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Rio Coronavírus

Zonas Norte e Oeste do Rio concentram maior taxa de contaminação por coronavírus, aponta estudo; veja

Levantamento do Instituto d'Or analisou 24 mil testes de Covid-19 na capital; desses, 14% foram positivos
Em Madureira, na Zona Norte, volta do Mercadão juntou muita gente esta semana. Muito perto dali, em Vaz Lobo, taxa de contaminação pelo coronavírus é de 35,71% Foto: Luiza Moraes / Agência O Globo
Em Madureira, na Zona Norte, volta do Mercadão juntou muita gente esta semana. Muito perto dali, em Vaz Lobo, taxa de contaminação pelo coronavírus é de 35,71% Foto: Luiza Moraes / Agência O Globo

RIO — Um levantamento feito pelo Instituto d’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) em parceria com a empresa Zoox Smart Data apontou que bairros das Zonas Norte e Oeste do Rio têm maior concentração de resultados positivos para Covid-19. O estudo se baseou em 24.485 exames realizados na capital desde o final de abril até a última segunda-feira. Enquanto Copacabana, campeã no número de casos de coronavírus, tem cerca de um resultado positivo para cada dez testes, locais como Barros Filho registram a impressionante marca de uma confirmação a cada dois.

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No bairro da Zona Norte, que possui nove óbitos por Covid confirmados, o índice de contaminação é de 54,29%. Ou seja, mais da metade dos moradores que tiveram seus exames analisados pelo estudo testaram positivo para o novo coronavírus. Além de Barros Filho, outros bairros da região também apresentam as maiores taxas de contaminação da cidade: Engenheiro Leal (40%), Colégio (35,9%), Vaz Lobo (35,71%) e Guadalupe (33,3%). Completam a lista Pedra de Guaratiba (35,71%) e Senador Camará (35,04%), na Zona Oeste. Todos eles registram médias muito superiores que a da capital, que é de 13,9%, com 3394 resultados positivos.

Na Zona Sul, a maior taxa de contaminação é encontrada no Flamengo, onde 17,4% dos testes para Covid-19 analisados pelo estudo resultaram positivo. Em Copacabana, que lidera o ranking da prefeitura de casos confirmados de coronavírus, com 1979 infectados, a taxa é de 10,16%. Na Lagoa, é de apenas 1,83%.

O estudo foi realizado a partir de testes para a Covid-19 feitos com usuários do aplicativo gratuito Dados do Bem, também desenvolvido pelo IDOR em parceria com a Zoox Smart Data, que disponibiliza um questionário de autoavaliação quanto aos sintomas da doença. Uma amostragem das pessoas cujas respostas apontarem para uma alta probabilidade de infecção é, então, selecionada para fazer o teste rápido, em tendas montadas pela cidade e também em outros municípios, como Duque de Caxias e Niterói.

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Coordenador do projeto, o pesquisador da Fiocruz Fernando Bozza chama a atenção para a discrepância entre o índice de resultados positivos nas diferentes zonas da cidade, que pode sugerir que a população de bairros menos abastados está mais suscetível à doença.

— Não podemos afirmar exatamente quais fatores influenciam nisso, mas temos a adesão ao isolamento social, por exemplo, que não ocorreu da mesma forma em todas as regiões por vários motivos. As comunidades mais ricas têm mais oportunidades de fazer home office, as mais pobres saem mais para trabalhar. Há também o número de pessoas que habitam a mesma casa. Os dados demonstram que a epidemia não se distribui igualmente pela cidade, mas acompanha e afeta mais essas regiões mais periféricas — explica.

Além da capital, outros 31 municípios também foram analisados. Os maiores índices de contaminação por coronavírus concentram-se na Baixada Fluminense, encabeçados por Queimados, onde um a cada três testes é positivo. Em seguida, vêm Belford Roxo (28,1%), Magé (25,7%), São Gonçalo (25,4%), Nilópolis (25%), Duque de Caxias (23%), São João de Meriti (21,7%), Nova Iguaçu (19,4%) e Mesquita (18,4%). A capital ocupa o décimo lugar no estado.