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Por Amanda Barbosa, GloboEsporte.com — Monte Azul, SP


Corpo do técnico Vadão é sepultado em Monte Azul Paulista

Corpo do técnico Vadão é sepultado em Monte Azul Paulista

O técnico Oswaldo Alvarez, o Vadão, foi sepultado nesta terça-feira pela manhã, em Monte Azul, cidade natal, com a presença de familiares e poucos amigos, por causa dos protocolos de segurança em função da pandemia do novo coronavírus. O técnico morreu no último dia 25, em São Paulo, enquanto tratava um câncer no fígado.

Os familiares estavam muito emocionados e não conseguiram falar com a imprensa. Marcelo Cardoso, presidente do Monte Azul, clube onde o treinador chegou a atuar como atleta na base, falou sobre a despedida.

- Vadão era uma pessoa bastante carismática aqui dentro de Monte Azul, todo mundo conhecia, quando tinha evento na cidade e ele estava de folga, era presença constante. É uma pessoa de uma humildade tamanha que é excepcional, um caráter de pessoa, como ser humano, como profissional, uma pessoa que deixou um legado forte aqui em Monte Azul – lamenta Cardoso

O técnico Oswaldo Alvarez, quando comandava o Guarani — Foto: Reprodução/EPTV

O presidente lembra do carinho que o treinador tinha com o clube de sua cidade e conta como foi sua última participação em uma celebração do Atlético Monte Azul.

- No fim do ano passado, o Monte Azul fez uma quermesse em prol do clube de inicio da comemoração dos 100 anos e o Vadão estava de folga aqui. Ele esteve na quermesse prestigiando, estava aparentemente muito bem, alegre, feliz, como toda vez recebendo todos muito bem, com a humildade de sempre - recordou.

Marcelo Cardoso, presidente do Monte Azul, lamenta morte do técnico Vadão — Foto: Reprodução/EPTV

Como a maioria dos jovens, Vadão quis ser jogador de futebol. Tentou em Ribeirão Preto, no Botafogo-SP, também no Guarani, isso no juvenil. Como profissional defendeu Paulista, Velo Clube e Capivariano.

E o Monte Azul não ficou fora dessa história. Antes disso tudo, ele fez base no clube de sua cidade. A passagem foi rápida, assim como a carreira de jogador. Vadão não se destacou tanto com a bola nos pés, mas o mundo do futebol não tinha acabado pro menino de Monte Azul. À beira do gramado, ele fez seu nome e se tornou um dos técnicos mais importantes do Brasil.

O primeiro grande trabalho foi a frente do Mogi Mirim, com o “carrossel caipira”. Um time inspirado na Holanda de 1974 e que revelou Rivaldo, Leto e Válber.

Vadão e Kaká São Paulo — Foto: Reprodução/Instagram

Em campinas, fez história. Foi o terceiro treinador que mais dirigiu o Guarani: 204 jogos em cinco passagens, com acesso na Série B de 2009 e vice-campeão paulista em 2012.

Comandou a Ponte Preta em quatro oportunidades. Foi líder do Brasileirão de 2005 com a Macaca. Ficou conhecido como “Mister Dérbi”, porque nunca perdeu um clássico entre os dois times. Foram nove jogos, com cinco vitórias e quatro empates.

Vadão também esteve a frente do Corinthians e do São Paulo, onde revelou Kaká. Ele fez trabalhos ainda no Criciúma-SC, Sport-PE, Goiás e Vitória-BA.

Conquistas na Seleção feminina

Vadão, seleção feminina — Foto: Rafael Ribeiro/ CBF

Em 2014, Vadão chegou à Seleção Brasileira feminina e escreveu um dos capítulos mais bonitos da carreira. Comandando Marta, Cristiane e companhia foi campeão da Copa América e do Torneio Internacional feminino, em 2014.

Venceu os jogos Pan-Americanos de 2015 e foi quarto colocado na Olimpíada do Rio, em 2016. Na segunda passagem pela Seleção, foi campeão da Copa América em 2018. O último jogo pela equipe foi a eliminação para a França, nas oitavas de fina da Copa do Mundo de 2019.

Como profissional, Vadão não jogou e nem dirigiu o time da cidade natal, mas esteve presente em um momento importante da história recente. Comentou ao lado do irmão Neto, o primeiro jogo da semifinal contra o Desportivo Brasil, na campanha do acesso à Série A-2, em 2018.

- Isso me marcou muito. Nossa comissão técnica era o Régis Angeli e o Zé Mário Crispim como auxiliar, são dois profissionais que trabalharam com o Vadão, se não me engano no Mogi Mirim, na Ponte. O Vadão, por meio do Estevão, que é um amigo muito próximo meu, parente dele, pediu para que fizesse uma confraternização pra que pudesse rever o Zé Mário e o Régis e fizemos essa confraternização. Ficamos a noite toda tomando uma cervejinha, um vinho, e aquilo ali pra mim foi uma aula, uma pós-graduação em futebol. A conversa foi a noite toda, naquele momento, naquela noite, nós pudemos aprender muito com ele - recorda o presidente do Monte Azul.

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