Por Glauco Araújo, G1 SP


Chuva em São Caetano cobre rua — Foto: João Alexandre Morais Gomes/Arquivo pessoal

O bancário João Alexandre Moraes Gomes, 35 anos, cresceu na rua Collygni, no bairro Fundação, em São Caetano do Sul, região que costumeiramente sofre os efeitos das fortes chuvas como os alagamentos. A rua ficou com quase 2 metros de água na noite de domingo (11), após um temporal provocar alagamentos e deixar ao menos 8 mortos na capital e Grande São Paulo.

Segundo ele, nos últimos 35 anos, houve 20 enchentes na rua, provocando um prejuízo de cerca de R$ 200 mil.

"Moro aqui desde pequeno, cresci nesse bairro. Ao longo da minha vida já passei por mais de 20 enchentes. A gente sempre pensa em sair daqui, mas no meu caso eu recebi a casa de herança do meu pai. A gente tem que cuidar da casa que foi dele", disse João.

João afirmou que essa foi a pior enchente que atingiu a região. "Tenho 35 anos e nunca vi enchente assim, a água atingiu mais de 2 metros de altura, é muito rápido, a sensação é de impotência, a gente conseguiu subir alguma coisa mas perdemos muita coisa", afirmou.

Rua ficou alagadas e moradores perderam móveis — Foto: João Alexandre Morais Gomes/Arquivo pessoal

Ele relatou que a família toda mora na mesma região.

"Se a gente parar para pensar, calculo um prejuízo de mais de R$200 mil com todas as enchentes. Dessa vez perdi a moto, computador, impressora, os móveis de novo, tudo que ficava na parte baixo da casa, mas já perdi carro os móveis de novo, já perdi os portões da casa e isso não tem quem ajude, tem que sair do bolso mesmo", afirmou.

João tem dois filhos de 9 e 4 anos, que, segundo ele parecem estar acostumados com essa rotina de destruição.

"Dessa vez eles ficaram mais calmos porque estavam na parte de cima da casa, mas ficaram assustados quando saímos para ajudar os bisavós deles, que moram na mesma rua", salientou.

Móveis se perderam pela chuva em São Caetano — Foto: João Alexandre Morais Gomes/Arquivo pessoal

Ele disse que não faz muito tempo que os moradores sofreram com a chuva.

"A última enchente forte aqui foi em abril de 2017. A gente não recebe ajuda do poder público, não dão nem isenção de água, luz, nada para quem sofre com as enchentes", reclama.

O bancário está cansado de reconstruir a vida toda vez que chove forte.

"Vamos recomeçar novamente tudo de novo. Pode parecer repetitivo, mas é isso mesmo, toda vez é um recomeço. Já foi muita renovação da minha vida, aqui o pessoal se reúne para ajudar os vizinhos na hora do desespero, mas é difícil".

Água da chuva deixou marca nas paredes, em quase 2 metros de altura — Foto: João Alexandre Morais Gomes/Arquivo pessoal

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