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Após quase 10 milhões de testes em Wuhan, China detecta apenas 300 casos assintomáticos

Segundo autoridades locais, todos os casos são de pessoas que não transmitem a Covid-19
Profissional da saúde testa homem para o Covid-19 em Wuhan, marco zero da pandemia, onde as autoridades ordenaram que todos os 11 milhões de moradores sejam testados para a doença Foto: HECTOR RETAMAL / AFP / 19-05-2020
Profissional da saúde testa homem para o Covid-19 em Wuhan, marco zero da pandemia, onde as autoridades ordenaram que todos os 11 milhões de moradores sejam testados para a doença Foto: HECTOR RETAMAL / AFP / 19-05-2020

PEQUIM – A China realizou testes de coronavírus em quase 10 milhões de pessoas , em pouco mais de duas semanas, em Wuhan, cidade onde a pandemia começou e, segundo as autoridades, não foram encontrados novos casos de doentes. Mas 300 pessoas assintomáticas foram detectadas nos testes. A China não contabiliza portadores assintomáticos como casos confirmados.

Esperança, medo e luto: Wuhan após a quarentena causada pelo novo coronavírus

Com medo de uma segunda onda de infecções, Wuhan lançou o programa amplo de testagem, entre 14 de maio e 1º de junho. No período, 9,9 milhões de pessoas foram testadas na cidade, que tem 11 milhões de habitantes e ficou sob quarentena total entre 23 de janeiro e 8 de abril.

Segundo Lu Zuxun, especialista em saúde pública da Universidade de Ciência e Tecnologia de Wuhan, os 300 resultados positivos eram de pacientes assintomáticos e não infecciosos. As autoridades chinesas informaram que nenhum vestígio do vírus foi detectado em itens usados por essas 300 pessoas, como máscaras, escovas de dentes e telefones, ou em maçanetas de portas e botões de elevador que tocavam.

Foram feitos meio milhão de testes por dia. Moradores formaram filas por toda a cidade em locais improvisados, instalados em tendas, estacionamentos, parques e áreas residenciais. O custo para realizar os testes em toda a cidade foi de aproximadamente 900 milhões de yuans (cerca de US$ 126 milhões).

O vírus apareceu pela primeira vez em Wuhan, no final do ano passado, mas os casos diminuíram drasticamente desde o pico alcançado em meados de fevereiro.

O número oficial de mortos na China chegou a 4.634, a maioria em Wuhan, um total muito mais baixo do que em outros países menos populosos. Foram 83.022 infecções relatadas no país.

Médico morre

O imprensa oficial chinesa também informou nesta terça que um médico de Wuhan foi primeiro morto pela Covid-19 em semanas no país.

O urologista Hu Weifeng, de 40 anos, trabalhava no Hospital Central de Wuhan, onde o patógeno foi detectado primeiro no final de 2019. Ele morreu após passar mais de quatro meses doente, relatou a emissora de televisão CCTV.

Foi o o sexto médico do hospital a morrer de coronavírus. A morte de seu colega Li Wenliang, de 34 anos, em fevereiro, provocou fortes protestos no país. Li havia sido advertido pelas autoridades locais por suas mensagens de alerta nas redes sociais diante dos primeiros casos do novo coronavírus.

A China não forneceu dados oficiais sobre o pessoal de saúde morto pelo novo coronavírus, mas pelo menos 34 médicos receberam honras póstumas. Em fevereiro, a Comissão Nacional de Saúde informou que 3.387 profissionais de saúde haviam sido infectados.