Por Nicolás Satriano, G1 Rio


Elisa Frota Pêssoa foi uma das fundadoras do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas — Foto: Arquivo pessoal

Considerada uma das pioneiras da física brasileira, Elisa Esther Maia Frota Pessôa morreu na noite desta sexta-feira (28), aos 97 anos, no Rio de Janeiro. Elisa estava internada há 15 dias no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul da cidade, com pneumonia.

Membro-fundadora do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), instituição hoje ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Elisa decidiu seguir os rumos da ciência numa época em que as mulheres ainda eram excluídas do meio acadêmico.

"Na época da mamãe, o que se esperava de uma mulher era que se casasse, criasse os filhos, cuidasse da casa e do marido (...) Minha mãe quebrou esse parâmetros e se tornou uma pessoa competente, uma profissional interessada, com ideias próprias e idependente financeiramente", contou a filha e também física, Sônia Frota Pessôa, de 76 anos.

Nascida em 17 de janeiro de 1921, Elisa decidiu seguir a carreira como física experimental ao se formar, em 1942, na Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), que mais tarde seria a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ao lado de Sonja Ashauer, Elisa é considerada a segunda mulher no Brasil a se graduar em Física.

Ainda no curso de graduação, a futura cientista, aos 18 anos, se casou com professor Osvaldo Frota Pessôa, com quem teve Sônia e o cirurgião geral Roberto Frota Pessôa, de 74 anos. Para o médico, a mãe foi quem o inspirou a seguir na carreira - um "guia", como ele mesmo diz.

"Certamente que ela teve uma grande influência na minha carreira profissional, embora eu, sendo médico, estivesse exercendo alguma coisa bem diferente do que Física, mas o exemplo dela foi um guia muito importante em termos de honestidade, de caráter, em termos de coragem para vencer os obstáculos... Para mim, ela foi uma grande inspiração. "

Dois anos após se formar, em 1944, Elisa foi contratada para das aulas da FNFi. Já em 1965, a física se juntou a outros acadêmicos para trabalhar na Universidade de Brasília. Quatro anos depois, foi aposentada compulsoriamente pelo regime militar, um ano após a decretação do Ato Institucional Número Cinco (AI-5), quando dava aulas na Universidade de São Paulo (USP).

Elisa trabalhou em universidades da Europa e dos Estados Unidos, além de contribuir para a formação de dezenas de físicos brasileiros.

Além dos filhos Sônia e Roberto, Elisa deixa cinco netas, nove bisnetos e um trineto, que deve nascer nos próximos meses.

O velório da cientista ocorrerá neste sábado (29), a partir das 11h, na capela 2 do Cemitério Vertical da Penitência, no Caju, Zona Norte.

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