Bolsas e índices

Por Júlia Lewgoy, Valor Investe — São Paulo


Fique de olho

A aceleração da taxa básica de juros em um ponto percentual, ontem à noite, quarta-feira (4), já está no preço das ações, conforme analistas. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou a Selic de 4,25% ao ano para 5,25% ao ano. Contudo, a autoridade monetária foi mais dura em seus avisos e é essa comunicação que deve ser enfrentada pelos investidores nesta quinta-feira (5).

Para a próxima reunião, o comitê já avisou que a taxa deve avançar de novo em um ponto percentual. Além disso, o Copom afirmou que planeja agora seguir em um caminho de aperto monetário mais forte, para além do nível “neutro”. Ou seja, o juro pode subir acima dos 7% ao ano até o final de 2021, como a média dos economistas esperava antes.

“A alta de um ponto e a sinalização de nova elevação de mesma magnitude já eram esperadas, mas ao indicar que a taxa básica vai ficar acima da neutra, o BC optou por dar uma mensagem mais forte que a esperada”, disse Gabriel Fongaro, economista do banco Julius Baer no Brasil.

Saiba mais

Tudo isso para controlar a inflação: quando o Banco Central eleva a Selic, o custo do crédito aumenta, a demanda de consumo diminui e isso ajuda a controlar os preços. Após a reunião, o mercado passou a ver o juro em até 8% e a inflação em até 7,5% no fim deste ano.

Além disso, a situação do Brasil está “bem tensa”, conforme Mauro Morelli, estrategista chefe da Davos investimentos, com o crescimento das preocupações fiscais, seja devido ao gasto maior com o Bolsa Família, seja por causa da discussão de como os precatórios serão negociados. Ainda tem a CPI da Covid, que também aumenta o risco político e piora a visão do investidor internacional.

O clarão do dia deve vir do balanço da Petrobras, também divulgado ontem à noite. Em meio à valorização do petróleo e ao aumento das vendas, a companhia fechou o segundo trimestre com um lucro líquido de R$ 42,8 bilhões, depois do prejuízo de R$ 2,7 bilhões registrado em igual período do ano passado.

Próxima de atingir a sua meta de redução da dívida bruta para US$ 60 bilhões e, assim, destravar a nova fórmula de distribuição de dividendos, a empresa anunciou ontem que antecipará o pagamento de R$ 31,6 bilhões aos acionistas, relativos ao exercício de 2021. O valor, em dólares (US$ 6 bilhões), é quase o triplo da média de dividendos pagos nos últimos três anos, de US$ 2,2 bilhões.

Após a estatal petrolífera surpreender, o recibo de ação (ADR) da Petrobras disparava acima de 10% nesta manhã em Nova York, no pré-mercado. Ontem, os ADRs da companhia subiram 13,47%.

Agenda

A reunião do Banco da Inglaterra é o destaque da quinta-feira. A instituição comunica, às 8h, a sua decisão de política monetária, com a taxa de referência atualmente em 0,1% ao ano. A expectativa é de manutenção.

Além disso, às 9h30, os Estados Unidos divulgam o número de novos pedidos de seguro-desemprego solicitados na semana até 31 de julho. Às 11h, um dos conselheiros do Federal Reserve (Fed), Christopher Waller, profere palestra.

Na agenda de balanços brasileiros, estão previstos para hoje, após o fechamento do mercado, os resultados do segundo trimestre de: BK Brasil, Cia. Hering, Eneva, Engie, JHSF, Ouro Fino, São Carlos, Tenda, Tupy e Unicasa.

Bolsas internacionais

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única, pressionadas pelos temores continuados em torno da disseminação da variante delta da covid-19 na China, mas sem um catalisador para dar direcionamento claro às ações.

O índice Nikkei, referência da bolsa de Tóquio, fechou em alta de 0,52%, recebendo suporte de altas das ações de seguradoras e transportadoras no Japão. O Kospi, índice de referência da bolsa de Seul, recuou 0,13%. Em Hong Kong, o índice Hang Seng fechou em queda de 0,84%. Na China continental, o Xangai Composto recuou 0,31%, enquanto o Shenzhen Composto avançou 1,72%.

A China fechou comunidades residenciais, suspendeu voos e viagens de trem, além de ordenar testes de covid-19 em massa em Wuhan, a cidade em que a doença foi detectada pela primeira vez, no fim de 2019. Embora os números da China sejam pequenos, se comparados com surtos da doença em outros lugares, as suas estratégias de contenção e o seu impacto sobre a segunda maior economia do mundo estão sendo observados com cautela.

As bolsas europeias avançavam cautelosamente nesta manhã, com os investidores digerindo mais lucros corporativos e aguardando uma importante decisão de política monetária do Banco da Inglaterra. Os indicadores de ações futuros dos Estados Unidos também tinham leve alta nesta manhã, com Wall Street parecendo melhorar em uma semana mista.

Empresas

  • O fim da paralisação dos trabalhadores da Vale em Sudbury permitirá à empresa aproveitar o atual bom momento das cotações internacionais do níquel e do cobre, dois metais básicos que tiveram a produção interrompida na região canadense devido à greve. Os trabalhadores locais da mineradora estavam parados desde 1º de junho, quando decidiram não aceitar a proposta da empresa para o acordo coletivo dos próximos cinco anos.
  • Apesar do tropeço de sua seguradora no segundo trimestre por causa da pandemia, o Bradesco vê o restante do ano mais positivo para o banco. A expectativa é que o impacto seja atenuado daqui para a frente e que a margem financeira ganhe tração. A perspectiva de melhora, porém, não foi suficiente para impulsionar as ações da instituição financeira. Os papéis caíram ontem 4,36%, para R$ 23,45, num dia também negativo para a bolsa.
  • A forte demanda por aço no país, que deve registrar seu melhor ano desde 2013, levou a Gerdau a lançar plano de expansão da usina de Ouro Branco, em Minas Gerais. Gustavo Werneck, presidente da empresa, disse que vai ampliar a oferta de aço laminado a quente e de perfis estruturais, dois produtos usados em várias aplicações industriais e na construção civil.
  • A Athena Saúde comunicou ao mercado que solicitou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a desistência do pedido de registro de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) de distribuição primária e secundária de papéis ordinários. A companhia diz que a deterioração das condições do mercado brasileiro e internacional impactaram diretamente os termos e as condições da oferta pretendida.

(Com Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor)

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