ISTAMBUL e ANCARA – Os candidatos a prefeito do AKP, partido do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, ainda estão atrás na disputa pelos governos de Istambul e Ancara, as principais cidades do país, onde continua a recontagem parcial dos votos das eleições do último domingo. Caso se confirmem as derrotas, será o primeiro grande revés eleitoral de Erdogan em uma década e meia no poder, antes como primeiro-ministro e agora como chefe de Estado.
Segundo o candidato do partido opositor CHP em Istambul, Ekrem Imamoglu, mesmo após a recontagem dos votos inicialmente considerados inválidos em 17 dos 39 distritos da cidade, sua vantagem sobre o rival Binali Yildirim, ex-primeiro-ministro e amigo de Erdogan, está em 18.742 votos e não deverá mudar muito com o prosseguimento dos trabalhos. Os resultados iniciais da eleição, no entanto, lhe davam uma margem superior, de cerca de 25 mil votos, mas ainda assim muito pequena para uma cidade de mais de 15 milhões de habitantes.
— Pelo que vejo, isso deve acabar no fim de semana — disse Imamoglu à emissora local da rede americana Fox. — Vai ficar na faixa dos 18 mil a 20 mil (votos). São números muito apertados.
Na quarta-feira, o Alto Comitê Eleitoral da Turquia (YSK), a pedido do AKP, determinou a recontagem dos votos considerados inválidos em 15 distritos de Istambul, e de todos votos em outros três. Segundo o AKP, só os votos invalidados somam mais de 300 mil nestes distritos, dos quais seis originalmente deram a vitória ao CHP, um aos nacionalistas do MHP e o restante ao partido do presidente. De acordo com Imamoglu, tanto ele quanto Yildirim estão ganhando votos no processo.
Em Ancara o cenário é similar. Lá, o YSK determinou a recontagem dos votos em 11 dos 25 distritos, com os trabalhos ainda dando a vitória ao candidato da oposição, Mansur Yavas, sobre seu rival do AKP, Mehmet Ozhaseki. Diante dos resultados das recontagens até agora, o AKP solicitou ao YSK uma revisão geral de todos os votos tanto na capital quanto em Istambul.
Enquanto isso, Erdogan reagiu às prováveis derrotas pela primeira vez desde o pleito de domingo. Segundo o presidente, mesmo não elegendo os prefeitos, seu partido ganhou a maioria dos assentos nos conselhos municipais das duas cidades, alertando que a oposição não vai poder governá-las como quiser.
— Por onde passam as decisões em questões locais, imobiliárias e de orçamento? Pelos conselhos. Você não pode ir e dizer “eu sou o prefeito, formarei o conselho que quero” — destacou. — Se um prefeito não tem a maioria (no conselho municipal), ele não pode formar as comissões e ditar o orçamento como quiser.