18/03/2015 21h58 - Atualizado em 18/03/2015 22h49

Empresa de Dirceu recebeu mais de R$ 1 milhão de acusado na Lava Jato

Valores constam em um relatório da Receita Federal, investigado pelo MPF.
Segundo delator, empresa que fez o pagamento movimentava propinas.

Do G1 PR, com informações do Jornal Nacional

A empresa JD Consultoria, de propriedade do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, recebeu mais de R$ 1,4 milhão em pagamentos da Jamp Engenheiros Associados LTDA. Segundo o Ministério Público Federal, a Jamp pertence ao lobista Milton Pascowitch, tido como um dos operadores do esquema de propinas da Petrobras, desvendado pela Operação Lava Jato.

Os dados constam em um relatório da Receita Federal que está anexado nos autos de uma investigação sobre a JD Consultoria. O sigilo sobre os dados foi quebrado pelo juiz federal Sérgio Moro, que está julgando os processos da Lava Jato. Os valores da Jamp para a JD foram repassados em duas parcelas, em 2011 e 2012.

De acordo com o ex-gerente de serviços da Petrobras, Pedro Barusco, a Jamp era responsável por repassar dinheiro de propina pago pela construtora Engevix. O ex-diretor da empresa, Gerson Almada, disse em depoimento na terça-feira (17), que, além de pedir dinheiro para campanhas do PT, Pascowitch intermediou o pagamento de propinas entre a Engevix e a diretoria de Serviços da Petrobras.

Em fevereiro, antes das acusações de Gerson Almada, Pascowitch negou à Polícia Federal que tenha atuado como operador financeiro para o pagamento de propinas em contratos firmados com a Petrobras. Contudo, ele admitiu que foi procurado por João Vaccari Neto, para buscar doadores para o Partido dos Trabalhadores.

 

Ainda de acordo com o relatório da Receita Federal, a empresa de José Dirceu recebeu dinheiro de cinco empreiteiras investigadas na Lava Jato. Somados, os valores chegam a quase R$ 8 milhões. No caso da Engevix, Almada afirmou ter contratado a JD Consultoria, mas o serviço era para a prospecção de novos negócios em Cuba e no Peru. Todos os pagamentos são alvo de investigação.

O PT e o tesoureiro João Vaccari voltaram a dizer que todas as doações ao partido foram feitas de acordo com a legislação eleitoral. A empresa JD declarou que os contratos com as construtoras não têm qualquer relação com os contratos da Petrobras investigados na Lava Jato. Segundo a JD, os contratos com a Jamp foram na área de consultoria.

A empresa Jamp e o dono, Milton Pascowitch, não foram encontrados para comentar a reportagem.

Pedido de liberdade
Almada está preso na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba desde a deflagração da sétima etapa da Operação Lava Jato, há quatro meses. Depois da audiência desta terça, a defesa protocolou um pedido de revogação da prisão preventiva. Dentre as justificativas apresentadas está o fato de que o acusado veio a “confessar os fatos que a ele pertiniram no passado, de modo humilde e corajoso”.

A defesa de Almada sustenta ainda que os perigos alegados pelo Ministério Público Federal (MPF) para a prisão dele já não se justificam mais, uma vez que a Engevix já está proibida de contratar ou participar de licitações da Petrobras. Além disso, os advogados garantem que Almada não exerce mais nenhum cargo na empresa, desde que renunciou à vaga no Conselho de Administração em janeiro.

Descartam, também, a possibilidade de Almada atrapalhar o andamento do processo, já que se encerrou a etapa de instrução e houve a colaboração por parte do réu e dos defensores.