Por G1 SP — São Paulo


Doria diz que pode adotar o lockdown, se for necessário

Doria diz que pode adotar o lockdown, se for necessário

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou nesta sexta-feira (8) o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, por não atender a solicitações de ajuda feitas pelo governo paulista em relação ao combate ao novo coronavírus no estado. 

“O ministro não atendeu ainda solicitações que foram formuladas por nós há oito dias. Já cobramos duas vezes por ofício. Espero que o ministro seja republicano como foi o seu antecessor [Luiz Henrique] Mandetta, que foi o único que nos atendeu", afirmou o governador. 

Em entrevista à GloboNews, João Doria cobrou que o governo federal e o novo ministro da Saúde repassem equipamentos, insumos e recursos adicionais ao estado de São Paulo, que é o epicentro do país em número de mortos e infectados pelo novo coronavírus. 

"O único recurso que São Paulo recebeu nos últimos 60 dias foram R$ 92 milhões que Mandetta prometeu a São Paulo e outros estados e cumpriu. Fora isso, não recebemos uma máscara, nenhum respirador, nenhum leito. Nada. Zero. Esperamos que o ministro cumpra suas obrigações”, afirmou Doria. 

O governador de São Paulo também cobrou que o ministro Nelson Teich visite o estado de São Paulo para se informar sobre a situação do combate ao Covid-19. 

"Eu elogiei a atitude do ministro de ir até Manaus visitar as vítimas. Atitude correta. Mas o ministro tem que vir até São Paulo, aqui é o epicentro desta crise", declarou. 

O G1 procurou o Ministério da Saúde para falar sobre as críticas do governador de São Paulo, mas ainda não recebeu retorno.

Nesta sexta-feira (8), o estado chegou a 3,4 mil mortes por coronavírus e 41,8 mil casos confirmados da doença. A evolução rápida da contaminação e a baixa adesão ao isolamento social fizeram com que o governador também prorrogasse a quarentena no estado até o dia 31 de maio.

Tensão por respiradores

A tensão entre o governo paulista e o Ministério da Saúde diz respeito, principalmente, ao repasse de insumos e respiradores para uso em pacientes graves que contraíram o coronavírus e estão em UTIs.

No dia 30 de abril, ao responder um questionamento do G1 sobre a compra de 3 mil respiradores da China por R$550 milhões, que está sendo investigado pelo Ministério Público do Estado e Pelo Tribunal de Contas do Estado, a Secretaria Estadual de Saúde informou que a compra foi feita como incremento da estrutura da rede hospitalar do SUS em São Paulo, já que o Ministério da Saúde comprou toda a produção nacional dos aparelhos e não repassou ao estado.

"Como o Governo Federal fez a aquisição de toda a produção nacional e, consequentemente, impediu que os estados comprassem respiradores no Brasil foi necessária a importação. Além disso, o Ministério da Saúde não deu perspectiva de entrega dos equipamentos, podendo levar até 90 dias. Para salvar a vida dos pacientes que não têm esse tempo para esperar o estado decidiu agir", afirmou a nota.

O primeiro lote desses respiradores vindos da China chegaria ao Brasil no último sábado (2), mas o governador João Doria disse em entrevista à GloboNews que a empresa chinesa não enviou esses aparelhos.

“Compramos 3 mil respiradores na China, pagamos US$ 44 milhões por esses respiradores. Não deixa de ser um absurdo. Nós acreditamos em uma empresa chinesa séria, firmamos um contrato, pagamos antecipadamente e não recebemos os respiradores até agora. A nossa orientação junto ao governo chinês foi para termos uma interferência da embaixada da China junto ao fornecedor. Em paralelo que fizemos das exigências para a entrega desses 3 mil respiradores, autorizei nosso vice-governador a buscar outras fontes para aquisição na Coreia do Sul, na Turquia e mesmo aqui no Brasil apesar das limitações", disse Doria.

O governador também bem diz que busca alternativas experimentais no país para conseguir aparelhos para os pacientes de São Paulo. Os respiradores são o maior entrave na abertura de novos leitos de UTI.

"O governo, ainda na gestão Mandeta, determinou que todos os respiradores fabricados no Brasil fosse destinados ao governo federal, nenhum estado teve acesso às empresas que produzem aqui no Brasil. Agora que determinamos que nos programas experimentais elaborados por técnicos da Poli (USP) pudessem ser acelerados com recursos do governo do estado para termos respiradores em menor escala para atender as necessidades mais emergentes. A expectativa é que o contrato seja cumprido até o fim do mês com no mínimo mil respiradores. Mas é uma luta cotidiana, outros estados e países estão tendo o mesmo problema”, afirmou Doria.

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