Brasil

Novo ministro diz que sofreu perseguição de 'comunistas da Unifesp', onde dá aula

Para combatê-los, diz ele, a solução são as lições do guru de direita Olavo de Carvalho
O novo ministro Abraham Weintraub Foto: Divulgação
O novo ministro Abraham Weintraub Foto: Divulgação

SÃO PAULO  - O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, avalia que sofre perseguição da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde dá aula de Ciências Contábeis, por, segundo ele, ter embarcado no projeto político do presidente Jair Bolsonaro. Essa perseguição seria, ainda em sua própria avaliação, promovida por comunistas que atuam dentro da instituição. Para combatê-los, diz ele, a solução são as lições de Olavo de Carvalho, conhecido como guru do bolsonarismo.

PERFIL: Quem é o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub

Abraham e seu irmão, Arthur, são professores do campus de Osasco da Unifesp e e embarcaram juntos no apoio a Bolsonaro.

Os centros acadêmicos chegaram a divulgar nota de repúdio aos irmãos quando Bolsonaro, em novembro de 2017, publicou nas redes sociais um texto de autoria deles em defesa da independência do Banco Central.

Na nota, os estudantes repudiavam "a associação de nosso corpo docente à pessoa do senhor Jair Bolsonaro, já que coloca em jogo o princípio da instituição, e de nossos valores em defesa da educação pública, gratuita e socialmente referenciada".

Além de darem aula na mesma universidade, os dois irmãos também atuam juntos no Centro de Estudos em Seguridade (CES). Arthur é presidente e Abraham, diretor executivo. No ano passado, a Unifesp chegou a abrir uma sindicância para investigar o uso indevido do logo da universidade pela CES. Na home page do centro há um link para o site da Unifesp.

Procurada, a Unifesp informou apenas que não há "procedimento aberto sobre o assunto".

Em seu site, o CES oferece consultorias e treinamento e se apresenta como "uma associação civil sem fins lucrativos fundada por professores dos cursos de Atuária e Contabilidade da Uinfesp, que tem como missão a excelência científica e técnica em Seguridade".

Na Cúpula Conservadora das Américas, realizada em dezembro do ano passado, em Foz do Iguaçu, os irmãos deram uma palestra juntos. Nela, o novo ministro reforça ataques aos "comunistas (que) estão no topo do país, donos das organizações financeiras, dos jornais e dos monopólios".

- A gente não chegou nessa situação (de domínio dos comunistas) porque os comunistas são pobres - disse ele, à época, quando ainda orientou quem estava na plateia a xingar comunistas que não concordem com eles.