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Cesta de hortifruti (Foto: Creative Commons - Flickr Nick Saltmarsh)

Cesta de hortifruti (Foto: Creative Commons - Flickr Nick Saltmarsh)

Antes da pandemia do novo coronavírus, a empresa Bem Caipira, de Bauru, dividia as vendas de ovos entre empórios, pequenas mercearias e o mercado de food service. Mas com as medidas de isolamento anunciadas em março, a comercialização direta para consumidores finais cresceu e passou a representar 30% do faturamento. A empresa faz parte de um grupo de produtores rurais que intensificaram o relacionamento direto com os consumidores para sobreviver à crise. E quem não tinha essas ferramentas e passar a fazer entregas.

“O maior desafio é sem dúvida a logística”, afirma Diogo de Camargo, um dos sócios da Bem Caipira. A empresa tem um e-commerce para venda de um plano mensal de entrega de ovos e aceita pedidos pelo Instagram. “Já tínhamos dado o pontapé inicial no desenvolvimento dessa modalidade de canal de venda, mas a pandemia acelerou o processo. Precisamos estar com a produção saudável, equilibrando estoque e venda de forma a garantir que não falte produto para o cliente nem que aumente a quantidade para além do estoque de segurança”, diz.

O produtor da Bem Caipira também destaca outro ponto importante: a roteirização das entregas para reduzir o custo com o transporte. “Além do roteiro, é fundamental entender ocupação do transporte para otimizar o custo frete. O ideal é concentrar os pedidos o máximo possível. Quanto maior for o valor dos produtos transportados, melhor é o aproveitamento do frete”, completa.

Assim como no caso da empresa de ovos, o maior desafio para o produtor Keller Gomes é a logística. Dono de uma fábrica de laticínios para produção de queijos e doce de leite, a Gubin’s, Gomes viu os pedidos de entregas dobrarem. “Eu não estava acostumado com uma demanda tão grande, mas é uma questão de adequação com o uso de ferramentas de localização para montar o melhor itinerário”, diz o produtor, também de Bauru.

Com a queda nas vendas nas feiras, a produtora Juliana Monteiro da Silva, de Promissão, também reforçou a venda direta para os clientes de legumes e verduras. “Um dos desafios com essa fase é a sobra de mercadorias. Tento produzir com qualidade e diversidade para atender a todos os gostos. O trabalho direto com o consumidor final é muito mais lucrativo e certamente vou continuar a investir nessas vendas”, diz.

Na avaliação do consultor do Sebrae-SP Marcelo Rondon Bezerra, a aproximação do produtor com o consumidor é um caminho que vai ser cristalizado durante a crise. Os clientes deverão se acostumar com a comodidade de receber produtos em casa, dando preferência para alimentos frescos, de qualidade e que valorizam o mercado local. “O produtor deve aprender a ter vários tipos de clientes: os mercados, cooperativas, feiras livres, merenda escolar, lembrando que seu antigo cliente deve ser valorizado como os novos”, reforça.