Por Daniel Silveira e Ricardo Abreu, G1 Rio e GloboNews


Paulo Marinho chega para prestar novo depoimento na PF do Rio

Paulo Marinho chega para prestar novo depoimento na PF do Rio

O empresário Paulo Marinho, um dos principais aliados de Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, é novamente ouvido na sede da PF do Rio nesta terça-feira (26). Acompanhado de seus advogados, ele chegou por volta das 8h40 ao local e segurava um envelope em que estava escrito “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

Na chegada, Marinho não quis falar com a imprensa, mas se comprometeu a dar alguns esclarecimentos aos jornalistas ao fim do depoimento.

Paulo Marinho presta novo depoimento nesta terça-feira (26) — Foto: Reprodução/TV Globo

Marinho afirma que o senador Flávio Bolsonaro foi avisado com antecedência sobre a deflagração da Operação Furna da Onça.

A operação, desdobramento da Lava Jato, culminou na prisão de parlamentares do estado em novembro de 2018. Foi durante essa ação que os investigadores chegaram ao nome de Fabrício Queiroz, suspeito de administrar um esquema de"rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Advogado de Flávio Bolsonaro diz que inquérito contra senador é ‘cortina de fumaça’

Advogado de Flávio Bolsonaro diz que inquérito contra senador é ‘cortina de fumaça’

Advogado de Flávio Bolsonaro

Por volta das 11h15, o advogado do senador Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, esteve na sede da PF no Rio para, segundo ele, entregar uma procuração para ter acesso ao inquérito no qual Paulo Marinho depõe.

Segundo o advogado, a denúncia de que o senador tenha tido acesso a dados sigilosos da investigação sobre a suposta rachadinha na Alerj é para "tirar o foco" e desviar a atenção do esquema de corrupção que desviou quase R$ 1 bilhão da saúde.

"Isso é mentira. Isso jamais ocorreu. O senador Flávio Bolsonaro nunca teve qualquer informação privilegiada de qualquer policial federal. Está história, esses fatos que ele [Paulo Marinho] alega e não vai ter como provar só tem um objetivo, tirar o foco do esquema do Rio de Janeiro que desviou quase R$ 800 milhões de dinheiro público, enquanto pessoas estão morrendo no Brasil, através de fraudes para compra de equipamentos para os hospitais de campanha", disse Frederick Wassef.

Advogado diz que Flávio Bolsonaro não é investigado ‘em nenhuma situação’ na PF

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O advogado deixou a sede às 12h40 e reiterou que a denúncia de Marinho antecedeu a operação para apurar os desvios na saúde como forma de se criar uma "cortina de fumaça".

"Eu vim para acompanhar o depoimento do senhor Paulo Marinho, peticionei nesse sentido ao Supremo Tribunal Federal ontem requerendo autorização para tanto. Foi indeferido o pedido. O fato é que o Flávio Bolsonaro não é investigado em nenhuma situação. Porém, eu vim protocolar uma petição no outro inquérito que fala a respeito do vazamento que nunca ocorreu e juntei a procuração e requeri cópias [dos autos do inquérito]", reafirmou Wassef.

E acrescentou:

"O senhor Paulo Marinho que aqui está hoje está falando de coisas que não existem, que jamais ocorreram e o motivo dele nessa superintendência da Polícia Federal hoje é um só, tirar o foco da atenção do escândalo no Rio de Janeiro e tentar desviar. É um mecanismo ardiloso para jogar os holofotes contra o presidente Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro", concluiu.

Inquérito sobre suposta tentativa de interferência

A Superintendência da Polícia Federal do Rio de Janeiro recebeu um pedido para envio de mais informações para o inquérito que investiga a suposta tentativa do presidente da República de interferir politicamente no órgão.

Na segunda-feira (25), a PF enviou solicitação pedindo à sede do Rio de Janeiro para que envie relatórios de produtividade do órgão entre 2017 e 2019.

Também na segunda, agentes da PF também recolheram a câmera de vídeo e os cartões de memória da reunião ministerial do dia 22 de abril, no Palácio do Planalto, para perícia. O objetivo é analisar se houve edição no material enviado ao Supremo Tribunal Federal.

O vídeo foi indicado pelo ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, como prova da tentativa de Jair Bolsonaro interferir politicamente na Polícia Federal.

A gravação mostra que o presidente reclamou algumas vezes da segurança, e falou que faltam informações da PF e do setor de Inteligência do governo.

Ainda na segunda (25), o presidente escreveu uma nota sobre a divulgação do vídeo.

Bolsonaro diz que nunca interferiu nos trabalhos da PF, que são levianas todas as afirmações em sentido contrário , e que os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitou informações a nenhum deles. E, por questão de Justiça, acredita no arquivamento natural do inquérito que motivou a divulgação do vídeo.

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