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Antunes Filho em foto de agosto de 2018 — Foto: Werther Santana/Estadão Conteúdo

Antunes Filho, grande nome do teatro nacional, morre aos 89 anos em São Paulo

Antunes Filho, grande nome do teatro nacional, morre aos 89 anos em São Paulo

Morreu na noite desta quinta-feira (2) o diretor de teatro José Alves Antunes Filho, mais conhecido como Antunes Filho, considerado pela crítica especializada um dos principais nomes do teatro brasileiro.

"Nesta noite do dia 2 de maio o Sesc, o teatro e todo Brasil estão mais tristes. Lamentamos o falecimento do diretor de teatro Antunes Filho, aos 89 anos, no Hospital Sírio-Libanês", informou o Sesc SP no Facebook.

Antunes Filho foi internado no Hospital Sírio-Libanês, região central de São Paulo, no último dia 22, após sentir um mal-estar. Depois de passar por exames, o diretor descobriu estar com câncer de pulmão em estágio avançado.

O velório começou às 8h no Teatro Sesc Anchieta, no Sesc Consolação, e é aberto ao público. O corpo de Antunes Filho será cremado em uma cerimônia fechada na Vila Alpina, Zona Leste de São Paulo.

Confira a trajetória de Antunes Filho

Confira a trajetória de Antunes Filho

Veja o que marcou a carreira do diretor

  • Ganhou destaque e prestígio como diretor teatral ao montar "Macunaíma", baseado na obra de Mário de Andrade, em 1978
  • Criou o Centro de Pesquisa Teatral (CPT), escola de formação e grupo teatral por onde passaram importantes nomes do teatro nacional
  • Integrou o Teatro Brasileiro de Comédia entre os anos 50 e 60
  • Fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia na década de 1950
  • Produziu e dirigiu o filme "Compasso de espera", em 1973, sobre o racismo
  • Montou obras de Nelson Rodrigues e William Shakespeare

Os primeiros anos no teatro

Antunes nasceu em São Paulo, em 12 de dezembro de 1929, no tradicional bairro do Bixiga. Na juventude, chegou a entrar na Faculdade de Direito da USP, mas desistiu do curso para estudar artes dramáticas.

O diretor fez parte da primeira geração de encenadores brasileiros dissidentes do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde começou como assistente de direção em 1952. Lá, trabalhou com estrangeiros decisivos que influenciaram sua geração: Zibgniew Ziembinski, Adolfo Celi, Luciano Salce, Ruggero Jacobbi e Flaminio Bollini.

Sua estreia no no teatro foi em 1953 com a peça Week-end, de Noel Coward. Em 1958, fundou a companhia Pequeno Teatro de Comédia e dirigiu o espetáculo “O Diário de Anne Frank”, ganhando prêmios da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e da Associação Carioca de Críticos Teatrais (ACCT). Ficou na companhia até o início dos anos 1960, quando voltou ao TBC.

Sua busca pela perfeição e a disciplina dos atores dá ao diretor a fama de muito exigente.

O diretor de teatro Antunes Filho — Foto: Divulgação/Centro de Pesquisa Teatral

Em meados dos anos 1960, Antunes Filho encenou sua primeira peça de Nelson Rodrigues, “A falecida”. Anos depois, montou “Bonitinha, mas ordinária”, e adaptou “Vestido de Noiva” para uma série de teleteatro na TV Cultura.

Mas é com a sua versão de “Macunaíma”, em 1978, que sua carreira como diretor ganha o maior prestígio.

"Macunaíma inaugurou um modo de ver teatro no Brasil, uma perspectiva, uma linha de fuga do teatro que se fazia, que eu fazia. Sua importância vai desde a construção do espetáculo, colaborativa já naquela época, até o revolver do mito do herói sem caráter brasileiro", disse Antunes em entrevista de 2013.

Antunes Filho passa a conduzir o Grupo Macunaíma, que encenou mais adaptações de textos de Nelson Rodrigues, além da consagrada versão de "Romeu e Julieta" com trilha sonora com música dos Beatles, em 1984.

Última peça em cartaz

Com o apoio do Sesc, criou Centro de Pesquisa Teatral (CPT), escola de formação e grupo permanente, que dirigiu até a sua morte.

A última montagem de Filho no teatro foi a peça “Eu Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse”, texto do francês Jean-Luc Lagarce que estreou no teatro do Sesc Consolação em setembro do ano passado.

Vários atores e artistas passaram pela supervisão de Antunes. Ele influenciou nomes como Luís Melo, Giulia Gam, Alessandra Negrini, Camila Morgado, Renata Jesion, Ondina Clais Castilho, Laura Cardoso, Eva Wilma, Raul Cortez, Cacá Carvalho, Stênio Garcia, Denise Stoklos, Marco Braz, Samir Yazbek, Lee Taylor, Bete Coelho e Roberto Alvim.

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