• por Bianca Alves
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O kefir é rico em micro-organismos que ajudam no funcionamento da flora intestinal (Foto: Shutterstock)

O kefir é rico em microorganismos que ajudam no funcionamento da flora intestinal (Foto: Shutterstock)

Kefir, kombucha e outros alimentos fermentados parecem ser a bola da vez, quando se fala de saúde e dieta. Eles estão ficando cada vez mais populares por ajudarem da digestão, diminuindo sintomas como inchaço e mal estar após refeições

Apesar de estarem na moda, esse tipo de alimento é obtido a partir de uma técnica milenar, que faz com que o produto se torne rico em probióticos, essenciais para a flora intestinal. A fermentação acontece quando as comidas são deixadas em repouso, até que os açúcares e carboidratos se tornem agentes promotores de bactérias saudáveis ao nosso organismo. Isso já fazia parte da dieta de nosso ancestrais, e agora ganha um ressurgimento após uma série de pesquisas comprovarem seus poderes na imunidade, digestão, proteção e até saúde emocional.

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A fermentação e seus benefícios

Segundo um artigo publicado pelo periódico acadêmico Current Opinion on Biotechnology, em 2017, a "fermentação pode ser vista como um método biológico de preservação de alimentos. A comida produzida desta maneira tem um risco reduzido de contaminação, quando enriquecida em produtos finais antimicrobianos, como ácidos orgânicos, etanol e bacteriocinas".

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Dessa forma, novos sabores e texturas são gerados com a fermentação. Além disso, consumo faz com que a microbiota intestional receba novos microorganismos que facilitam a absorção de nutrientes e combatem os processos inflamatórios.

Os benefícios também são significativos para o cérebro. Um estudo realizado por cientistas da Escola Médica de Harvard e o Hospital Geral de Massachussets aponta que esse tipo de comida pode ajudar no funcionamento do cerebral, em virtude da ação microbiana que foi aplicada ao alimento ou bebida. A partir dessas substâncias vivas, há um controle maior do nosso índice glicêmico, produção de bioativos importantes na comunicação do cérebro com o resto do corpo. 

A empresa alemã de delivery de produtos frescos, Hello Fresh, acredita que, ao ingerir esses fermentados, estamos repondo as bactérias intestinais, que foram destruídas pelo consumo constante de alimentos industrializados. Além disso, a alta ingestão de remédios, como os antibióticos, causa danos no nosso aparelho digestivo, que vão além dos dias em que a pessoa ingeriu os comprimidos. Dessa forma, o consumo de fermentados tem como objetivo reorganizar os seres vivos que habitam em nós.

Ao chegarem no órgão, as bactérias e os ácidos estomacais liberam enzimas que ajudam na digestão, facilitando o processo de eliminação de toxinas, extração e absorção de nutrientes, proteção contra infecções, redução do inchaço e emissão de hormônios, que atuam em diferentes campos, como as emoções.

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As garrafas de kombuchá de chá-mate com café e chimarrão com erva-doce (Foto: Divulgação)

As garrafas de kombuchá de chá-mate com café e chimarrão com erva-doce (Foto Divulgação)

Mas, nem tudo são flores

Os microrganismos que "nascem" dentro dos alimentos diferem entre si. Por exemplo, ainda segundo o estudo citado acima, alguns fungos encontrados em legumes e vegetais em conserva (os famosos picles) podem aumentar a produção de compostos nitrosos, com propriedades carcinogênicas, que podem estimular o desenvolvimento do câncer.

Com as carnes e peixes a situação pode pender para os dois lados. Compostos como agmatina e poliaminas (derivados de aminácidos) presentes nas versões fermentadas podem trazer benefícios ao cérebro quando consumidas em uma quantidade equilibrada. Porém, o excesso pode causar desrregulagens no organismo.

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Como introduzir fermentados na dieta

Você não precisa sair comprando todos os kombuchas que vê pela frente, porém eles são bebidas que podem acompanhar um almoço ou servir de lanche da tarde. Já o kefir pode ser incluído na ceia, antes de dormir, acompanhado de frutas como mirtilo e morango, que têm poderes antioxidantes. O vinho também faz parte da lista de fermentados que podem trazer benefícios, mas não ultrapasse de uma taça por dia.

Enquanto isso, o tempeh, produto da soja fermentada, pode ser consumido como proteína vegetal. O preparo mais comum é o grelhado. Caso esteja com dificuldade de encontrá-lo, procure em mercados orientais, uma vez que é um tipo de alimento muito comum na Ásia.

Lembrando que não é necessário ingerir fermentados em todas as refeições. Para quantidades mais específicas, o ideal é consultar um nutricionista.