Moto ficou com a parte frontal destruída após cabeleireira passar por cima de veículo em Guarujá, SP — Foto: Arquivo pessoal
Um desempregado de 39 anos foi preso após descumprir medida protetiva e se aproximar da ex-mulher, de 38, em Guarujá, no litoral de São Paulo. A cabeleireira afirmou à Polícia Civil que 'atropelou' a própria moto - veículo que ainda estava sendo utilizado pelo ex-marido - como uma tentativa de evitar que ele a perseguisse. Um dia depois, ela relata que ele foi solto.
De acordo com a Polícia Civil, a ex-mulher do rapaz tinha medida protetiva contra ele, que já vinha a perseguindo desde o término do relacionamento. A Polícia Militar atendeu a ocorrência após ser acionada pelo próprio ex-marido da vítima, informando que a cabeleireira havia quebrado a sua moto, após passar por cima dela com um carro.
"Pedi proteção à Justiça em julho do ano passado, porque ele fica agressivo quando bebe e não queria mais viver assim ou que nossas filhas vissem esse tipo de coisa. Já estávamos juntos há 18 anos", conta a mulher.
Mulher passou por cima de moto para evitar que ex-marido pudesse ir atrás dela em Guarujá, SP — Foto: Arquivo pessoal
Ele alegou aos policiais que já estava em um bar quando ela chegou, e ao sentir ciúmes de vê-la dançando, revolveu ir para o estabelecimento da frente. Ainda afirmou que logo após ele atravessar, ela foi atrás e passou por cima da motocicleta dele.
Perseguição
Já a vítima esclareceu aos policiais que estava com amigas no bar, quando o ex-companheiro chegou e insistiu que eles conversassem. Conforme relata a cabeleireira, após o ex-marido abordá-la, ela atravessou em direção ao comércio que fica do outro lado da rua.
"Passei por cima para ele não vir atrás de mim. Antes disso, ele tinha quebrado a maçaneta do carro para eu ir embora. Essa é a segunda vez que ele é preso por esse motivo e nunca respeitou a lei com relação a distância que deveria manter", explica.
O homem foi atrás dela, momento em que afirma ter decidido ir embora. Uma das amigas dela, que estava no local, confirmou a situação e informou aos policiais que essa não foi a primeira vez que ele desrespeitou a medida protetiva.
"Quando ele bebe, me ameaça. Me sinto desprotegida, é como se a lei não funcionasse. Se ele estiver armado, vai me matar e eu vou virar mais uma estatística, porque a Lei Maria da Penha não funciona", desabafa.
Caso foi registrado na Delegacia Sede de Guarujá, SP — Foto: Solange Freitas/G1
Com medo que ele a perseguisse, ela conta que pegou o veículo e passou por cima da moto. Ela também contou que eles estão separados há cerca de um ano. "Deixei a moto com ele para ver se conseguia ter paz, porque ele me procurava sempre afirmando que precisava dela", afirma.
Após o ocorrido, os dois foram encaminhados à delegacia prestar seus depoimentos. O desempregado foi preso em flagrante pelo descumprimento da medida protetiva. A moto foi devolvida a cabeleireira para apresentação no Instituto de Criminalística.
De acordo com ela, no dia seguinte ele foi liberado por audiência de custódia e voltou a procurá-la. "Hoje eu entendo porque muitas mulheres não denunciam, elas só se sentem protegidas na hora que os policiais estão lá. Um dia depois o homem é solto em audiência de custódia e pode ir direto matar a mulher", afirma.