Finanças
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Estevão Taiar, Mariana Ribeiro e Alex Ribeiro, Valor — Brasília e São Paulo


As medidas de liberação de liquidez adotadas recentemente pelo Banco Central (BC) têm impacto de R$ 1,2 trilhão, segundo apresentação do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto. Essa quantia é equivalente a 16,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Para efeito de comparação, na crise financeira de 2008 o impacto foi de R$ 117 bilhões (3,5% do PIB).

Segundo ele, o BC prepara outras medidas para combater os impactos econômicos da pandemia do coronavírus, direcionadas a três frentes: empréstimos com lastro em letras financeiras garantidas por operações de crédito; novas liberações de depósitos compulsórios e estudo de meios para que os recursos cheguem às pequenas e médias empresas - evitando que elas enfrentem “dificuldades, sem ter fluxo de caixa”.

O BC, que nesta manhã anunciou a redução do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo de 25% para 17%, não detalhou quanto mais poderia ser liberado. No entanto, Campos Neto garantiu que o sistema está “bem provisionado, com boa liquidez e capital sobrando”. Ele frisou que há grande incerteza no cenário econômico mundial e que a autoridade monetária tem de ter condições de fornecer liquidez para todo o sistema atravessar esse momento.

Esforço dos governos para conter crise não afasta pânico dos mercados

Esforço dos governos para conter crise não afasta pânico dos mercados

Na apresentação, o BC destaca: "Não hesitaremos em usar todo o arsenal disponível para assegurar a estabilidade financeira e o bom funcionamento dos mercados, e assim apoiar o funcionamento da economia brasileira".

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a autoridade monetária fez a maior liberação de compulsórios já adotada.

Ao explicar as novas medidas, Campos disse que o Depósito a Prazo com Garantias Especiais (DPGE) já foi adotado no passado e agora vai permitir um aumento de concessão de crédito de R$ 200 bilhões. Enfatizou ainda que será uma ação mais poderosa do que em 2009.

O presidente disse também que a flexibilização das regras da LCA gera potencial de R$ 2,2 bilhões de liquidez e que o empréstimo com lastro em debêntures tem potencial de liberação de R$ 90 bilhões. Explicou ainda que o BC fará uma ampliação do limite de letras financeiras de emissão própria, aumentando o volume de recompras de 5% para 20%, com potencial de recompra de R$ 30 bilhões.

Explicou também ter medida de não dedução do efeito tributário de overhedge de investimentos em participações no exterior, com folga de R$ 46 bilhões de capital e potencial de R$ 520 bilhões para concessão.

O presidente do BC afirmou que a autoridade monetária está olhando “setor a setor” para ver onde atuar e mitigar os efeitos da crise, citando os desdobramentos da pandemia em outros países. Na China, apontou ele, inicialmente, esperava-se um grande efeito na produção industrial chinesa, mas houve também muito impacto sobre os serviços. “Nos Estados Unidos, vemos um aumento de pedidos no seguro-desemprego". No Brasil, destacou o cancelamento de passagens áereas. “É um indicador de que a área de serviço foi afetada”, disse.

Campos Neto disse que um dos principais objetivos da autoridade monetária é manter a racionalidade do mercado. De acordo com ele, o “componente preço é importante”. “Tem que evitar potencial desorganização em que preços podem perder referência”.

Campos Neto destacou que o apetite de risco de investidores teve queda profunda e que presenciamos o “fly to quality”, ou seja, grande saída de dinheiro de mercados emergentes. “As reações de governos também têm indicado o grau de gravidade e incerteza”, disse completando que as turbulências financeiras vão estar conosco “por muito tempo”.

O presidente disse ainda que a crise mundial “veio em ondas”. A primeira ficou localizada na Ásia e houve entendimento de que a economia brasileira, por ser fechada, seria menos afetada. Na segunda onda, houve a visão de que o processo de distanciamento social impactaria fortemente os serviços. Campos Neto destacou que, no caso do Brasil, os serviços representam 60% do Produto Interno Bruto (PIB).

Ele destacou que as incertezas têm afetado o padrão de consumo e que no mundo empresarial “não é diferente”. “Pequenas e médias empresas têm incerteza de quanto tempo vão ter que navegar na crise. Estão em busca por liquidez”, colocou. Destacou ainda a alta do spread, que, na última semana, tem subido “de forma exagerada”.

Mais recente Próxima Pandemia terá efeito significativo na atividade global, aponta BC

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Assim como o relator, Dino foi indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Flávio Dino acompanha Zanin e vota para suspender prorrogação da desoneração da folha

Investidores calibram suas apostas para a política monetária no Brasil e nos EUA

Dólar e juros futuros recuam e Ibovespa sobe após IPCA-15 abaixo das projeções e inflação PCE nos EUA em linha

"Se hoje existe alguma distorção que gera vantagem competitiva para planos de saúde coletivos em detrimento de planos individuais, isso vai desaparecer", afirmou o secretário

Appy: Polêmica sobre plano de saúde não gerar crédito para empresas é tempestade em copo d'água

A bolsa londrina mais uma vez foi destaque, renovando recordes intradiários

Impulsionadas por balanços, bolsas da Europa sobem e fecham a semana em alta

Executivos do setor questionam a atuação do governo em duas entidades de cunho privado, ainda que a União possa indicar nomes para os respectivos comandos

Interferência nas indicações para ONS e CCEE colocam governo e setor elétrico em rota de colisão

“Vimos uma acelerada grande do mercado de embalagens desde o fim de ano passado e isso se manteve no primeiro trimestre", afirma o diretor de embalagens da companhia, Douglas Dalmasi

Klabin acompanhará crescimento do mercado de papelão ondulado em 2024, diz executivo

Esse bom momento da demanda na Europa, América Latina e nos Estados Unidos, contudo, destoa da dinâmica na China, pondera diretor comercial de celulose da companhia, Alexandre Nicolini

Demanda por celulose de fibra curta está acima do que a Klabin pode entregar no momento, diz diretor

O chefe da autoridade monetária ressaltou que deseja fazer a transição mais suave possível e que ele apoiou a lei de autonomia que diz a escolha de seu sucessor é do governo.

Campos Neto: 'Este governo está tendo que conviver com um presidente do BC que não foi indicado por ele'

Banco central anunciou que planeia oferecer às empresas o mesmo tipo de títulos denominados em dólares

Argentina facilitará remessas em passo para liberar câmbio