Por G1


Naomi Osaka carrega tocha olímpica em Tóquio — Foto: REUTERS/Lucy Nicholson

Ativista dentro e fora das quadras, a tenista Naomi Osaka foi a escolhida para acender a pira olímpica dos Jogos de Tóquio. Esse gesto traz à tona a importância da representatividade e de ações contra o racismo durante o evento.

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Naomi nasceu no Japão, filha de mãe japonesa e pai haitiano, mas migrou aos 3 anos para os Estados Unidos. Por ser negra e viver em outro país, ela tem sua identidade nipônica questionada muitas vezes. Apesar disso, escolheu representar seu país de origem durante os Jogos de Tóquio.

Naomi Osaka acende a pira olímpica em Tóquio — Foto: REUTERS/Mike Blake

"Antes de ser uma atleta, sou uma mulher negra". Esse é um trecho de um post de Naomi em uma rede social em agosto 2020, quando forçou o adiamento da semifinal do campeonato Western & Southern Open. Na ocasião, ela deixou uma partida em protesto contra os policiais que atiraram em Jacob Blake, acompanhando a ação de jogadores da NBA.

Blake, um homem negro, foi baleado sete vezes por policiais no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos. Ele ficou em estado grave e perdeu o movimento das pernas.

Os Jogos de Tóquio 2020 têm sido uma oportunidade para que mulheres e atletas não-brancos e seus aliados possam chamar a atenção para os temas do racismo e preconceito.

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Protesto antes da partida

Logo no início das Olimpíadas de Tóquio, houve uma manifestação de atletas: na primeira rodada de futebol feminino, cinco seleções fizeram seu protesto. Antes de começar as partidas, as jogadoras de Chile, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Suécia se ajoelharam no campo.

Jogadoras de Suécia e Estados Unidos fazem protesto antirracismo durante os Jogos de Tóquio — Foto: AFP

O gesto ficou mais popularizado após o assassinato do norte-americano George Floyd, em maio de 2020. Ele morreu após ter o pescoço pressionado pelo joelho do policial branco Derek Chauvin, em Mineápolis, por 9 minutos e 29 segundos.

A morte de Floyd desencadeou protestos pelo mundo e colocar um joelho no chão tornou-se uma forma de mostrar respeito pelos pedidos por justiça e pelo fim do racismo policial.

No domingo, a ginasta Luciana Alvarado, da Costa Rica, ergueu o punho, ajoelhada — gesto símbolo do movimento "Black Lives Matter" ao concluir a prova eliminatória de solo.

Manifestações só fora do pódio

Em abril, o Comitê Olímpico Internacional (COI) ouviu a Comissão de Atletas e decidiu flexibilizar alguns pontos sobre protestos e manifestações políticas nas Olimpíadas de Tóquio.

A flexibilização permite alguns tipos de manifestações, mas nos momentos de maior atenção do público (as cerimônias de abertura ou encerramento, durante as disputas ou no pódio) não pode haver manifestação política.

“O COI está emitindo mensagens dúbias”, diz Helen Lenskyj, professora emérita da Universidade de Toronto e autora do livro “The Olympic Games: A Critical Approach” (Os Jogos Olímpidos: uma Abordagem Crítica). Ou seja, não se sabe ao certo se os atletas que fizeram protestos serão punidos.

Para ela, atletas mais corajosos vão protestar no pódio, sim, apesar da possibilidade de penas.

Histórico dos Jogos

O combate ao racismo já foi tema de outras Olimpíadas. Naqueles jogos, 18 atletas negros concorreram pelos Estados Unidos. Um deles, Jesse Owens, foi o esportista que ganhou mais medalhas de ouro nas Olimpíadas —foram quatro.

Só o desempenho dele na competição já o tornaria famoso e importante, mas a circunstância política faz com que Owens seja um dos atletas de pista mais conhecidos de todos os tempos —em 1936, a Alemanha já era governada pelos nazistas.

Adolf Hitler já era o líder alemão naqueles jogos, e presenciou as vitórias de Owens.

O atleta morreu de câncer em 1980, aos 66 anos. Ele é um dos esportistas mais conhecidos de todos os tempos.

O primeiro protesto de atletas negros que chamou a atenção foi em 1968, na Cidade do México. quando dois atletas dos Estados Unidos, Tommie Smith (ouro) e John Carlos (bronze), levantaram os punhos no pódio durante a execução do hino do país deles.

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