Política Lava-Jato

PF faz buscas em endereços ligados ao senador Ciro Nogueira, presidente do PP

Ação foi autorizada pela ministra Rosa Weber (STF) e investiga supostos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo
O senador Ciro Nogueira (PP-PI) Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

BRASÍLIA - A Polícia Federal cumpre na manhã desta sexta-feira mandados de busca e apreensão em residências e sedes de duas empresas ligadas ao senador Ciro Nogueira (PP-PI). As medidas autorizadas pela ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), investigam os crimes de corrupção passiva e possível lavagem de dinheiro . Não há mandados a serem cumpridos no Senado.

Denominada operação “Compensação”, a ação de hoje teve como origem os depoimentos prestados por colaboradores do grupo J&F que afirmaram terem repassado cerca de R$ 43 milhões ao Partido Progressista, em pagamentos em espécie e doações oficiais, por intermédio de Ciro Nogueira, em troca de apoio político do partido na campanha eleitoral para a eleição presidencial de 2014.

No pedido enviado ao Supremo, a PGR explica que, segundo investigações preliminares, parte da propina paga ao partido do parlamentar foi viabilizada por meio de doações oficiais – simuladas - e outra parte no valor de R$ 5 milhões foi paga em espécie por meio de uma pessoa ligada ao senador.

Agentes cumprem, no total, sete mandados de busca e apreensão nas cidades de Teresina (PI), Brasília e São Paulo, além de intimações para fins de depoimentos dos envolvidos.

Delatores relatam propina

De acordo com a delação do empresário Ricardo Saud, Edinho Silva, que atuou como coordenador financeiro da campanha da ex-presidente Dilma Rousseff, teria intermediado com Ciro o pagamento.

Além disso, Joesley Batista relatou ter oferecido o pagamento de R$ 8 milhões ao senador para que ele adiasse uma reunião do PP em que o partido provavelmente decidiria romper com o governo de Dilma. Segundo Joesley, houve um pagamento de R$ 500 mil em 2017 (um ano depois do impeachment), em dinheiro vivo, na casa do senador.

O PP acabou rompendo com o governo Dilma e apoiando o impeachment. Na abertura do processo, na Câmara dos Deputados, 38 deputados do partido foram favoráveis e quatro contrários. No Senado, todos os seis parlamentares — incluindo Ciro Nogueira — votaram pela abertura do processo. Já na votação definitiva do impeachment, os mesmos seis senadores foram novamente favoráveis, mas Roberto Muniz (BA) — que era suplente na época da primeira votação — foi contrário.