Por Alba Valéria Mendonça e Daniel Silveira, G1 Rio


Maurice Capovilla dirigiu o filme 'Subterrâneos do futebol' — Foto: Divulgação / Sesc Arsenal

Morreu, no sábado (29), no Rio, o cineasta, ator, roteirista e produtor Maurice Capovilla, de 85 anos. A morte de Capô, como era chamado, foi confirmada pela mulher dele, Marília Alvim, em suas redes sociais.

O corpo de Capovilla vai ser cremado neste domingo (30), no Crematório da Penitência, no Caju, na Zona Portuária. O velório está marcado para a partir das 15h, quando está prevista a chegada do corpo à Capela 5.

Segundo a cunhada Heloísa Alvim, Capovilla morreu em casa, onde estava acamado. Ele sofria de Alzheimer há cinco anos e já não falava nem andava mais.

"Mas Capô até alguns meses atrás ainda conseguia escolher filmes e ensinar o valor do cinema para minhas netas. Ele era incrível mesmo doente. Elas ficavam lá quietinhas, vendo com ele e discutindo. Um verdadeiro mestre", disse a cunhada.

Capô e a mulher, Marília Alvim, estavam juntos há 39 anos, mas não tiveram filhos. O cineasta porém, teve quatro filhos sendo Lia, Matias e Adriana do primeiro casamento, e Mayra, do segundo. Os filhos lhe deram cinco netos - dois do primeiro casamento e três do segundo.

'Alzheimer tomou conta da minha memória implacável'

Em 20 de fevereiro de 2020, Capô publicou em seu perfil no Facebook um texto de despedida em que destacava o avanço da doença. Segundo a cunhada, Heloísa, o texto foi publicado por ele próprio.

"Grande abraço a todos - Capô

Nesta quinta-feira vou me despedir para sempre, peço desculpas aos meus amigos e amigas. Aconteceu o que estava previsto há muito tempo, o Alzheimer que tomou conta da minha memória implacável assim para sempre. Vou sentir saudades mas devo um grande abraço a todos vocês que me acompanharam".

Nascido em Valinhos (SP) em 1936, Capovilla estreou como cineasta nos anos 1960, com a direção do curta-metragem "União", em 1962. Entre os outros curtas dirigidos por Capovilla destaca-se o documentário "Subterrâneos do futebol", de 1964.

Dirigiu seu primeiro longa-metragem "Bebel, garota propaganda" em 1968, com roteiro escrito por ele mesmo. Capovilla se baseou no conto "Bebel que a cidade comeu", de Ignácio de Loyola Brandão.

Nos anos 1970 dirigiu as séries Globo Shell e o programa Globo Repórter, da TV Globo. Nos anos 1980, foi diretor de núcleo da Rede Bandeirantes.

Na Globo Shell, Capô dirigiu uma série especial sobre crianças, produzida em São Paulo, que foi ao ar em março de 1973. O roteiro do também cineasta Jean Claude Bernadet, dividia o assunto em seis tópicos: A Criança na Família; A Criança fora da Família; Criança e Criatividade; Criança e Escola; Criança e Meios de Comunicação; Criança e Sociedade de Consumo.

A narrativa da série trabalhava basicamente com três elementos: depoimentos de crianças em som direto; entrevistas com pais, professores e especialistas no assunto, também com som direto; e o texto narrado por Cid Moreira.

Já no Globo Repórter, Capô assinou com Rudá de Andrade a biografia de Guimarães Rosa, Manuel Bandeira e Oswald de Andrade para o documentário Do Sertão ao Beco da Lapa (e o mundo de Oswald), exibido no dia 27 de novembro de 1973.

Seu último longa como diretor foi "Harmada", em 2003, no qual também fez o roteiro. Como ator, seu último trabalho foi em 2005, no filme "Donde comienza el camino".

Veja parte da obra deixada por Capô:

  • Donde comienza el camino (2005) [ator]
  • Harmada (2003) [roteirista, diretor]
  • O Boi Misterioso e o Vaqueiro Menino (1980) [roteirista, diretor]
  • Bububu no Bobobó (1980) [roteirista]
  • O Todo Poderoso (1979) (telenovela) [diretor]
  • O Jogo da Vida (1977) [roteirista, diretor]
  • A Noite do Espantalho (1974) [roteirista]
  • Vozes do Medo (1972) [roteirista, diretor] (segmento "Júlia Miranda")
  • Noites de Iemanjá (1971) [roteirista, diretor]
  • O Profeta da Fome (1970) [roteirista, diretor]
  • Audácia (1970) [ator]
  • O Ritual dos Sádicos (1970) [ator]
  • O Bandido da Luz Vermelha (1968) [ator]
  • Bebel, Garota Propaganda (1968) [roteirista, diretor]
  • Brasil Verdade (1968) [roteirista] (segmento "Os Subterrâneos do Futebol")
  • Lance Maior (1968) [produtor associado]

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