre, as pessoas recepcionam muito bem, existem municípios que são mais fechados”, relata.

Sorvete vendido no food truck tem casquinha colorida e é coberto de guloseimas — Foto: Divulgação

Para Morfim, a principal diferença entre ter um restaurante fixo e um food truck é sair da zona de conforto e da rotina, se reinventando todos os dias. Além disso, na estrada, é preciso correr atrás do público alvo ao invés de esperar que ele vá até você.

“A ideia é levar a novidade para todo o Brasil. Então, saímos da nossa zona de conforto e vamos em busca do diferente. Na cidade, existe uma sorveteria em cada esquina. Então, o divertido de viajar, além de conhecer outras culturas e lugares, é que entre uma horinha e outra sempre tentamos fazer um passeio diferente”, finaliza.

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