Rio de Janeiro

Por Alba Valéria Mendonça, G1 Rio


Terceiro carro alegórico da Mangueira lembrou o Quilombo dos Palmares — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

A Estação Primeira de Mangueira ganhou foi campeã do carnaval de 2019 no Rio de Janeiro, com o enredo “História para ninar gente grande”, apresentado pelo carnavalesco Leandro Vieira, exaltando personagens que fazem parte da História do Brasil e são pouco mencionados nos livros de história.

Carro da Mangueira na Sapucaí — Foto: Dhavid Normando/Riotur

Veja quem são os personagens citados no enredo e no samba-enredo de autoria de Deivid Domênico, Tomaz Miranda, Mama, Marcio Bola, Ronie Oliveira e Danilo Firmino, escolhido em outubro de 2018, e que recebeu nota 10 de todos os julgadores.

  • Leci Brandão: cantora, compositora e política, primeira mulher a integrar a ala de compositores da Mangueira e até hoje uma das maiores defensoras do samba.
  • Jamelão: engraxate e vendedor de jornais, José Bispo Clementino dos Santos ficou conhecido como Jamelão e começou a interpretar os sambas Mangueira em 1949, sendo a primeira voz da escola de samba de 1952 a 2006. O cantor morreu em 2008.
  • Dandara: mulher de Zumbi dos Palmares, a maior comunidade de escravos fugidos do país, em Alagoas. Ao ser capturada, em 1694, se jogou de uma pedreira para não voltar à condição de escrava. Teve três filhos com Zumbi.
  • Aqualtune: princesa africana, filha de um rei do Congo, que ao ser trazida para o Brasil, foi escravizada. Mãe de Ganga Zumba e avó de Zumbi, tinha conhecimentos políticos, organizacionais e de estratégia de guerra e foi fundamental na consolidação do Estado Negro, a República de Palmares.
  • Cariri: índios que reuniam diversas etnias que ocupavam uma grande área no Nordeste. Eles se organizaram em uma confederação e foram chamados de bárbaros.
  • Cunhambebe: líder indígena dos tupinambás que, no século 16, esteve à frente da Confederação dos Tamoios, revolta dos indígenas contra os colonizadores portugueses entre 1554 e 1567.
  • Caboclos de julho: força que expulsou as tropas portuguesas em 1823, na independência da Bahia, em 2 de julho.
  • Dragão do Mar de Aracati: ou Chico da Matilde, apelidos do jangadeiro cearense Francisco José do Nascimento, que conseguiu a libertação dos escravos no Ceará quatro anos antes da assinatura da Lei Áurea.
  • Sepé Tiaraju: guerreiro indígena brasileiro, considerado santo popular e declarado "herói guarani missioneiro rio-grandense" por lei. Chefe indígena dos Sete Povos das Missões, liderou uma rebelião contra o Tratado de Madri, de desocupação da região.
  • Luísa Mahin: ex-escrava de origem africana que, radicada no Brasil, tomou parte na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos, como a Revolta dos Malês, na Bahia nas primeiras décadas do século 19.
  • Malê: era o termo usado no Brasil, no século 19, para designar os negros muçulmanos que sabiam ler e escrever em língua árabe. Notabilizaram-se pela Revolta dos Malês, que ocorreu em 1835, na Bahia.
  • José Piolho: líder do Quilombo do Piolho, no Mato Grosso, que na segunda metade do século 18, reuniu negros nascidos na África e no Brasil, índios, brancos e cafuzos (mestiços nascidos da união de negros e índios).
  • Tereza de Benguela: foi mulher de José Piolho. Ela se torna a rainha do Quilombo Quariterêre após a morte do marido. Sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por 20 anos, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído.
  • Esperança Garcia: considerada a primeira mulher negra advogada do Piauí. Em 1770, Esperança enviou uma petição ao então presidente da Província de São José do Piauí, Gonçalo Lourenço Botelho de Castro, onde denunciava maus-tratos e abusos físicos contra ela e o filho, pelo feitor da fazenda onde era cativa.
  • Manoel Congo: líder da maior rebelião de escravos do Vale do Paraíba. A revolta ocorreu na cidade de Paty do Alferes, sul do Rio de Janeiro. Manuel foi capturado e morreu enforcado em 1838.
  • Marianna Crioula: escrava nascida no Brasil. Era costureira e mucama da mulher do capitão-mor Manuel Francisco Xavier. Foi descrita como sendo a "preta de estimação" e uma das escravas mais dóceis e confiáveis. Se uniu a Manoel Congo na fuga de cerca de 300 escravos. Foi levada a julgamento e depois de ser absolvida foi obrigada a assistir à execução pública de Manoel Congo.
  • Acotirene: teria sido a primeira a chegar ao Quilombo dos Palmares, antes de Ganga Zumba assumir o poder. Era conselheira dos primeiros negros refugiados na Cerca Real dos Macacos – Serra da Barriga.
  • Carolina de Jesus: escritora brasileira, conhecida por seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, publicado em 1960. É considerada uma das primeiras e mais importantes escritoras negras do Brasil.
  • Aleijadinho: Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido como Aleijadinho, foi um importante escultor, entalhador e arquiteto do Brasil colonial.
  • Marielle Franco: nascida na Favela da Maré, na Zona Norte do Rio. Cursou uma universidade e se elegeu vereadora pelo PSOL, em 2016. Combativa, defendia as causas das mulheres, dos negros e dos moradores das favelas. Marielle foi assassinada em 14 de março de 2018.

Leci Brandão é destaque em elemento alegórico da Mangueira — Foto: Rodrigo Gorosito/G1

Oito meses depois do assassinato de Marielle e Anderson, PF entra no caso — Foto: Reprodução/JN

Negra, mãe e moradora de favela, Carolina Maria de Jesus inspira mulheres ao longo das gerações — Foto: Arquivo/Reprodução

Tereza de Benguela — Foto: Divulgação

A rainha da bateria da Mangueira, Evelyn Bastos, representou a advogada Esperança Garcia — Foto: Marcos Serra Lima/G1

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