• Paulo Gratão
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Artesanato com palha de carnaúba (Foto: Divulgação)

Artesanato com palha de carnaúba (Foto: Divulgação)

Cerca de 55 artesãs e empreendedoras de Tabuleiro do Luna, povoado de Itaçaiba, no Ceará, mantêm a tradição do trabalho manual com palha de carnaúba – árvore-símbolo do estado. Elas atuam na Casa Paba, iniciativa que tem a mentoria da designer Amanda Medrado. Boa parte dos produtos são vendidos pela marca de Amanda, que tem presença dentro e fora do Brasil.

Amanda conta que fez carreira em diversas empresas de moda, como Animale e Le Lis Blanc, antes de fundar a marca que leva o seu nome. Desde o início, tinha o objetivo de levar as artes trançadas de palha para outros países e fortalecer a cultura local. Antes da pandemia, a produção tinha em vista duas semanas de moda, na Espanha e na Itália. Os eventos traziam 90% das vendas, mas os pedidos foram suspensos.

O artesanato foi uma das principais atividades atingidas pela pandemia do novo coronavírus. De acordo com o Sebrae, a queda de faturamento no setor chegou a ser de 70% em março e 68% em maio.

Até então, a principal linha de produtos feita pela Casa Paba era a de uso pessoal, como bolsas. Cada uma é feita individualmente. Com a quarentena, e boa parte das pessoas em casa, os pedidos reduziram e Amanda precisou pensar em uma maneira de dar continuidade à renda das artesãs, mesmo com o distanciamento social.

A partir de análises de mercado, ela viu a oportunidade de adiantar os planos de uma linha de utensílios para o lar, chamada de Home, com itens como cestos, sousplat e porta-guardanapos, para gerar renda para a comunidade no Dia das Mães. “Foi um sucesso. Não conseguimos atender tantos pedidos que chegaram. A linha superou nossas expectativas e vai continuar crescendo”, conta.

Amanda Medrado (à direita) com artesãs da Casa Paba (Foto: Divulgação)

Amanda Medrado (à direita) com artesãs da Casa Paba (Foto: Divulgação)

A divulgação foi feita com o apoio de algumas influencers locais e também com posts dos próprios consumidores em redes sociais. Até o Dia das Mães, foram vendidos cerca de 120 itens. Em todo o mês de maio, 220 peças da linha Home foram comercializados.

Atualmente, a nova linha, com produtos e kits que custam entre R$ 300 e R$ 800, representa cerca de 60% do faturamento das artesãs nos pedidos nacionais e também deve entrar no circuito de internacionalização, após a pandemia.

As mulheres participam de todas as etapas do processo, desde tingimento, secagem, costura, trança e trama e customização até compras, gestão de estoque, gestão da produção e administração da Casa Paba. “Temos senhoras que são artesãs desde os 10 anos de idade, é muito forte na cultura local", conta Amanda.

Linha Home salvou os negócios de Amanda Medrado e da Casa Paba (Foto: Divulgação)

Linha Home salvou os negócios de Amanda Medrado e da Casa Paba (Foto: Divulgação)

O sucesso da linha Home fez com que novos consumidores passassem a conhecer os produtos da marca Amanda Medrado, e também novas propostas de parceria surgissem. Atualmente 90% dos produtos feitos pelo projeto são vendidos no site de Amanda, mas também há encomendas para outras empresas, sob supervisão da designer.

“Afirmo hoje, mais do que nunca, que a agilidade em mudar e principalmente, adaptar-se ao novo cenário rapidamente foi a decisão mais acertada.” De acordo com ela, a nova linha salvou a própria empresa e também ajudou a manter a comunidade de artesãs e empreendedoras da Casa Paba.