Rio

Intervenção anuncia o fim de 12 UPPs e mudanças em outras sete unidades

Algumas unidades serão absorvidas, e área será patrulhada por homens de UPP vizinha
Policiais da UPP da Rocinha, comunidade da Zona Sul do Rio Foto: Agência O Globo
Policiais da UPP da Rocinha, comunidade da Zona Sul do Rio Foto: Agência O Globo

RIO - O Gabinete de Intervenção Federal decidiu extinguir 12 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Outras sete serão absorvidas por outras unidades. A decisão foi tomada com base em um estudo da PM que aponta que certas unidades estão em locais de grandes confrontos , onde as forças de segurança perderam o controle. O relatório foi elaborado por uma comissão de policiais do Estado Maior e da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP).

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Duas unidades já tiveram suas atividades encerradas: Batan e Vila Kennedy, ambas na Zona Oeste. Além dessas, também serão extintas as UPPs da Rocinha, Caju, Camarista Méier, Cidade de Deus, Coroa/Fallet/Fogueteiro, Prazeres, Lins, São Carlos, São João e Mangueirinha — próxima unidade a encerrar suas atividades, segundo o calendário da intervenção.

A Secretaria de Segurança estuda transformar algumas unidades em batalhões com perfil operacional, caso da Rocinha — onde, segundo o diagnóstico da PM, agentes da UPP pararam de patrulhar 51% da favela. A unidade tem o maior contingente de policiais entre todas as UPPs: lá estão lotados cerca de 700 homens. Se aprovado, o efetivo do novo batalhão seria mais enxuto, e contaria com o apoio do Batalhão de Choque e do Bope, que seguiriam ocupando a favela. PMs com perfil de proximidade seriam realocados em outras favelas onde o programa é bem-sucedido.

Nas unidades que serão absorvidas, a estrutura da UPP continuará existindo, mas a área vai passar a ser patrulhada por homens da unidade vizinha. É o caso da UPP Cerro-Corá, no Cosme Velho, que será unificada com a unidade Santa Marta, em Botafogo. Outras UPPs que serão unificadas serão as do Complexo do Alemão e da Penha.

Após a saída das UPPs das favelas, o Comando de Operações Especiais (COE) vai passar a fazer uma série de ações nos locais. Todos os PMs atualmente lotados nas unidades que serão extintas vão passar a reforçar os batalhões responsáveis pelas áreas de cada UPP.

A UPP Camarista Méier, no Lins de Vasconcelos Foto: Mônica Imbuzeiro - 01/12/2013 / Agência O Globo
A UPP Camarista Méier, no Lins de Vasconcelos Foto: Mônica Imbuzeiro - 01/12/2013 / Agência O Globo

O estudo sobre as condições das UPPS foi apresentado ao ex-secretário de Segurança Roberto Sá em agosto do ano passado. Apesar do diagnóstico, ele e o então comandante da PM, coronel Wolney Dias, decidiram não recuar com o projeto de pacificação. Símbolo do processo de pacificação em favelas cariocas, a 1ª UPP nasceu no Morro Dona Marta, em Botafogo. A última delas foi instalada na Vila Kennedy. O projeto chegou a ser considerado um dos mais importantes na área de segurança.

Um levantamento feito pelo aplicativo Fogo Cruzado, a pedido do GLOBO, não deixa dúvidas de que as UPPs já não são capazes de garantir a segurança dos 600 mil moradores das comunidades onde estão instaladas as 38 unidades. De julho de 2016 a fevereiro deste ano, foram registrados 3.014 tiroteios nessas favelas , cerca de 150 confrontos por mês.