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Renata Souza é a primeira mulher negra a presidir a Comissão de Direitos Humanos da Alerj

Deputada do PSOL atuou como chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco
Nascida e criada no Complexo da Maré, a deputada atua na defesa dos Direitos Humanos há mais de 12 anos Foto: Divulgação
Nascida e criada no Complexo da Maré, a deputada atua na defesa dos Direitos Humanos há mais de 12 anos Foto: Divulgação

A deputada estadual Renata Souza (PSOL-RJ) é a primeira mulher negra a presidir a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Instalada para a chefia do grupo nesta terça-feira, parlamentar contará com apoio de deputados do PSL, PT, PSOL e PC do B.

— Assumir a Comissão de Direitos Humanos é mais do que o reconhecimento do trabalho que eu ajudei a construir ao longo dos últimos anos, mas o tamanho do desafio diante de um Estado que é o maior violador do direito à vida — declarou Renata na cerimônia de posse.

Foram empossados também o deputado Márcio Gualberto (PSL), Martha Rocha (PDT), Waldeck Carneiro (PT) e Carlos Minc (PSB), tendo como suplentes os deputados Enfermeira Rejane (PC do B), Flávio Serafini (PSOL), Filippe Poubel (PSL), Mônica Francisco (PSOL) e Anderson Moraes (PSL).

Nascida e criada no Complexo da Maré, a deputada, que atua na defesa dos Direitos Humanos há mais de 12 anos, reconhece o peso de representar os territórios populares na Casa.

— Quando uma mulher negra ocupa um lugar que socialmente foi negado para nós, ela representa todas as mulheres. Mães que perderam seus filhos para a violência do estado, esposas que perderam seus maridos em serviço, mães que não conseguem matricular seus filhos na escola por não ter vaga e tantas outras mulheres negras que batalham diariamente para sobreviver — comenta.

Tendo atuado como chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco, acredita que a comissão tem o objetivo de defender o direito à vida independente de classe, cor e gênero.

— Não é uma contradição defender direitos humanos e segurança pública. A polícia do Rio de Janeiro é a que mais morre e mata no país. Queremos garantir uma condição digna para o ofício do policial, que hoje não tem os seus direitos assegurados —  declara.

Segundo a deputada, a polarização política no estado do Rio de Janeiro demanda responsabilidade nas discussões para atender às demandas da segurança pública.

— O diálogo deverá ser qualificado e responsável. Encaminhando os casos de delitos para que sejam investigados e responsabilizados e não deixar o policial resolver no chão da favela — diz.

Questionada sobre o diálogo com os outros integrantes do grupo, Renata acredita que os integrantes das outras legendas poderão se surpreender positivamente.

— Acredito que a convivência pode surpreender a eles, pois teremos a oportunidade de desmistificar essa a equivocada dicotomia da defesa da vida da população e dos policiais — comenta ao relembrar que a iniciativa de assistência às famílias de policiais mortos no Rio partiu da comissão .

Criada há mais de 20 anos, a Comissão de Direitos Humanos da Alerj já foi presidida por Heloneida Studart, em 1999 pelo PT, Chico Alencar, de 2000 a 2002, pelo PT, Alessandro Molon em 2003 e de 2007 a 2008, pelo PT, Geraldo Moreira pelo PSB, entre os anos de 2004 a 2006, Marcelo Freixo, pelo PSOL, de 2009 e 2018.

*Estagiária sob supervisão de Fábio Gusmão